Militar estava de folga quando se deparou com a situação e retirou mulher de dentro de uma casa em chamas
No dia 2 de novembro de 2021, uma terça-feira, por volta das 9 horas da mahã, o Cabo Vinícius Paiva, do Corpo de Bombeiros de São João del-Rei, voltava para sua casa após ter ido comprar alguns remédios em uma farmácia no Centro da cidade. No meio do caminho, o Bombeiro percebeu uma grande quantidade de fumaça vindo de uma casa na Rua Dr. José Bastos, próximo à histórica Igreja de São Francisco de Assis, no Centro Histórico. De imediato, Vinícius correu até o local, onde se deparou com algumas pessoas tentando arrombar o portão, afirmando que havia uma senhora dentro da casa.
“Neste momento, percebi que tinha que agir rapidamente. Entreguei todos os meus pertences a alguém que estava por ali e procurei um meio de adentrar ao imóvel. Dada a dificuldade acesso pela frente, consegui chegar até lá através da garagem de um vizinho. Quando entrei, havia muita fumaça e boa parte do local estava tomado pelas chamas. Me abaixei para conseguir alguma visibilidade, momento em que vi a senhora Cristina dentro da casa. Ela estava consciente, bastante desnorteada, já um pouco fraca devido à inalação de fumaça”, relata o Cabo.
Ele então entrou no cômodo em chamas e retirou a mulher de lá. “Minha primeira alternativa seria pular o muro de volta mas, considerando a situação da vítima, uma senhora de 88 anos que se recuperava de um ferimento na perna, isto seria muito difícil. Neste momento, os vizinhos conseguiram abrir o portão, possibilitando a nossa saída”, conta Vinícius. Pouco depois, uma equipe de combate a incêndio chegou ao local e conseguiu debelar as chamas”, contou o bombeiro.
O reencontro
Quase um ano após o ocorrido, Bombeiro e vítima tiveram a oportunidade de se reencontrar. A nora da idosa, senhora Rogevânia, foi até a unidade dos Bombeiros para procurar aquele que salvou sua sogra (até então, não sabiam sequer o nome do responsável pelo salvamento). Após uma pesquisa no sistema de registros de ocorrências, os militares constataram que se tratava de Vinícius, que coincidentemente estava de plantão naquele dia. Em conversa com a familiar da idosa, a equipe foi informada que, após o incêndio, ela estava morando com o filho em uma casa que fica ao lado do Pelotão de Bombeiros.
De acordo com Rogevânia, sua sogra, que tem deficiência na audição e na fala, sempre relembra a situação. “Ela às vezes acorda assustada, sentindo queimação nas pernas, um certo trauma do incêndio. Sempre se emociona também ao lembrar do que aconteceu. Foi ela mesmo que me lembrou que estava fazendo um ano do ocorrido”, afirma.
Ainda segundo a nora, além do trauma, a idosa também guarda consigo um grande sentimento de gratidão. “Ela sempre relembra do Vinícius com muito carinho, seus olhos se enchem de lágrimas. Como é muito religiosa, o nome dele está presente em suas orações diárias. Ela só está viva e saudável hoje graças à atuação heroica dele”, relata Rogevânia.
Na noite desta segunda-feira, dia 14, os Bombeiros foram até a casa de Titina, como é chamada carinhosamente, para uma visita e o reencontro se deu sob um clima de muita emoção de ambas as partes. “Assim que cheguei, ela me deu um forte abraço e me presenteou com flores. Embora ela não consiga verbalizar, pude entender muito bem este sentimento. Eu cumpri com meu dever como Bombeiro e como ser humano e sou muito grato por ter ajudado a salvar uma vida. Foi uma ocasião muito especial”, conclui o militar.