2 de maio de 2024 01:30

Homem condenado a 87 anos de prisão por estuprar crianças segue em liberdade

RESUMO

  • Dinamá Pereira Resende, de 55 anos, era contratado como pedreiro  pela prefeitura da cidade
  • Ele atuava há 30 anos com crianças em atividades culturais e religiosas
  • Muito conhecido na cidade, o homem conquistou ao longo dos anos a confiança das famílias e de milhares de crianças
  • Mais de doze mulheres já denunciaram estupros

A defesa de Dinamá Pereira Rezende, de 55 anos, deve recorrer nos próximos dias da sentença que o condenou nesta semana a 87 anos, 5 meses e 20 dias de reclusão em regime fechado por crimes sexuais praticados contra sete vítimas do sexo feminino, todas menores à época dos fatos, entre os anos de 2000 e 2006. Enquanto isso ele segue em liberdade. 

O réu foi denunciado por ao menos 12 mulheres que o acusam de cometer abusos sexuais enquanto elas ainda eram menores de idade, todas à época moradores de Várzea da Palma, município de 39 mil habitantes localizado no Norte de Minas.

O pedreiro foi candidato a vereador. O condenado atuava há 30 anos com crianças em atividades culturais e religiosas. Nesse trabalho ele conquistou, ao longo dos anos, a confiança das famílias e de milhares de crianças. Ele tinha inclusive um grupo de dança chamado “Dinamá Show” em que as meninas que participavam eram chamadas de “dinamitas”. 

A sentença foi proferida pelo juiz Pedro Fernandes Alonso Alves Pereira, titular da 2ª Vara Cível, Criminal e da Infância e da Juventude da Comarca de Várzea da Palma. Ainda de acordo com o TJMG, a decisão é em primeira instância, cabe recurso e foi dado ao réu o direito de responder em liberdade.

Em entrevista à Itatiaia assim que as denúncias começaram a repercutir, a técnica em enfermagem, Ana Paula Fernandes dos Santos, hoje com 26 anos, contou sobre os abusos que sofreu aos nove anos e por que decidiu procurar a justiça. Em outubro de 2019 ela expos nas redes sociais o sofrimento e, com isso, abriu caminho para que outras vítimas também denunciassem. “Ele me levou para o quarto, tirou minha roupa e começou a tentar penetração só que aí eu reclamei de dor e acho que ele ficou com medo de alguém escutar, ele mesmo vestiu minha roupa, me colocou na moto e me levou embora. Eu não contei nada para minha mãe, eu não tinha coragem, eu tinha vergonha, eu tinha medo e achava que era culpa minha. Quando eu vi a história do João de Deus eu vi bastante semelhanças sobre os casos, porque ele se esconde muito sob religião para poder fazer. Quando eu denunciei eu libertei, parece que eu abri os olhos e parece que eu consegui respirar e entrou um ar limpo e puro”, contou. 

Daniele Cordeiro, de 35 anos, que também tinha nove anos quando foi estuprada, comemorou o resultado da sentença. “O sentimento é de dever cumprido, é de Justiça, um mix de sentimento, sabe. Fico muito agradecida pela a justiça, como dizem ‘tarda, mas não falha’ e achei satisfatória a pena que ele pegou. Tem várias vítimas que ainda não se identificaram e através dessa pena que foi dada agora de 87 anos, talvez elas tomem coragem e façam a denúncia também para aumentar a pena”, disse. 

Ana Luiza França, advogada de algumas das vítimas, também comentou o resultado. “Um marco histórico, acredito que para a cidade e principalmente para as vítimas e os familiares. Depois de mais dois anos ter uma sentença dessa proferida como uma condenação justa, no sentido de todos os crimes que foram cometidos.

Procurada pela Itatiaia, a defesa de Dinamá informou que ainda não se pronunciará sobre a sentença, pois o caso ainda segue em segredo de Justiça.   (Itatiaia)

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