Em 2016, 504 dos 853 municípios de Minas Gerais tinham pelo menos uma agência bancária. Seis anos depois, a figura se inverteu e são 416 cidades mineiras que não contam com o serviço. Hoje, segundo dados de agosto do Banco Central, as agências bancárias estão em 437 cidades do Estado.
Mas isso não quer dizer que haja menos pessoas ou empresas no sistema financeiro. Pelo contrário: nacionalmente, considerando até julho deste ano, o número de pessoas com algum vínculo com os bancos aumentou 25,7% e o de empresas, ainda mais, com 55,5% de alta.
Para especialistas no setor, os números indicam a tendência de digitalização dos bancos. “De uns tempos para cá, o Banco Central tem investido muito em aumentar a competitividade do sistema financeiro, daí vieram tantas fintechs, que só colocam um cartãozinho na mão do cliente. A lógica da organização capitalista é a busca contínua pelo lucro a partir da produtividade que melhore e competitividade”, reflete o economista e professor da Fundação Dom Cabral Paulo Bretas.
Muitas pessoas tinham conta em determinado banco porque aquele era o único com agência bancária na cidade delas. Hoje, isso é bem diferente. Pelo celular, o cliente acessa um banco completo e pode pagar um boleto, contratar um seguro, pedir um empréstimo, fazer investimento, inclusive internacionais, sem sair de casa. Mais do que atrair o cliente, também nos preocupamos em reter e ser o banco principal da pessoa”, resume o líder de Gente e Gestão do C6 Bank, Rafael Brazão.
O belo-horizontino Inter começou a oferecer contas digitais em 2015. Hoje com cerca de 22 milhões de clientes, ele trabalha para atrair mais pequenas empresas. “Nosso foco é o microempreendedor, o empresário individual, as empresas unipessoais. Hoje, temos mais de um milhão de contas de pessoa jurídica. Quando se fala em cidades do interior onde não existem agências, além de haver dificuldade para abrir uma conta, há dificuldade para a pessoa se informar sobre o que precisa fazer, dúvidas sobre cartão de CNPJ e dados da empresa. Investimos nessa orientação”, detalha o superintendente de Conta Digital do Inter, Eduardo Cotta.
Chefe de produtos e pessoa jurídica do C6 Bank, Monisi Costa pondera que mesmo serviços antes reservados aos bancos tradicionais são uma opção nos digitais. “Há quem diga que empresas que recebem muito por dinheiro vivo têm uma limitação com os bancos digitais, o que não é verdade. Porque, mesmo assim, se ele precisar fazer o depósito, que se chama de numerário nos bancos tradicionais, é possível fazer com um boleto-depósito dos bancos digitais. Você emite um boleto de depósito no valor que precisa, vai até a boca do caixa, a uma Casa Lotérica, ao fazer o pagamento desse boleto-depósito em dinheiro, ele vai parar na sua conta digital. Nem mesmo o numerário, que era uma limitação no passado, é uma limitação para os bancos digitais hoje”, descreve.
FONTE: OTEMPO