27 de abril de 2024 16:30

Ambientalistas vão às ruas em protesto contra venda de área ambiental a mineração na histórica Tiradentes (MG)

Amanhã (28), ambientalistas e a população da região vão às ruas pela preservação da área ambiental. O Movimento SOS MANGUE (PARTE DA SERRA DE SÃO JOSÉ), repudiou os planos de leiloar a Cachoeira do Mangue, em Tiradentes (MG), para uma iniciativa privada, com o objetivo de transformá-la em uma pedreira.

“A Cachoeira do Mangue é um patrimônio natural de valor inestimável. Sua beleza cênica, suas águas cristalinas e sua biodiversidade exuberante são fontes de encantamento e um refúgio para a fauna e a flora locais. Entendemos que a preservação desse tesouro é de responsabilidade coletiva e um compromisso inegociável com as gerações presentes e futuras.

Diante disso, solicitamos veementemente que as autoridades competentes intervenham e tomem as medidas necessárias para garantir a proteção e a preservação da Cachoeira do Mangue. Exigimos a revogação imediata do plano de leilão e a adoção de ações concretas para a conservação desse importante ecossistema”, diz o manifesto.

A concentração acontece a partir das 8:00 horas na Cacheira Bom Despacho e , caminhada a partir das 9:00 horas em protesto com venda da reserva ambiental, pelo Governo do Estado, a iniciativa privada.

Zema e mineração

A população mineira recebeu estarrecida a notícia de que o governo de Romeu Zema (Novo) pretende leiloar a uma mineradora parte da Serra de São José, em Tiradentes (MG). O leilão, que estava marcado para segunda-feira (22), foi suspenso devido a movimentação da prefeitura, que conseguiu a suspensão por 30 dias.

A parte da serra que está sob ameaça é conhecida como “Mangue”, uma região linda que emoldura a cidade de Tiradentes, repleta de biodiversidade, nascentes e até cachoeira. Segundo o secretário de governo do município, o local, que está inserido em uma área de proteção ambiental (APA), foi atingido por um incêndio em 2008. A entidade que adquiriu o terreno não realizou os pagamentos de algumas multas, e o Instituto Estadual de Florestas (IEF) está exigindo a execução das penalidades através do leilão da região do Mangue.

Diversas mineradoras possuem multas milionárias, devido a recorrentes crimes ambientais, e não percebemos o mesmo empenho do governador Zema em exigir a execução de multas por meio de leilão dos bens das empresas. Recentemente, por exemplo, o governador livrou de penalidades várias mineradoras que não cumpriram a “Lei mar de lama nunca mais”, que exigia o descomissionamento de barragens de rejeitos construídas em método à montante em Minas Gerais. A medida, que só beneficiou as mineradoras, manteve dezenas de barragens com risco de rompimento em cima das casas dos mineiros.

No entanto, quando o assunto é punir uma entidade da sociedade civil para entregar terrenos para mineração, o governo atua como carrasco pressionando a Justiça para realizar o leilão de forma célere, surpreendendo a comunidade e liberando fronteiras para o capital mineral.

O governo pretende leiloar a parte da Serra de São José conhecida como “Mangue” – Foto: Hostel Tiradentes

Ataque ao patrimônio dos mineiros

De acordo com as informações da Agência Nacional de Mineração (ANM), a região da Serra de São José possui vários requerimentos de pesquisa e lavra para explorar diversos minerais, tais como quartzito, cobre, areia, água mineral, níquel, manganês e fosfato.

Tiradentes é uma cidade símbolo da história e cultura mineira, mundialmente conhecida por sua arquitetura, sua culinária e seus festivais. A mineração na região seria um crime contra um patrimônio do povo mineiro e desconfiguraria a Serra de São José, que proporciona uma das paisagens mais belas do estado.

Esse é mais um episódio de como o governador Zema atua de maneira obcecada para liberar a mineração em todo o território mineiro. O governo representa um projeto que busca acumular riqueza pela espoliação completa de nossos bens naturais e não possui nenhum compromisso com a vida, com o povo e com nossos patrimônios histórico-culturais. A resistência a este projeto, bem como o impedimento da mineração em Tiradentes, é uma tarefa histórica de todo o povo mineiro que se empenha em virar essa página e superar esse desgoverno em Minas Gerais.    

Luiz Paulo Siqueira é biólogo e coordenador nacional do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM).

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