Um grupo de mães organiza uma manifestação em frente à UPA na cidade de São João del-Rei, no Campo das Vertentes, na noite desta quarta-feira (25/10). O objetivo do protesto é reivindicar o plantão pediátrico na rede pública de saúde e a desinfecção das escolas estaduais e particulares da cidade.
Desde o início desta semana, o município está em alerta, após a morte de três crianças, de 3, 9 e 10 anos, em menos de 30 dias. A suspeita é a de que elas tenham sido infectadas pela bactéria Streptococcus A. Uma criança está internada com suspeita de ter contraído a infecção. Outra já testou positivo, porém, a Secretaria de Estado de Saúde afirma não haver ligação entre os casos.
“Estamos reivindicando o plantão pediátrico, não temos pediatra no plantão. Além disso, queremos que seja feito o processo de desinfecção das escolas estaduais e particulares”, explica Camilla Nascimento, uma das organizadoras da manifestação.
A assistente social de 34 anos tem filhos em idade escolar e diz que o prefeito já determinou que as escolas municipais passem por desinfecção. Porém, as mães querem que o mesmo processo seja feito nas demais escolas da cidade, e ainda não há previsão para que isso ocorra.
Ela diz que algumas mães estão sendo criticadas e acusadas de quererem deixar as crianças sem aula. “Não é isso. Queremos que as crianças estudem em um ambiente limpo e seguro. Como essa bactéria está no ar, em um ambiente escolar com diversas crianças, nesse calor, principalmente na rede municipal em que as salas nem têm ventilador, é claro que a bactéria se dissemina mais rapidamente.”
A mãe entende que as aulas devem ser suspensas por tempo suficiente para passar pelo processo de desinfecção e que, depois, as crianças retornem seguindo o protocolo para evitar a contaminação, como o uso de máscaras e álcool em gel.
Sem pediatras
Outro problema apontado pelas mães é a falta de atendimento pediátrico para as crianças da cidade. “Não tem médico. Como entrar com medicamento se não tem pediatra para medicar? Pediatra só em consultório particular. Não tem na Santa Casa nem na UPA. Não existe plantão pediátrico na rede pública de saúde. Só há atendimentos em centros de saúde de bairros”, diz Camilla.
Ela afirma que mesmo na rede particular, as consultas estão sendo feitas com clínicos gerais. “As mães precisam de um pediatra. É diferente seu filho ser atendido por um pediatra ou por um clínico geral.”
O município anunciou que vai contratar oito médicos de maneira emergencial para atender às suspeitas de infecção pela bactéria Streptococcus A. Os profissionais são do Programa Mais Médicos, do Governo Federal, e serão escalados para os plantões de pediatria na cidade.