Ana Elisa Murta usa experiência pessoal para criar obras com forte impacto econômico e social. Arte, produzida com pigmentos naturais extraídos das pedras minerais da região do Serro (MG), foi leiloada por £15.000,00 (aproximadamente R$105.000,00) em uma ação social promovida pela ONG GERANDO FALCÕES, no mês de abril, em Londres (UK). Todo o valor arrecadado será destinado à transformação das comunidades das favelas brasileiras
Imagine uma artista plástica com alergia à tinta. Uma profissional sem acesso ao material básico de seu trabalho por questões médicas. Foi neste contexto, em que poderia ter encerrado sua carreira, que Ana Elisa Murta teve uma ideia única: usar os resíduos da mineração para criar suas próprias tintas. O ambiente do qual Ana Elisa estava inserida ajudou. Nascida em Minas Gerais, estado cujo nome já remete diretamente à mineração, a artista tinha a seu dispor a matéria-prima necessária para fazer sua arte: os rejeitos do processo de retirada dos minérios da terra.
As Tintas Minerais Ecológicas, desenvolvidas após anos de estudo, são uma alternativa saudável às tintas convencionais que têm em suas composições os COVs: Compostos Orgânicos Voláteis, que representam sérios problemas ambientais e à saúde. O mercado conta com tintas livres de COVs, no entanto, a técnica desenvolvida por Ana Elisa tem como base o aproveitamento completo de resíduos minerais, que normalmente são descartados como estéreis ou rejeitos. Este processo reduz o impacto ambiental da mineração e produz tintas de alta qualidade e custo reduzido.
Com um trabalho minucioso de desenvolvimento, Ana buscou inspiração nos materiais que são descartados pelas mineradoras e viu ali um produto em potencial a ser explorado. Os pigmentos são extraídos de pedras minerais como a mica, o quartzo e a hematita encontradas na cidade do Serro, entre outras localidades, em Minas Gerais. Além de aproveitar os rejeitos produzidos no processo de mineração, impactando positivamente na sustentabilidade da atividade, Ana Elisa tem uma preocupação social com seu trabalho já que a extração dos pigmentos, que resultam em um produto livre de toxicidades, é feita por moradores locais, fomentando a geração de renda.
“Sempre tive uma preocupação com a origem e pureza das tintas e seu descarte. Utilizo ainda outros elementos encontrados na natureza. Ao escolher materiais sustentáveis e adotar práticas responsáveis, busco honrar a natureza e manter o ciclo da vida e da arte em equilíbrio”, conta Ana Elisa Murta, idealizadora da técnica. Após desenvolver as Tintas Minerais Ecológicas para o uso no ateliê e na confecção de seus quadros, Ana Elisa percebeu que havia um potencial maior nos produtos e começou a fazer testes para tintas de parede.
Os resultados dos estudos atuais têm se mostrado favoráveis com tonalidades e texturas únicas que em breve estarão disponíveis para arquitetos e demais profissionais da área de decoração. Em breve, a artista espera alcançar a produção em escala das Tintas Minerais Ecológicas para oferecer ao público em geral produtos sustentáveis, de baixo custo e com propriedades favoráveis à saúde dos consumidores.
Sobre Ana Elisa Murta
Nascida em Belo Horizonte, Ana Elisa Murta é uma artista brasileira com foco no expressionismo abstrato. Desde muito nova, ela criava e experimentava com cores e imagens, tendo participado de inúmeras aulas de arte e mantido uma conexão duradoura com o desenho e a pintura como meios de expressar suas emoções e pensamentos mais profundos. Somente depois de se formar em direito e construir uma carreira bem-sucedida no mundo dos negócios que ela finalmente pôde se dedicar intensamente à sua prática artística. Desde 2019, mantém uma agenda artística movimentada, já expôs individualmente em São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Cascais (PT), Montreux (CH), Pully (CH) e Londres (UK).
HISTÓRICO:
Os quadros da artista já foram expostos na Sala Brasil, na Embaixada do Brasil, em Londres, na Inglaterra, em 2023. Foi a primeira vez que a artista exibiu seus trabalhos no cenário internacional com a exposição “Colour Diving”.
Este ano, no mês de abril, Ana Elisa participou de uma ação social promovida pela ONG GERANDO FALCÕES, uma rede que trabalha incansavelmente para interromper o ciclo de pobreza nas favelas brasileiras, por meio da inovação e da tecnologia. Nesta iniciativa, a artista doou uma das obras que fez parte da exposição “Colour Diving”, exibida no ano passado na Embaixada do Brasil, em Londres (UK). A obra, produzida com pigmentos naturais extraídos das pedras minerais da região do Serro (MG) possui dimensões de 67 x 44 cm e foi leiloada por £15.000,00 (aproximadamente R$105.000,00). Todo o valor arrecadado será destinado à transformação das comunidades das favelas brasileiras. “O poder da arte como uma ferramenta para a mudança social, reforça o compromisso de trabalhar em prol de práticas sustentáveis e também para a promoção da Responsabilidade Social”, afirma.