2 de maio de 2024 03:32

A DOR TEM UM ELEMENTO EM BRANCO

Nota de pesar por Avelina Noronha

A Família LESMA chora o falecimento da escritora, acadêmica, memorialista, poeta e genealogista Avelina Maria Noronha de Almeida, ocorrido ontem (dia 25). Nascida em 1934, ano em que Queluz passou a se chamar Conselheiro Lafaiete, Avelina marca a transição de um tempo histórico.
Por ser rica, extensa e conhecida por muitos, dispensável é discorrer sobre sua biografia pois Avelina fez da vida uma grande obra. Mas, antes da intelectual, vem a pessoa: mãe, avo, bisavó e amiga que ela foi. Avelina recebia com igual carinho e atenção todos que a procuravam para ajudar numa pesquisa histórica, uma informação genealógica, emprestar um livro; ninguém saía de sua casa de mãos abanando. São centenas de pessoas que devem a Avelina Noronha uma promoção na escola, uma conclusão de graduação… Devem não; Avelina oferecia seu saber imantado com a virtude da generosidade. Era de graça mesmo!


Na produção de seu livro “Garimpando no Arquivo Jair Noronha”, nós passávamos dias inteiros com ela trabalhando, e ela era incansável, mesmo com a saúde debilitada, dificuldade de locomoção. A mente de Avelina fervilhava. Inesquecível também é como ela tratava todos como “de casa”. Fazia questão de convidar para um café com ela depois de uma prosa cultural ou poética pra lá de saborosa.
Outro aspecto que merece relevo era a evidente sinceridade da fé de Avelina Noronha, devota de Nossa Senhora da Conceição e membro da Irmandade de Santo Antônio. É com emoção que a gente se recorda de gestos devotos de Avelina: estivéssemos conversando algo banal ou trabalhando seriamente, quando ela ouvia uma sirene, parava tudo: fechava os olhos, abaixava a cabeça, fazia o sinal da cruz no rosto e rezava em silêncio. Ao ser questionada do porquê daquilo ela dizia: “Meu filho, se for ambulância, ou bombeiros, ou viatura de polícia, é sinal de que alguém está em sofrimento. Por isso eu rezo”.
Avelina Noronha era o último vértice do triângulo e último Ás de uma geração de outro da história e memorialística lafaietense que nos deixa: Allex Milagre (2009), Antônio Perdigão (2010) e Avelina Noronha (2021). Mas os três deixaram discípulos, ainda bem. E tais legados permanecem nas novas gerações de pesquisadores, escritores, poetas e artistas que foram influenciados por Avelina Noronha.
Que Deus conforme a família, os amigos, admiradores e toda sociedade lafaietense que está de luto. Vá em paz Avelina Norronha, nossa Primeira Dama da Cultura Lafaietense!

Conselheiro Lafaiete, 26 de fevereiro de 2021

Wagner José Vieira
Presidente do Grupo Lesma

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