19 de abril de 2024 06:08

Vereadores aprovam subsídio de R$233 mil, criticam omissão e alertam que projeto não garante transporte

Críticas, denúncias, acusações, troca de farpas e bate boca. A primeira de votação dos dois projetos que criaram o subsídio de R$ 233 mil como incentivo, em função da pandemia, para contratação emergencial da nova empresa até final a concessão final, como também a contratação de vans escolares para atuarem no setor, como transporte alternativo, foram alvos de intensas discussões nesta manhã (30) na Câmara em Lafaiete.

Foram mais de 3 horas de inflamados e acalourados debates em torno do caos previsto do transporte público. Na primeira votação, o Vereador João Paulo desempatou em favor do subsídio a nova empresa. Votaram contra: Pedro Américo, (PT), Vado Silva (DC), Giuseppe Laporte (MDB), Pastor Angelino (PP), Sandro José (PROS) e Erivelton Jaime (Patriotas).

Repercussão e debates

A votação do projeto de contratação das vans escolares ocorreu em clima acordado e sem amplas discussões, ao contrário do subsídio a futura empresa para o contrato temporário.

A iniciativa do Executivo recebeu duras críticas e contestações com ênfase a inércia do executivo em não antecipar a sua solução do transporte público. “Querem resolver o problema de vários anos em um estalar de dedos. Fica aquela dúvida: se não for eleito deixa a situação para o próximo prefeito. Se formos eleitos damos um jeito. Estão imputando responsabilidade que não é nossa e agora querem aprovar o projeto, que duraria 45 dias de tramitação, em 3 dias”, comentou Vado Silva, desacreditando uma solução a curto prazo.

Polêmica e troca de farpas marcaram votação do projeto/CORREIO DE MINAS

“Nós não temos qualquer garantia na votação desse projeto na solução do transporte e muito menos na recontratação dos funcionários pela nova empresa. O subsídio não garante transporte de qualidade”, resumiu Sandro que informou que o valor do subsídio garante, segundo seus cálculos, ao transporte de mais de 70 mil usuários.

“A culpa é do prefeito e agora querem investir recursos públicos para subsidiar a empresa. Esse recurso poderia resolver outros problemas na nossa cidade como a falta de médicos em PSF”, salientou Laporte, insinuando troca de favores para aprovação do projeto.

Polêmica

Mais contundente, Pastor Angelino criticou que a urgência de votação impedia uma análise mais apurada do projeto. “Em 3 dias não podemos votar um projeto desta magnitude. São muitos erros e agora o Executivo quer que resolvamos isso em poucos dias”.

“Por favor isso foi acordado por todos que votaríamos em caráter de urgência. Caso contrário acredito que devam pedir adiamento da votação”, pontuou André. “O que foi acordado por todos é que votaríamos em caráter de emergência, tanto que os vereadores já assinaram com as suas devidas aprovações dos pareceres. Se alguém discordar peçam adiantamento do projeto”, comentou Pé Quente.

“Esse subsídio do Executivo não vai resolver o problema do transporte público”, completou Angelino. Pedro Américo criticou a iniciativa financeira como forma de atração no edital. “Salgar carne podre”.

Nenhum vereador apresentou requerimento pedindo adiamento do projeto.

A favor, com ressalvas

O Vereador André Menezes (PL) ponderou que a aprovação do projeto não apresentava garantia da a retomada do transporte público na cidade, mas criava alternativa. “Temos que olhar por nossa população. Caso não aprovemos este projeto quem pagará a conta é o usuário”, comentou, salientando que votaria a favor, caso as mais de 10 emendas fossem aprovadas. “A gente desconhece se isso vai resolver o problema, mas é a busca de uma alternativa”, completou, duvidando da eficácia da contratação de vans escolares para suprir o transporte.

Paralisação segue pelo 9º dia e sem perspectivas a curto prazo/ ARQUIVO

“Esta Casa nunca foi omissa e, em 2017 nós, vereadores e assessores, andamos de ônibus para medir a qualidade do serviço. O relatório final comprovou que a empresa estava fadada ao fracasso e mesmo assim o executivo e promotoria não tomaram atitudes. Caso não aprovemos o projeto, a cidade vai pagar caro. Eu lamento os erros, mas precisamos olhar para frente”, observou João Paulo Pé Quente (DEM) que criticou seu colega, Giuseppe Laporte. “Vereador não asfalta, não capina. Ninguém aqui negociou favores. Calma ao apontar acusações. As eleições já passaram e vamos votar o melhor para a população”, contra acatou. “Eu disse que em uma reunião, da qual eu não participei, o prefeito comentou que quem votasse contra não teria privilégios”, treplicou Giuseppe.

“Nós estamos buscando soluções para não prejudicar a população. Se não der certo que assumamos nossas responsabilidades em tentar acertar e resolver o problema. Não podemos ser omissos e que pelo menos fizemos nossa parte”, apontou Renato Pelé (Podemos).

Na mesma linha, o Vereador e Líder do Governo, Oswaldo Barbosa (PV) reforçou a omissão governamental, mas pediu aos colegas para deixar a politicagem. “Sabemos do caos e dos prazos regimentais, mas esta Casa precisa dar sua contribuição para abrir uma alternativa a solução”, salientou.

“Só sabe quem o que é andar de ônibus quem já precisou. Precisamos diminuir o sofrimento do nosso povo”, observou Eustáquio Silva (PV).

Mais polêmica

Uma das polêmicas foi protagonizada por Vado Silva. “Quando vocês, meus colegas, aprovam um projeto para que as vans assumam o transporte e em seguida dizem que isso não vai resolver esse projeto, não votem. Não podemos jogar para a plateia”, atacou.

Ao final da primeira sessão, Damires Rinarlly (PV) pontou que aguardava a votação das emendas para garantir a efetividade e legalidade do projeto. “Não vou votar pela minha indignação, mas que o subsídio retorne aos usuários em um transporte público de qualidade”.

Segunda sessão

Na segunda sessão, que ocorreu em seguida, iniciada já por volta das 12:30 horas, o placar ficou 9 a 2, quando Pedro Américo, (PT) e Giuseppe Laporte (MDB) confirmaram os seu votos.

João Paulo foi decisivo pelo subsídio a nova empresa ao desempatar votação/ARQUIVO

Foram reuniões tensas em que ficou evidente de que, mesmo a aprovação dos projetos, não há qualquer garantia do restabelecimento de um transporte público de qualidade em curto espaço de tempo. Outra tese é de que o prefeito sofreu um desgaste na Câmara e não tem um grupo sólido de sustentação, inclusive tem insatisfação alimentada na base governista.

Outra tese, reiterada pelos 13 vereadores, foi a omissão total da administração na condução do transporte público. “Se o prefeito quisesse ele ampliava a fiscalização sobre as concessionárias, inclusive a Copasa, que descumprem o contrato diariamente, e com as próprias multas aplicadas, ele pagaria os funcionários contratados do setor”, disse o Vereador Vado Silva. “Acabava com falta de fiscalização”.

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