1 de maio de 2024 20:32

Sedição de Queluz: 180 anos da “Batalha de Queluz”

               Projeto Memória Viva de Queluz

                                                                          180 anos da Batalha de Queluz             Movimento Revolucionário de 1842

Em 2022 comemora-se os 180 anos da “Batalha de Queluz” e o Movimento Revolucionário armado, que teve lugar nas duas principais províncias imperiais  de São Paulo e Minas Gerais em 1842. Esse conflito entre liberais e conservadores entrou nos anais da historiografia Brasil, como “Revolução Liberal de 1842 ou Revoltas Liberais em SP e MG”. Queluz, atual Conselheiro Lafaiete deve uma presença importante no conflito e a Batalha de Queluz, vencida pelo exercito dos insurgentes,   ascendeu à chama revolucionária dos liberais mineiros, apesar de que,, os revoltosos de São Paulo já haviam sido derrotados pelo exercito imperial comandado pelo futuro Duque de Caxias e que se encontrava a caminho da capital Ouro Preto com a incumbência de pacificar Minas a qualquer custo . Nessa matéria inaugural sobre a série – “Sedição de Queluz 180 anos da Batalha de Queluz” vai trazer um embate interessante por cartas  que aconteceu na revolta em São Paulo entre dois  personagens importantes da Revolução Liberal de 1842, Caxias e Padre Feijó.

Por João Vicente*

1º Parte – A revolta em São Paulo e o confronto entre Caxias e Feijó por Cartas

    A Revolução Liberal de 1842 começou em São Paulo na cidade de  Sorocaba em 17 de maio e  liderada por Rafael Tobias de Aguiar, que havia presidido a província de São Paulo de 1831 a 1835 e de 1840 a 1841. Ele detinha alta popularidade e segundo relatos, usou recursos do próprio ordenado nas escolas, obras publicas e caridade. Na província de São Paulo, Tobias Aguiar contou com o apoio do padre Diogo Antonio Feijó, filosofo, sacerdote católico e político estadista do século XIX no Brasil, considerado fundador do Partido Liberal. Na Sedição de Sorocaba, Padre Feijó se encontra na sua casa em Sorocaba enfermo, mas mesmo assim participou atividade do movimento e defendeu  o uso das  armas como o único caminho para derrubar o presidente da província, Jose da Costa de Carvalho,o Barão de Monte Alegre, liderança do Partido conservador paulista e a medidas que os liberais chamaram de regressivas, nocivas a liberdade individual e coletiva.

Rafael Tobias Aguiar

A revolta dos liberais em 1842 foi um acumulo de disputa  política pelo poder em torno do imperador D.Pedro II ainda uma criança com  14 anos de idade. O Golpe da Maioridade, as eleições do Cacete em 1840, a dissolução do Gabinete Liberal, da Assembleia de maioria de deputados liberais , do retorno do Conselho Moderador, mudanças no Código Processo Criminal (lei de Ferro), medidas essas tomadas pelo novo Ministério formado pelo Partido Conservador em 1841, são os motivos que levaram os liberais para a radicalização em 1842 nas províncias de São Paulo e Minas Gerais.

As cartas entre Feijó x Caxias

Em 07 de junho deu-se o combate de Venda Grande, em Campinas, no qual os revolucionários, com superioridade numérica, foram surpreendidos e batidos. Isso abriu caminho para Caxias investir em Sorocaba, capital dos insurgentes, onde entrou vitorioso em 20 de junho, não tendo encontrado nenhuma resistência armada. Rafael Tobias tentou fugir para o Rio Grande do Sul, tentando uni-se aos Farrapos, mas foi preso e Padre Feijó que assumira após a fuga de Tobias Aguiar o exercício interino da província dos revoltosos.

Sabendo da chegada de Caxias a Sorocaba, Feijó envia uma carta a Caxias na tentativa de enquadra-lo a não tomar nenhuma medida energética sobre ele e as demais lideranças do movimento da sedição da província de São Paulo. A carta dizia:

“Ilmo. e Exmo. Sr. Barão de Caxias. Quem diria que em qualquer tempo o Sr. Luís Alves de Lima seria obrigado a combater o padre Feijó? Tais são as coisas do mundo… Em verdade, o vilipêndio que tem o governo feito aos Paulistas e as leis anticonstitucionais de nossa Assembleia me obrigaram a parecer sedicioso. Eu estaria em campo com a minha espingarda se não estivesse moribundo, mas faço o que posso,embora seja eu só o excetuado e se descarregue sobre mim todo o castigo”.

Ao ler a carta do Padre Feijó, Caxias respondeu no mesmo tom:

“ Quando pensaria eu, em algum tempo, que teria de usar da força para chamar à ordem o Sr. Diogo Antonio Feijó? Tais as coisas do mundo; as ordens que recebi de S.M. o Imperador são de tudo semelhantes às que me deu o Ministro da Justica em nome da Regência, nos dias 3 e 7 de abril de 1832, isto é, que levasse a ferro e fogo todos osd grupos armados que encontrasse, e da mesma maneia que então as cumpri, as cumprirei agora.”

Resumindo, a província de São Paulo é pacificada. Padre Feijó é conduzido à prisão de 6 meses no Espírito Santo e Caxias é chamado pelo Imperador para uma nova missão, pacificar o movimento revolucionário liberal na província de Minas Gerais.

Na 2ª parte da série “Sedição de Queluz – 180 anos da Batalha de Queluz”, falaremos sobre o Combate de Venda Grande.

*João Vicente Gomes é pesquisador sobre o Movimento Revolucionário de 1842 que teve lugar nas províncias de SP e MG e articulador do projeto Memória Viva de Queluz

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