A eficácia geral da CoronaVac é de 50,38%, informou nesta terça-feira (12) o Instituto Butantan. Isto significa que a vacina foi capaz de prevenir a infecção pelo coronavírus neste percentual entre voluntários imunizados durante os ensaios clínicos de fase 3 realizados no país.
A Anvisa e a OMS (Organização Mundial da Saúde) entendem que vacinas que apresentem eficácia de no mínimo 50% podem ser utilizadas em programas de imunização nesta pandemia diante da urgência em controlar o vírus e a incidência de quadros graves de covid-19.
Esse era um dado cobrado pela comunidade científica desde a semana passada, quando o Butantan divulgou apenas os chamados desfechos secundários, que mostravam uma eficácia de 78% a 100% na prevenção de quadros graves e moderados da doença.
A taxa de eficácia é uma probabilidade, calculada a partir da análise de pessoas que contraíram o coronavírus no grupo que recebeu a vacina em comparação com os que tomaram placebo.
O diretor médico de pesquisas clínicas do Instituto Butantan, Ricardo Palacios, explicou que o patamar menor do que outras vacinas se deu, em partes, porque os testes no Brasil foram realizados apenas em profissionais da saúde que lidavam diretamente com casos de covid-19.
“Isto não é a vida real exatamente, não é o que acontece na comunidade, o que acontece entre nós. É um teste artificial no qual selecionamentos aquela população em que a vacina poderia ser testada com a barra mais alta”, disse em apresentação nesta tarde.
Segundo Palacios, a expectativa é que a vacina “irá se comportar infinitamente melhor em níveis comunitários, ou seja, em populações em condições normais”.
Os resultados foram obtidos a partir da análise de dados de 9.252 voluntários. Destes, 4.653 tomaram a vacina e outros 4.599 receberam placebo.
No grupo da vacina, ocorreram 85 casos de covid-19 (11,74%). O grupo placebo registrou 167 pessoas com covid-19 (23,64%).
‘Não há promessa’
Dos que foram vacinados e tiveram covid-19, 78% deles apresentaram quadros leves. Não houve casos moderados ou graves. Ou seja, a eficácia contra covid-19 severa foi de 100%, embora este número ainda não tenha significância estatística, segundo o diretor do Butantan, Dimas Covas.
“Há uma tendência da vacina a diminuir a intensidade clínica da doença. Não há uma promessa de que ninguém vai morrer [de covid-19] se [for] vacinado, porque nenhuma vacina pode fazer essa promessa”, salientou Ricardo Palacios.
O pesquisador acrescentou a importância de continuar a análise dos dados de voluntários nas próximas semanas para estabelecer mais solidez em relação a esses percentuais de 78% e 100%.
O secretário estadual da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, ressaltou a importância da vacina na prevenção de hospitalizações por covid-19.
“Dados que são extremamente importantes no impacto da nossa saúde pública impedindo que as pessoas adoeçam de forma grave, impedindo que as pessoas internem nas unidades hospitalares e [as] sobrecarreguem — como nós temos visto hoje pessoas desassistidas na maior parte do país por falta de leito. E ao mesmo tempo impedindo que as pessoas deixem de morrer por uma doença como essa.”
A CoronaVac será usada, uma vez que seja aprovada pela Anvisa, no plano nacional de imunização contra covid-19, do SUS.
O Ministério da Saúde já se comprometeu com a compra de 46 milhões de doses até abril, além de uma opção de mais 52 milhões posteriormente, caso haja demanda.
O Butantan pediu autorização de uso emergencial da vacina junto à Anvisa para o uso das primeiras 6 milhões de doses. A conclusão dos técnicos deve ocorrer até domingo (17).
( Portal R7 )