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O ilustre Dr. Antônio Moreira de Souza e Silva e sua importância em Congonhas, Lafaiete e região

Dr. Antônio Moreira de Souza e Silva nasceu em Alto Maranhão, no dia 02 de
dezembro de 1897, registrado no Cartório de Registro Civil e Tabelionato de Notas de
Alto Maranhão, Congonhas/MG, no Livro nº 01-A, Fls.10 V e Termo 38.

Filho de José Moreira de Souza e Silva e Felismina Fernandes Pyramo, teve mais dois irmãos:
Lamartine de Sousa e Silva e Maria Moreira de Sousa e Silva, sendo os avós
Paternos: Antônio Moreira de Souza e Silva e Maria Antônia da Silva e avós maternos:
Felismino Pyramo Fernandes e Rita Maria Romana.

Antônio teve uma infância normal como todas as crianças de sua época. Seu pai, José Moreira de Souza e Silva (Capitão Zeca Moreira), foi um personagem relevante no final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, com participação ativa social e politicamente na localidade de Alto Maranhão, época ainda denominado Redondo.
O casarão onde nasceu Dr. Antônio Moreira, situa-se no início do trecho da Estrada
Real que liga Alto Maranhão a Congonhas, na propriedade dos herdeiros da família
Moreira. Embora em ruínas, desperta a atenção de todos que por ali passam. Sua
arquitetura remanescente, é uma construção que remete ao século XVIII, por ser
edificada com pedras sobrepostas.

Local onde nasceu o ilustre Dr. Antônio Moreira – Ruínas da Casa do Capitão Zeca Moreira – Alto Maranhão – Tombada pelo Patrimônio Municipal de Congonha de Souza e Silva Foto de Douglas Camargo – Janeiro 2014

Muitas são as pedras encontradas no local, podem ser vistas, apesar do excesso de vegetação em seu interior. Existem também, fragmentos de muros no entorno da propriedade.

Nesse casarão, certamente ocorreram decisões relevantes no âmbito da política local no final do século XIX e início do século XX. Com indicações de Ruínas do Capitão Zeca Moreira, a edificação é denominada “Sobrado” pelos moradores, por ter sido uma construção de dois andares e com janelas envidraçadas no segundo pavimento, desabado há alguns anos.

Seus pais empenhados com sua vida futura, procuraram oferecer-lhe o melhor na
formação escolar da época. Frequentou o primário na Escola de Alto Maranhão, tendo
a seguir, integrado a uma escola regular em Barbacena – MG.

Com a família, Antônio Moreira é a criança que está ao lado pai Zeca Moreira, sua irmã Maria Moreira, sua mãe Felismina Fernandes e seu irmão Lamartine Moreira de Souza e Silva1. Primeira década do século XX.Foto: Maria Christina Moreira Barbosa Pires. Foto: Maria Christina Moreira Barbosa Pires.

Lamartine Moreira de Souza e Silva faleceu precocemente, no auge de sua juventude, aos 18 anos de idade, no ano de 1918, em Belo Horizonte, onde estudava o Curso de Direto, vítima da “Gripe Espanhola”. Sepultado em Alto Maranhão.

Em Barbacena, fez preparatórios, durante algum tempo, titulando-se, no ano de 1914
no Curso de Agronomia na Escola Dom Bosco, em Cachoeira do Campo. Concluiu
sua graduação na famosa Escola de Pharmácia em Ouro Preto e em seguida cursou
medicina na cidade de Belo Horizonte, onde colou grau no ano de 1932.
De uma espiritualidade incomparável, sempre se destacou pela fineza em acolher o
próximo e sua esmerada educação sempre despertou a atenção de todos.
Ao frequentar as famosas festas de Congonhas, MG, conheceu uma linda moça que
tornaria a ser sua companheira.

Dr Antônio Moreira de Souza e Silva e sua esposa Luzia Monteiro Cobucci Moreira 09 novembro 1932.- Arquivo Família Moreira

Casou-se com Luzia Monteiro Cobucci Moreira, em Congonhas do Campo a 04 de
abril de 1921, ele aos 24 anos e ela aos 16 anos. Tiveram quatro filhos:
– Antonio Moreira de Souza e Silva Filho, formado em medicina em Belo Horizonte,
casado com Maria Hilda de Lana Moreira, tiveram cinco filhos;
– José Moreira de Souza e Silva casado com Dirce Estanislau Moreira, tiveram sete
filhos;
– Nylce Moreira de Souza e Silva, casada com Paulo da Costa Barbosa, tiveram
quatro filhos;
– Lamartine Moreira de Souza e Silva, casado com Judith Coutinho Moreira, tiveram
três filhos.
Foi fundador do Hospital Popular em Queluz e administrou a Casa de Saúde Nossa
Senhora do Carmo. Sua esposa Luzia foi Diretora do Hospital São Sebastião em
Conselheiro Lafaiete. Além de atender em hospitais, também atendeu comunidades,
dentre as quais Alto Maranhão e Pequeri. A memória desse grande homem, dotado de
uma empatia ímpar notadamente com os mais desfavorecidos, fica perpetuada na
condição de patrono da escola de Pequeri, do município de Congonhas – a “Escola
Municipal Dr. Antônio Moreira e Souza e Silva” – que atende aos Anos iniciais do
Ensino Fundamental.

Escola Municipal Dr. Antônio Moreira de Souza e Silva – Pequeri, Congonhas MG- Final da década de 1930 – Foto de arquivo: Família de João Esteves de Paula

Atual Prédio da Escola – Foto: Maria da Paz Pinto – 19 de novembro 2020
Foto cedida por Alzirinha Pinto, filha de João Esteves

.

Homem público e notável, iniciou suas atividades políticas, exercendo cargo político
como vereador na cidade de Conselheiro Lafaiete na 9ª Legislatura 1919/1922 e
novamente na 12ª 1936/1937, empossados a 24/07/1936.3

Dr. Antônio Moreira, o quinto membro à direita, em sua segunda Legislatura.
Foto: Acervo Mauro Dutra Faria


Por seu comportamento ético, seus nobres préstimos à cidade e região, foi
homenageado com seu nome a uma das ruas de Conselheiro Lafaiete: a Rua Dr.
Moreira.

Faleceu ainda bem jovem, aos 41 anos de idade, vítima de um acidente automobilístico, aos 04 de fevereiro de 1938, em Conselheiro Lafaiete. Foi sepultado no jazigo da família,n o Cemitério de Nossa Senhora da Conceição.Placa com seu nome, no Jazigo onde foi sepultado. Foto: Maria Christina Moreira Barbosa Pires


A SUA MORTE


Há de mencionar-se fatos que demarcaram os últimos momentos de sua passagem,
ainda jovem, por esse mundo.
Segundo relatos de sua família, histórias ouvidas na infância, residia em Conselheiro
Lafaiete e em ocasião de sua morte, numa determinada noite, do mês de fevereiro, Dr. Antônio Moreira e sua esposa Luzia Cobucci, se preparavam para sair, iriam a um
evento cultural no teatro, quando chegou um senhor solicitando um atendimento para
um lugar denominado “Água Preta”, pros lados do Morro da Mina, onde acontecia a
extração de minério, junto à CSN. Era um lugar retirado do centro de Conselheiro
Lafaiete. Um senhor veio a cavalo pedindo que fosse até sua residência, pois sua
esposa estava para dar a luz e, devido ao temporal que prenunciava-se, as condições
eram as mínimas para o deslocamento da gestante. Face aos fatos, os planos de Dr
Antônio e sua esposa foram mudados, circunstância que traçaria o destino fatal do
médico. Solicitou ao senhor que fosse à frente, pois passaria ainda em sua farmácia,
para pegar alguns materiais, medicações…etc. para as possíveis necessidades. Na ocasião saiu dirigindo seu carro, uma “Baratinha Ford”, ano 1929 e já enfrentando um temporal.

Dr. Antônio, um homem alto, na medida de 2,04m e altura e embora saúde benéfica, apresentava um quadro de miopia, o que dificultava uma ampla visibilidade e em meio a um temporal, tornou-se ainda, mais difícil. Devido ao grande volume de água, causado pela chuva, o córrego pelo qual passaria por um mata – burros, estava cheio e transbordou-se.

Ao atravessar, a Baratinha virou-se no córrego, justamente do lado do motorista, impossibilitando-o de se mexer para sair do carro, perdendo a vida portanto, lamentavelmente afogado, fatalidade ocasionada por não conseguir sair de dentro do veículo. O que chama a atenção é que o senhor, que o havia chamado e ficado para trás, passou pelo local e justamente ele é que foi dar a triste notícia aos familiares. Quando chegaram ao local, encontraram seu corpo sem vida não havendo tempo ao socorro. Não se sabe exatamente o que o levou a se afogar, mas o fato é que estava inerte dentro de carro.
Quando o homem dirigiu-se até sua casa, ao encontro de sua esposa e que se
encontrava em companhia de sua mãe, o bebê4 já havia nascido e todos estavam bem.
Estranhamente a senhora relata a preocupação com relação ao atendimento de Dr.
Antônio Moreira, dizendo que o tempo em que estava fazendo o parto da filha, estava
4 A criança que nasceu no dia de sua morte, era um menino e recebeu o nome de Antônio, singela e agradecida homenagem dos pacientes dele.
muito calado, silencioso, sem conversa alguma. Fez o parto, cuidou de tudo e saiu da
mesma forma que chegou. Fica uma provocação no ocorrido, quanto a continuidade
de sua viagem, no mundo espiritual, teria cumprido sua missão, não abandonando o
juramento diante dos compromissos da Medicina?
Foi tão venerado, que o assoalho de sua casa, durante o momento fúnebre, cedeu, pelo excesso de pessoas que ali compareceram para prestar-lhe as últimas homenagens. O jazigo da família, onde foi sepultado, é visitado por várias pessoas que lhe dirigem preces pedindo sua intercessão.

Um homem que fez a diferença!


Parte do Poema, de autoria de João Esteves de Paula6
Pequery, 09 de fevereiro de 1938


Parte do Poema, de autoria de João Esteves de Paula6
Pequery, 09 de fevereiro de 1938.
Diversos são os relatos de gratidão reverenciando, por excelência, à sua pessoa que
passou nesse mundo, marcando sua existência pelos atos de generosidade praticados.

Referências
Fontes documentais:
Cartório de Registro Civil e Tabelionato de Notas de Alto Maranhão, Congonhas/MG
Poema de autoria de João Esteves de Paula – 1938, cedido pela família.
Livros e publicações:
Brotero, A Família Monteiro de Barros, São Paulo, 1951, páginas 570-571.
Congonhas Jornal, 12 de janeiro 1920 – Arquivo Museu de Congonhas.
Correio da Semana, 07 de fevereiro 1924 – Diretor Dr Antonio Palermo. Arquivo Museu de
Congonhas.
Eletrônicas:
O Faiscador de Queluz de Minas – Acesso em 24/11/2020 e 10/12/2020.
ofaiscadordequeluzdeminas.blogspot.com – Garimpeiros de Tesouros Genealógicos e
Históricos, peneirada nas Idéias – Postado por Geraldo Castro.
Fontes Orais:
Entrevistas concedidas por Maria Christina Moreira Barbosa Pires, neta de Dr. Antônio
Moreira de Souza e Silva, 2019 e em novembro de 2020.
Entrevista com Alzirinha Pinto, moradora de Pequeri e filha de João Esteves de Paula, em 24
de novembro de 2020.
Pesquisa: Maria da Paz Pinto7 em 2019 e 2020.
Texto: Maria da Paz Pinto
Alto Maranhão, 14 dezembro de 2020.

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