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“Cantinho do Pau-a-Pique”, surge uma obra-prima na arquitetura rural de Belo Vale

Uma boa ideia que valoriza a moradia tradicional e contribui para o ambiente sustentável.

 Uma casa com ares de tempos remotos, construção que ocupa 75 m2 e renova o tradicional pau-a-pique, proporcionando bem-estar, claridade e clima de nostalgia. A proposta de construir um refúgio saudável na Rua Ana Gonçalves de Assunção, zona rural de Olaria, próximo à Barra Nova, bairro de Belo Vale, partiu do aposentado, ex-ferroviário Gerson Vicente Dias Mendes, nascido em 1961, na Chacrinha dos Pretos, terra de quilombolas.

Ainda criança, morando na Chacrinha, Gerson observava parentes e vizinhos construindo casas de pau-a-pique; aquela forma de levantar as casinhas chamava sua atenção. – “O tempo passou; as casas tradicionais foram derrubadas e substituídas por outras com padrões de materiais modernos e caros. As pessoas não valorizam mais moradias e histórias ancestrais de nossos antepassados, que vão ficando esquecidas;” afirmou Gerson.

Cerca de 30 dormentes e eucalipto tratado foram utilizados para estrutura e telhado da moradia.

Elementos construtivos retirados no lote

O sonho amadureceu há quatro anos, quando o construtor colocou sua ideia no papel e elaborou o desenho que vem executando com mão de obra própria. – “Às vezes, recebo visita de amigos, do meu filho e do genro, quem me ajudam e compartilhamos raros momentos de felicidade”, sorriu. A maioria dos elementos construtivos é extraída do próprio lote: terra vermelha para amassar o barro, água que vem de quatro minas ou do poço artesiano, bambus e capim para compor as paredes, além da argila para o reboco que tira no brejo.

A estrutura agrega 30 dormentes antigos que foram utilizados na linha férrea da Rede Ferroviária. A cobertura é traçada com eucalipto tratado e telhas curvas, moldadas na coxa e reaproveitadas de casas e fazendas antigas da região, bem como, janelas e portas em madeira de peroba. A novidade são as garrafas de vidro coloridas que clareiam, suavizam o ambiente e dão um aspecto de neon nas paredes. Elas foram selecionadas por uma amiga de Gerson que trabalha na usina de reciclagem da cidade.

Garrafas coloridas moldadas nas paredes suavizam, clareiam e tornam o ambiente acolhedor.

Inauguração mantida em sigilo

 O proprietário esbanja felicidade por ter forças para desenvolver o seu projeto. A casa composta de três quartos, uma sala, cozinha e dois banheiros, terá varanda frontal e lateral, com piso de tijolos queimados, também recuperados de construções. Será servida com fogão à lenha, forro de taquara e decorada com peças que remetem ao passado. Um luxo da construção com investimentos em torno de R$ 50 mil, bem empregados. A previsão é de que seja inaugurada nesse ano, porém, a data está mantida em segredo. – “Um farto churrasco irá celebrar com a família e amigos, o importante momento de nossas vidas.” Prometeu o amigo, quem me recebeu e, certamente, não irá deixar-me fora dessa confraternização.

Tarcísio Martins, jornalista e ambientalista; fotografias.

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