Em nota, direção do hospital diz que está negociando com categoria; enfermeira grávida dispensada inesperada relatou que quase entrou trabalho de parto com a comunicação da FOB
Considerada como excelência na prestação de serviços médicos na região do Alto Paraopeba, a Fundação Ouro Branco (FOB) é alvo de críticas e reclamações de funcionários pelo descumprimento do Piso Nacional de Enfermagem. A instituição, prestes a completar 40 anos de funcionamento, possui em seu quadro de pessoal mais de 200 enfermeiros e técnicos que atuam em diversas áreas
Ao longo desta semana, nossa redação recebeu diversas denúncias de suspotas práticas de assédio moral, perseguição e intimidação. Segundo relatos, nos últimos 20 dias, cresceu a pressão por parte da direção da Fob em função da implementação do pagamento do piso previsto para setembro.
Em meio a mobilização da categoria em busca de seus direitos, os funcionários criaram um grupo de whatsApp para a comunicação interna e unificação de uma pauta de reivindicação já visando o cumprimento do piso, mas, segundo a categoria embarrou na intransigência da direção que se nega a cumprir a legislação.
Inconformados com a situação, os funcionários tornaram público a insatisfação usando uma blusa preta como forma de protesto. Por 3 vezes, a categoria rejeitou a proposta da Fob, valor bastante distante do piso estipulado de mais de R$ 4 mil para enfermeiros e pouco mais de R$ 3 mil para técnicos. “Foi uma proposta constrangedora e muito aquém do previsto na legislação. Menos da metade e isso não aceitamos e não aceitaremos”, salientou um funcionário cuja identidade é mantida em sigilo por medo de retaliação.
Em meio às discussões do piso, a direção resolveu tomar uma atitude de “caça a bruxas” junto as lideranças da categoria. Nas últimas semana foram ao menos 10funcionários desligados, sem qualquer justificativa profissional, do quadro da Fob. “Quase entrei em trabalho de parto diante do susto da dispensa inesperada”, denunciou uma enfermeira que foi desligada na quarta-feira (18) e grávida de mais de 32 semanas. “Foi uma atitude desumana”, completou, já vislumbrando a possiblidade de acionar a Fob na Justiça por danos morais.
Nossa reportagem ouviu outros funcionários, inclusive alguns demitidos. “A alegação é de corte de gastos, mas sabemos que isso não é justificativa. Na verdade eles não querem cumprir o piso e exercem pressão e intimidação internas nos funcionários. Isso é assédio moral e tal prática é criminosa. Além da pressão do próprio trabalho, da sobrecarga de tarefas, vivemos este clima de terrorismo”, pontuou uma das lideranças da categoria e enfermeiro demitido.
Em meio clima tenso vivido pelos funcionários, na próxima semana (24/10) uma nova reunião entre funcionários, sindicato e direção voltam a discutir a implementação do piso que já está em vigor desde setembro. “Estamos tratando com uma empresa intolerante e não aberta ao diálogo”, considerou um técnico de enfermagem.
Sindicato greve
O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde Privados e Filantrópicos de Ouro Branco, Conselheiro Lafaiete, Itabirito e Congonhas informou que participa das tratativas de negociações, mas que a Fob permanece intransigente na implementação do piso. Sobre as denúncias de assédio moral, elas foram encaminhadas à apuração do Ministério Público do Trabalho. Segundo o sindicato, não está descartada a possibilidade de greve ou paralisação dos serviços.
Posição da Fob
A Fundação Ouro Branco (FOB) informu a nossa reportagem que está em negociação com a categoria e está prevista uma assembleia para a próxima 3ª feira (24/10). “A partir desta data, teremos novas informações sobre o assunto. A FOB reforça que é uma Pessoa Jurídica Privada, sem fins lucrativos, e tem como compromisso promover a saúde e o bem-estar da população”, considerou a nota
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