Um dos alunos trocou de lugar minutos antes do acidente e teve o braço amputado; acidente com ônibus que saiu de São Tiago aconteceu no domingo (13) em Carlos Chagas (MG).
Dez estudantes de São Tiago (MG) que estavam em um ônibus de turismo que tombou no domingo (13) na BR-418, em Carlos Chagas, no Vale do Mucuri, seguem internados em estado grave. Um dos alunos trocou de lugar minutos antes do acidente e teve o braço amputado.
A viagem que marcaria o fim de um ciclo importante na vida de qualquer estudante se transformou em um episódio traumático.
“Foi uma viagem que a gente veio planejando desde o fim do ano passado, a gente estava muito feliz e chegar e acontecer o que aconteceu não foi uma coisa que a gente estava esperando. O nível, a gravidade que aconteceu não foi o que a gente estava esperando, foi uma fatalidade mesmo que aconteceu com a gente”, contou o estudante Henrique Santiago de Almeida, de 17 anos.
No total, 51 alunos da Escola Estadual Afonso Pena Júnior iriam para a praia comemorar a formatura do terceiro ano do ensino médio. O ônibus saiu de São Tiago, no Sul de Minas, na tarde do último sábado (12) com destino a Porto Seguro, no litoral da Bahia.
Mas antes de completar o trajeto, com mais de 1.100 quilômetros, o veículo tombou na BR-418, em Carlos Chagas, no Vale do Mucuri.
“A gente estava chegando no município de Carlos Chagas, quando o motorista entrou na curva, eu lembro certinho do momento que o ônibus já veio tombar, dos gritos dos meus colegas, e da hora que aconteceu o acidente. Eu lembro tudo, lembro tudo. Tava a primeira fileira de cadeira do ônibus, do andar de cima, eu tava lá, eu e mais dois colegas que tão até entre os hospitalizados”, disse o estudante.
Trauma também para os pais, que estavam em São Tiago.
“Foi bastante traumático, eu acredito que pra todos e ainda tá sendo. A gente, eu e meu marido, em primeiro momento recebemos a ligação da nossa filha, porque ela, graças a Deus, teve a chance de estar com o celular em mãos, então eu acredito que ela foi uma das primeiras a ligar. Ela ligou pra gente cerca de 15 pra 7h, 7h, que eu não me lembro exatamente o horário, falando que o ônibus tinha sofrido um acidente. Chegando lá, a gente encontrou um estado assim de, eu posso dizer que eu senti completamente dó, muita dó daqueles meninos”, disse a empresária Danielle Martins de Souza.
Troca de poltronas
Um passo, um movimento, um segundo que podem mudar os rumos de uma história. Isso aconteceu com dois jovens que estavam dentro do ônibus. Cauã e Henrique trocaram de poltrona de última hora. Henrique sentou exatamente no lugar em que foi atingido violentamente e perdeu o braço.
“Poderia ser eu agora no lugar da mãe do Henrique, poderia ser como dos demais, eu estou assistindo o Henrique, porque ele estava do lado do Cauã, então houve essa troca de lugares, né? Então a gente fica mais pensativo ainda, mais angustiado. é isso”, contou a cantora Ana Cláudia Vieira.
“Foi obrigado a amputar o braço porque não tinha solução para ele. Um menino cheio de sonhos, com 17 anos de idade, inclusive o sonho dele é ir para a Aeronáutica, que era o plano dele. E um menino muito educado, muito responsável, não tem vício nenhum, as notas todas excelentes e hoje nós temos esse sonho sendo mudado”, disse o tio do menino, o corretor de imóveis Ricardo Alessando da Mata.
Ônibus que tombou na BR-418 levava estudantes do Sul de MG para excursão na Bahia — Foto: Reprodução/Escola Estadual Afonso Pena Júnior
Pais dizem que houve negligência
Pelo menos 10 alunos continuam internados em estado grave. Os pais e estudantes alegam que houve negligência por parte da empresa de turismo que foi contratada.
“Chegando lá não tinha o suporte de ninguém nos locais. Os nossos filhos não tiveram o suporte de ninguém. Nós não recebemos notícias. Questionando sobre isso, disseram que não podia falar para os pais que tinham tido um acidente, que os pais ficariam desorientados. Lógico, a gente ficaria desorientado de toda forma, mas o que a gente queria saber era a notícia dos nossos filhos. A gente ficou desinformado por vários tempos”, disse a empresária Danielle Martins.
Os estudantes que já tiveram alta estão retornando aos poucos para São Tiago. A Secretaria Municipal de Educação criou uma rede de apoio com atendimento psicológico para ajudar alunos e familiares.
“Para promover o acolhimento desses meninos e dos que vão precisar de um atendimento contínuo, então já disponibilizamos nossas psicólogas todas para ficar de prontidão para estar atendendo. Fizemos contato com o consórcio de saúde a qual fazemos parte para disponibilizar psiquiatra também e algum outro profissional também que vai ter a demanda para estar atendendo esses meninos”, disse o secretário de educação de São Tiago, Bruno Henrique dos Santos.
Ir para Porto Seguro não será mais possível, mas os alunos ainda vão ter uma festa de formatura, só que agora depois do acidente, uma nova viagem está fora dos planos.
“A gente tem que ter um bom tempo para todo mundo, tanto de ônibus, de avião, que seja, porque eu acho que a gente está traumatizado. Agora a gente espera que a empresa arque com as consequências. Destruiu sonhos, então com certeza absoluta a gente vai fazer que eles arquem com as consequências, com o que fizeram na vida de todo mundo”, disse um dos envolvidos, que não quis ser identificado.
O que dizem as empresas envolvidas
A empresa Beira Alta Turismo, responsável pela viagem dos alunos, disse nas redes sociais que todas as medidas foram tomadas e que o suporte necessário foi prestado a todos os envolvidos.
A Prisma Turismo, empresa responsável pelo ônibus, afirmou que se mobiliza a prestar apoio às famílias, incluindo hospedagem em hotel e também nos transportes dos alunos e familiares.
FONTE G1