Delegações de 6 Estados estiveram em Lafaiete (MG) assim como mais de 50 cidades do Brasil representadas no Encontro
Irmanados pelos sentimentos mais nobres, mais de 400 pessoas participaram neste fim de semana do XXIII Encontro Nacional da Família Reszende. Depois 11 anos, Conselheiro Lafaiete (MG) recebeu o evento que foi um sucesso absoluto em organização, envolvimento e mobilização. Um saldo para lá de positivo e a comissão organizadora está de parabéns pelo resultado final. Foram mais de 4 meses de planejamento executados como primor e dedicação pela Comissão Organizadora. Em 2024, a simpática e hospitaleira Belo Vale (MG) abrigará o XXIV Encontro Nacional e os organizadores receberam ontem (23) o estandarte que simboliza e oficializa a transferência do evento e ano a ano passa por diversas cidades do Brasil. Em 2025, será a vez de Belo Horizonte e em 2026, Lagoa Dourada (MG), berço da família, receberão o encontro. Em 2026, data simbólica, se comemoraram os 300 anos do casamento do casal patriarca João De Resende Costa e Elena Maria de Jesus. Em 03 de outubro de 1726, eles se casaram-se na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Prados/MG.
O evento
O XXIII Encontro Nacional da Família Reszende celebrou a cultura de Lafaiete com suas violas e sua música. No sábado (22), na histórica Praça de Tiradentes, os primos e primas foram recepcionados pela Comissão Organizadora. E não faltaram os shows da centenária Banda Centro Ó Fônica, com sua irreverência e primor musical encantando as centenas de participantes. Também subiram ao palco do coreto a Orquestra de Violas Queluz de Minas, símbolo da cultura lafaietense e nacional, e Recital Lesma Poesia. Os artistas receberam das mãos dos organizadores um quadro de participação como forma de gratidão.
Já o Larmena e o Grupo de artesãos, Cantinho do Artesanato, se envolveram no evento com suas barracas na Praça Tiradentes, unindo ação social e valorização da cultura.
No domingo (23), após a celebração da Missa Solene, na histórica Igreja de Nossa Senhora da Conceição, os primos e primas se concentraram para a foto oficial nas escadarias do exemplar do século XVIII.
Em seguida, todos se dirigiram a Fazenda Divisa, em Queluzito, onde ocorreu uma confraternização e almoço, regado a farta comida mineira. O local escolhido, em um ambiente rural, remete a histórica Fazenda do Engenho Velho dos Cataguás, em Lagoa Dourada, onde os patriarcas se estabeleceram e criaram uma das famílias mais tradicionais do Brasil, uma prole ramificada em diversos setores da sociedade e da vida econômica do país.
A Banda Apocalipse se apresentou no palco da Fazenda da Divisa e eram por volta das 17:30 horas quando encerrou o tradicional evento. Que venha Belo Vale. A Comissão Organizadora agradece a todos que direta ou indiretamente contribuíram para o sucesso mais que esperado do O XXIII Encontro Nacional da Família Reszende. Viva a história! (CORREIO DE MINAS)
Onte tudo começou: um pouco da história
Apesar de outros Rezsendes virem antes para o Brasil, os historiadores consideram que o berço da família no país é o atual município de Lagoa Dourada, em Minas Gerais. Na verdade, ela surgiu no Engenho Velho de Cataguás, que fica no município. Foi nele que se estabeleceu, na segunda década do século XVIII, João de Rezende Costa e sua mulher, Helena Maria. Os dois haviam chegado dos Açores. A partir do casal, a descendência se espalhou e hoje encontra-se em todos os cantos do Brasil.
Segundo a genealogista Adriana Fernandes de Rezende, por volta de 1716, João de Rezende Costa, que residia na Ilha de Santa Maria, no arquipélago dos Açores, foi informado por seu primo Miguel, que Portugal estava tentando conseguir povoadores para colonizar o Brasil, pois estava sentindo-se ameaçado pela Espanha, que polemizava a respeito das terras ao Sul do país. E, para isso, estava arrebanhando voluntários, principalmente nas ilhas dos Açores, já excessivamente povoadas.
Com a recente morte de seus pais e não vislumbrando chances de se desenvolver por lá, pois os bens deixados por eles não seriam insuficientes para mantê-lo e a um irmão casado, decidiu vir para o Brasil. Segundo a autora do livro Engenho Velho dos Cataguás, Climéia Rezende Jafet, que romanceia a epopeia de nossa família, uma embarcação partiu rumo ao Brasil juntando gente de Pico, Fayal e Santa Maria e, nela, estavam João, seu primo Miguel e Diogo Garcia, dentre muitos outros. Depois de 2 meses de viagem, os três decidiram que iriam para a Comarca do Rio das Mortes, nos sertões de Cataguases.
DO RIO PARA MINAS
Desembarcaram no Rio de Janeiro e tomaram o Caminho Novo, atravessaram serras, o Rio Paraíba e transpuseram a Mantiqueira. Chegaram finalmente à região do Arraial Velho de Santo Antônio, assim chamado até 1718, quando foi elevado à categoria de Vila de São José del-Rey, hoje Tiradentes.
Diogo Garcia estabeleceu-se em um sítio na Freguesia de Nossa Senhora do Pilar e João de Rezende Costa e seu primo Miguel estabeleceram-se na Freguesia de Prados, no território da então capela de Santo Antônio de Lagoa Dourada. João trabalhava duro, de sol-a-sol, e uns 7 anos após sua vinda já estava bem estabelecido. Por essa época, faleceu nos Açores, vítima de um acidente de pesca de baleias, o amigo de Diogo Garcia, Manuel Gonçalves Correia, o Burgão, deixando viúva Maria Nunes. Eram naturais da ilha do Fayal, também no arquipélago.
A viúva e suas três filhas – popularmente chamadas de as Três Ilhoas – por influência do amigo Diogo decidiram vir para o Brasil e especificamente para as Minas Gerais. E Diogo Garcia, muito triste com a morte do amigo, é quem foi ao Rio de Janeiro para receber a família e ciceroneá-la até a região onde estava instalado há 7 anos. Segundo Dauro José Buzatti, em Antigos Povoados de Minas nos Campos das Vertentes, ali chegaram por volta de 1723. Uma delas, Antônia da Graça, já era casada com Manuel Gonçalves da Fonseca.
A segunda, Júlia Maria da Caridade, casou-se, em 29/06/1724, com Diogo Garcia e a caçula, Helena Maria de Jesus, morava com esse casal. Foi quando João começou a prestar atenção na menina. Nas visitas ao amigo falava da fazenda que crescia e do nome que lhe daria, Engenho Velho dos Cataguás, construída em 1723.
O CRESCIMENTO DA FAMÍLIA
Um dia Helena Maria venceu a timidez e perguntou a João o porquê do nome, ao que respondeu que havia encontrado nas terras que comprara e cultivava duas pedras encaixadas sobre uma maior que tinha a forma de cuia e que imaginou ser um moinho ou engenho para fazer farinha de milho ou de mandioca. Por isso o nome da fazenda.
Helena começou a admirar aquele homem tão sensível que não se envergonhava disso. Pouco a pouco seu interesse foi crescendo ao ver a vontade e o vigor com que ele se atirava ao trabalho, ao cultivo da sua terra. E João, sem notar de imediato, apegava-se à moça loura, cujos olhos verdes lhe passavam doce mensagem de apreço. As coisas progrediram e na manhã ensolarada de 3 de outubro de 1726 João e Helena se casaram. Surgia, então, a família Rezsende no Brasil, transformando Lagoa Dourada no seu berço e mostrando que todos nós viemos de Minas Gerais.
A partir daí a história registra o crescimento da família e sua ativa participação na vida econômica e política do Brasil, começando com José de Rezende Costa, um dos inconfidentes mineiros, que foi condenado à morte na forca, mas teve sua pena comutada em exílio, sendo mandando para a Guiné, na África.
Nobre em Portugal e elevada à nobreza no Brasil, a família deu ilustres filhos ao país e hoje conta com políticos, empresários, professores, mas em sua maioria é composta de pessoas anônimas que tem orgulho do sobrenome que carregam e que, muitas vezes, não sabem a história por trás dos Rezsendes e tampouco que não faz a mínima diferença se ele é grafado com S ou com Z, pois somos, na verdade, uma única família, surgida em Portugal e vinda para o Brasil, onde se estabeleceu, cresceu e se espalhou.
- Texto Lino Resende
- Fotos Toninho Noronha/Divulgação e cortesia