A Revolução Liberal de 1842 teve como polos principais dos revolucionários a Província de Minas e a de São Paulo. Em Minas, após várias combates e batalhas, a revolução foi finalmente sufocada na Batalha de Santa Luzia, em que as tropas imperiais tiveram como comandante o general Barão de Caxias.
Por João Vicente
No dia 10 de junho de 1842, um batalhão da Guarda Nacional aclamou, em Barbacena, José Feliciano Pinto Coelho como presidente interino da província de Minas Gerais. Começa nesta data, o movimento político armado liderado pelo Deputado do Partido Liberal, Teófilo Otoni.
Como havia ocorrido na Província de São Paulo, os liberais mineiros, recusaram também acatar as novas leis, medidas consideradas reacionárias e centralizadores tomados pelo Ministério do Imperador D. Pedro II, formado pelo Partido Conservador. Lafaiete foi à segunda cidade, onde os liberais aderiram ao movimento político armado, encaminhando um ofício ao Presidente interino, José Feliciano, assinados por cinco vereadores da Câmara de Queluz, reconhecendo o seu governo revoltoso e provisório na Província de Minas Gerais. Vale lembrar, que o Governador de Minas, Bernardo Jacinto da Veiga mudou a Câmara de Queluz para o distrito de Catas Altas da Noruega.
A Batalha de Queluz foi a principal vitória dos revoltosos liberais. O conflito final aconteceu no dia 20 de agosto em Santa Luzia com Caxias derrotando as tropas insurgentes e prendendo suas lideranças. Os Luzias (apelido dados aos revolucionários de 1842, alusão ao local onde sofreram a maior derrota militar do conflito). em 1844, todos os processados e julgados foram anistiado pelo Imperador D.Pedro II.
Vereadores liberais de Queluz aderem ao movimento de 1842
“Foi a Vila de Queluz a segunda povoação da Província, que aderiu ao movimento. No dia 13 de junho marchava o tenente-coronel Jacó de Orneias Coimbra à frente do batalhão do seu comando, a fim de fazer reconhecer na vila o governo insurgente, e à distância de meia légua o veio encontrar com a sua companhia o capitão Marciano Pereira Brandão, a quem, dias antes, o presidente Veiga havia promovido a major, mas que aderiu cordialmente ao movimento, a que com lealdade e zelo serviu até o último instante. Estas forças entraram na vila, que já se achava iluminada, sem que encontrassem o menor obstáculo, pois que dela se haviam retirado os poucos oligarcas que a habitam. Muito concorreu para que a Vila de Queluz se pronunciasse tão enérgica e decididamente pelo movimento, a influência dos cidadãos Joaquim Rodrigues Pereira, que presidia a municipalidade, Antônio Rodrigues Pereira, nomeado chefe de legião, padre Gonçalo Ferreira da Fonseca, membro da Câmara, um dos mais ricos proprietários do termo, e um dos sacerdotes de melhores costumes, que possui a Província. A dedicação dos capitães Marciano e Rezende deu fortaleza à reunião de Queluz. A municipalidade reconheceu na mesma noite do dia 13 a presidência interina, e em poucos dias estava reunida na Vila de Queluz uma coluna, que continha para mais de 400 praças. Não é fácil avaliar devidamente os serviços prestados por essa porção de distintos mineiros, que tão próximos da capital, ameaçados de um ataque a cada dia pelas forças do Ouro Preto, nunca esmoreceram, nunca balancearam, e os homens mais acreditados do termo sobre quem não podia recair a suspeita de que estivessem possuídos de despeites, ou instigados por pretensões quaisquer, eram os que se achavam à frente do movimento. Foi essa valorosa coluna, que, comandada pelo veterano da independência, Antônio Nunes Galvão, fez face às forças do governo, e as conteve constantemente em respeito; foi ela, que quando coadjuvada, derrotara completamente essas mesmas forças. Se outro fora o plano do movimento, se desejos houvesse de esmagar a facção oligarca a todo o custo, se mais extensos fins tivessem os insurgentes e o presidente interino, marchando da Cidade de Barbacena sobre São João del-Rei, e dela para Queluz, ali se apresentasse com as forças, que de todos esses pontos pudera conduzir, e que subiria então a quase dois mil homens, se empenhasse na tomada da capital, teriam os insurgentes trocado com os legalistas o epíteto de rebeldes. Tomada a capital, e isto ainda no mês de junho, quando por toda a Província o movimento achava fortes sustentadores, decidido estava a questão” (História da Revolução Liberal de 1842, JOSÉ ANTÔNIO MARINHO-ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE MINAS GERAIS)
Ao contrário de São Paulo que se desenvolveu, a Província de Minas Gerais pacificada, caiu numa profunda crise econômica o que levou anos para se recuperar das consequências da revolta. Na verdade, há muito que estudar, a saber, a descobrir sobre o Movimento liberal de 1842 na história política de Minas Gerais e de Conselheiro Lafaiete. Por isso, fico convicto que a criação do Museu Céu Aberto da Revolução liberal de 1842 na Praça Barão de Queluz é um grande passo para compreendermos melhor a construção do contexto histórico político-econômico-social de Lafaiete e região.