27 de julho de 2024 09:07

INDÚSTRIA DA MULTAS? Comandante-geral da PM é convocado a explicar sobre denúncia que estariam militares premiando a emissão de multas

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Rodrigo Piassi, foi convocado a comparecer na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta quarta-feira (17), às 10h, para prestar esclarecimentos sobre uma denúncia contra a corporação. Procedimentos internos da PM estariam premiando a emissão de multas e obrigando policiais a utilizarem os próprios aparelhos celulares nas atividades profissionais. 

A reunião será realizada pela Comissão de Segurança Pública da ALMG e foi requerida pelo presidente do colegiado, deputado Sargento Rodrigues (PL), e pelo deputado Caporezzo (PL). Em abril deste ano, Piassi teve uma áspera discussão justamente com os dois parlamentares durante uma audiência pública na Casa.   

Duas outras autoridades militares foram convidadas – e não convocadas, como Piassi – a comparecer à reunião: o comandante da 7ª Companhia de Polícia Militar Rodoviária, sediada em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, capitão Paulo César Pereira Chagas, e o corregedor da Polícia Militar, coronel Maurício José de Oliveira.

Denúncias da corporação

Sargento Rodrigues e Caporezzo, que é pré-candidato à Prefeitura de Uberlândia, disseram ter recebido inúmeras denúncias de policiais militares do Comando de Policiamento Rodoviário (CPRv), do Batalhão de Polícia Militar Rodoviária, do Comando de Policiamento Especializado, do 13º Batalhão da Polícia Militar e da 6ª e da 13ª Região da Polícia Militar. Todas elas teriam relação com memorandos do Programa de Incentivo à Produtividade (PIP).

Através dos memorandos, os policiais militares estariam sendo incentivados a bater metas para alcançar de elogios a premiação de dispensa de serviço, o que estaria aumentando artificialmente o número de multas aplicadas. Ainda segundo relato dos deputados, os policiais estariam sendo alvos de ameaça de transferências e avaliações negativas nas classificações anuais de desempenho. 

Outro problema relatado seria que dados de produtividade dos policiais estariam sendo encaminhados por meio dos celulares particulares deles. Segundo Sargento Rodrigues, o capitão Paulo César Pereira Chagas, comandante da 7ª Companhia PMRv, teria ordenado aos policiais militares sob seu comando ingressarem e permanecerem em grupos oficiais de WhatsApp. 

Brigas na ALMG

A tensão entre os deputados Sargento Rodrigues (PL) e Caporezzo (PL) e o comandante geral da Polícia Militar teve início em 16 de abril, durante audiência pública realizada para discutir a recomposição salarial de militares. Naquela oportunidade, Rodrigo Piassi  trocou farpas com Sargento Rodrigues.
Quando teve a palavra, o comandante geral, que se pronunciou após 50 minutos do início da sessão, afirmou que foi à ALMG para ser ouvido e não para ouvir. “Agradeço que a palavra tenha sido transmitida a mim, porque acredito muito que, se fui convocado, não foi para ouvi-los. O senhor me chamou aqui para que eu seja ouvido”, provocou Piassi.

Sargento Rodrigues, então, o interrompeu, dizendo que quem ditaria as regras seria ele. “Quem dirige os trabalhos sou eu. Não é o senhor, não é nenhum convocado, convidado ou secretário de Estado. Talvez eu vou ter que fazer novamente a leitura do artigo 120 do regimento interno (da ALMG) para o senhor”, ameaçou Rodrigues, que, após o comandante pedir, leu. O deputado já havia se irritado quando, logo no início, Piassi questionou se havia quórum suficiente para a audiência.
Caporezzo também se desentendeu com Piassi, acusando o comandante de supostamente violar o sigilo funcional, contrariar a Lei Geral de Proteção de Dados e cometer improbidade administrativa ao expor os dados da sua ficha funcional como cabo na última audiência.

Mais Notícias

Receba notícias em seu celular

Publicidade