Seis parentes foram feitos reféns pelo suspeito por cinco horas, e sequestro terminou após intervenção do Bope: o autor está em condicional, já tendo sido condenado a 22 anos de prisão por crimes anteriores
Depois de manter seis parentes em cárcere privado por cinco horas, e ameaçar atear fogo neles e matar uma criança de sete anos, um homem de 45 anos foi detido pela Polícia Militar (PM) na madrugada de quarta-feira (26), no bairro Jadir Marinho de Faria, em Itaúna, na região Centro-Oeste de Minas Gerais.
Foi necessária negociação com o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) para que o suspeito decidisse se entregar e libertar os reféns – tios e primos dele. Ele disse à polícia que a razão do sequestro foi uma briga por herança, e que os parentes estariam negando a ele acesso a bens e dinheiro. A família nega, e alega que o processo de inventário não foi concluído.
O homem é ex-interno do sistema prisional, e foi recém libertado do cárcere no começo do mês de maio. Em liberdade condicional, ele cumpre sentença condenatória de 22 anos pelos crimes de homicídio e furto. De acordo com a PM, ele detém largo histórico policial e, em ocasião anterior, trocou tiros com militares.
Cronologia
A ocorrência de cárcere privado começou na noite de terça-feira (25). Armado com duas facas e um pedaço de madeira, o autor de 45 anos invadiu a residência de parentes para ameaçá-los, como esclarece a capitão Layla Brunella, porta-voz da Polícia Militar (PM). “O sequestro começou às 20h30, mas, às 17h nós registramos uma outra ocorrência ligada ao suspeito. Naquela hora, ele teria proferido ameaças contra familiares, e fugiu antes da chegada da polícia. Às 20h30 ele retornou para a residência, e trancou seis familiares. Um parente, do lado de fora do imóvel, conseguiu acionar a Polícia Militar, e começaram as negociações”.
De acordo com o que foi relatado no histórico do Boletim de Ocorrência (BO), depois de chegaram ao endereço, militares passaram a observar os movimentos do suspeito pelas janelas do imóvel. Com uma das mãos ele segurava a faca, e com outra mantinha-se agarrado à criança de sete anos, que é um primo dele. Com as pernas, ele agarrava a mãe do menino. Após horas de conversa, o suspeito não se decidia por libertar os reféns. Ele, aliás, ameaçou incendiar a residência e os moradores que ali estavam.
“Como o humor do autor estava oscilando muito, e, ao mesmo tempo que ele parecia se acalmar, ele proferia mais ameaças, inclusive de atear fogo nas pessoas que estavam no interior do imóvel, os militares de Itaúna optaram por acionar o Bope”, pormenoriza a capitão Layla Brunella. A negociação com os policiais do Bope estendeu-se pelo início da madrugada de quarta-feira (26). “Às 1h10 ele decidiu se entregar, e liberou os reféns”, completa. A criança de sete anos e a mãe dela foram socorridas pelo Corpo de Bombeiros para o Hospital Manoel Gonçalves. A mulher recebeu diagnóstico de estresse pós-traumático, e permanece sob cuidados médicos.
Herança
O crime ocorreu em razão de uma briga por herança. “Segundo familiares, existe um processo de inventário na Justiça e o autor, por desconhecer os trâmites, entendeu que a demora era muito grande e que os parentes o estavam enganando, impedindo que ele acessasse valores e bens. Porém, o processo está na justiça. Por não aceitar essa situação, ele começou a proferir essas ameaças contra os parentes”, detalhou a porta-voz da Polícia Militar.
Sentenciado a 22 anos pelos crimes de homicídio e furto, e por ter trocado tiros com a PM, o suspeito de 45 anos saiu da prisão no começo do mês de maio. Ele estava em liberdade condicional. O homem foi levado à delegacia de Polícia Civil de Itaúna. Militares recolheram as duas facas usadas no crime, e o pedaço de madeira – que, segundo o BO, é o pé de uma cama. Mesmo após ter sido detido, o homem disse que pretende matar os familiares com armas de fogo quando sair da cadeia.
FONTE O TEMPO