O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Rodrigo Piassi, foi convocado a comparecer na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta quarta-feira (17), às 10h, para prestar esclarecimentos sobre uma denúncia contra a corporação. Procedimentos internos da PM estariam premiando a emissão de multas e obrigando policiais a utilizarem os próprios aparelhos celulares nas atividades profissionais.
A reunião será realizada pela Comissão de Segurança Pública da ALMG e foi requerida pelo presidente do colegiado, deputado Sargento Rodrigues (PL), e pelo deputado Caporezzo (PL). Em abril deste ano, Piassi teve uma áspera discussão justamente com os dois parlamentares durante uma audiência pública na Casa.
Duas outras autoridades militares foram convidadas – e não convocadas, como Piassi – a comparecer à reunião: o comandante da 7ª Companhia de Polícia Militar Rodoviária, sediada em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, capitão Paulo César Pereira Chagas, e o corregedor da Polícia Militar, coronel Maurício José de Oliveira.
Denúncias da corporação
Através dos memorandos, os policiais militares estariam sendo incentivados a bater metas para alcançar de elogios a premiação de dispensa de serviço, o que estaria aumentando artificialmente o número de multas aplicadas. Ainda segundo relato dos deputados, os policiais estariam sendo alvos de ameaça de transferências e avaliações negativas nas classificações anuais de desempenho.
Outro problema relatado seria que dados de produtividade dos policiais estariam sendo encaminhados por meio dos celulares particulares deles. Segundo Sargento Rodrigues, o capitão Paulo César Pereira Chagas, comandante da 7ª Companhia PMRv, teria ordenado aos policiais militares sob seu comando ingressarem e permanecerem em grupos oficiais de WhatsApp.
Brigas na ALMG
A tensão entre os deputados Sargento Rodrigues (PL) e Caporezzo (PL) e o comandante geral da Polícia Militar teve início em 16 de abril, durante audiência pública realizada para discutir a recomposição salarial de militares. Naquela oportunidade, Rodrigo Piassi trocou farpas com Sargento Rodrigues.
Quando teve a palavra, o comandante geral, que se pronunciou após 50 minutos do início da sessão, afirmou que foi à ALMG para ser ouvido e não para ouvir. “Agradeço que a palavra tenha sido transmitida a mim, porque acredito muito que, se fui convocado, não foi para ouvi-los. O senhor me chamou aqui para que eu seja ouvido”, provocou Piassi.
Sargento Rodrigues, então, o interrompeu, dizendo que quem ditaria as regras seria ele. “Quem dirige os trabalhos sou eu. Não é o senhor, não é nenhum convocado, convidado ou secretário de Estado. Talvez eu vou ter que fazer novamente a leitura do artigo 120 do regimento interno (da ALMG) para o senhor”, ameaçou Rodrigues, que, após o comandante pedir, leu. O deputado já havia se irritado quando, logo no início, Piassi questionou se havia quórum suficiente para a audiência.
Caporezzo também se desentendeu com Piassi, acusando o comandante de supostamente violar o sigilo funcional, contrariar a Lei Geral de Proteção de Dados e cometer improbidade administrativa ao expor os dados da sua ficha funcional como cabo na última audiência.