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Fisiculturista trans vence campeonato nacional em SP e planeja carreira como atleta; ela conta os desafios de superar o preconceito

Rafaela tem 22 anos, natural de Jeceaba (MG), conta um pouco da superação pelo esporte

Primeiro Campeonato de Fisiculturismo para Homens e Mulheres Trans e Não-Binários, ocorreu neste fim de semana, oficialmente, o Trans Muscle Brasil no Teatro Municipal da Estância Hidromineral de Poá, na região do Alto Tietê, na Grande São Paulo. Trata-se de uma iniciativa inédita de inclusão de atletas transgênero e não-binários no fisiculturismo.

Foram 35 atletas se apresentando em cinco categorias: Men’s Physique, Classic Physique e Bodybuilding (divisões masculinas) e Women’s Physique e Wellness Fitness (divisões femininas).

Entre as campeãs estava Rafaela de Souza Xavier, de 22 anos, natural de Jeceaba (MG) que trouxe para a cidade a premiação nacional e medalha do título.

“Wellness Fitness é voltada a feminilidade do corpo inferior com mais volume e parte superior, o tronco, mais delicada”, explicou Rafaela, a nossa reportagem, transbordando ainda de felicidade e auto estima.

Além da competição, o evento foi cercado de palestras, demonstrações, shows e amplo espaço de marketing profissional para inserção no mercado.

O TransMuscle, segundo a organização veio, para não mais ser barrado – afirma o fundador e CEO do campeonato, Matteo Ceglio.

Após a primeira edição deste domingo (23), ele planeja realizar pelo menos dois eventos por ano e dar um salto profissional.

Rafaela, além do preconceito

Rafaela assumiu seu gênero ainda criança, superando preconceitos de toda a ordem. “Não é fácil em ser trans. Tem de ser forte e o preconceito está enraizado na sociedade. Escolhi ser forte”, relatou.

Para ir a São Paulo, ela conseguiu um auxílio financeiro através do projeto bolsa atleta da Prefeitura de Jeceaba que ajuda os profissionais e amadores em diversas categorias esportivas.

Quando souberam que ela recebeu recursos públicos, distribuíram uma carta anônima nas redes sociais criticando o apoio financeiro tentando desqualificar a atleta de forma preconceituosa e difamatório, um atentado aos direitos humanos.

“Somos livres. Mas fique chateada com o ocorrido em minha cidade. Mas superei. Todos conhecem meu esforço e dedicação. Sofremos muito por ser trans e do grupo LGBT”, considerou.

Rafaela treina em uma academia em Jeceaba mais de 3 horas diárias e fui seu esforço ser recompensado. “Na antiga academia que treinava era muito maltratada. Sinto-me empoderada e reconhecida pelo meu profissionalismo, independente do gênero. É uma conquista para minha terra e me orgulho”, comentou.

Rafaela almeja uma carreira no mercado publicitário como modelo e profissional fisiculturista. “Já venci muitas batalhas, mas vamos em frente. O mundo é dos destemidos e corajosos”, refletiu.

Ela agora espera para janeiro e já treina pra a 2ª edição do Trans Muscle Brasil.

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