Empresa causa alvoroço ao anunciar a demissão de 11 mil pessoas. A medida, somada ao fechamento de fábricas e cortes profundos, coloca em risco o futuro de uma geração de trabalhadores.
A crise está batendo à porta de 11 mil trabalhadores de uma das maiores indústrias siderúrgicas do mundo!
Em um anúncio que surpreendeu a todos, a divisão europeia de siderurgia do conglomerado industrial alemão Thyssenkrupp AG revelou que nos próximos seis anos, o número de empregos na área de aço será reduzido drasticamente.
O impacto dessa decisão vai além da redução de postos de trabalho, afetando toda a economia da região e trazendo à tona uma série de questionamentos sobre o futuro da indústria global.
O anúncio da demissão massiva: Impactos globais e locais
Na segunda-feira, 25 de novembro, a Thyssenkrupp Steel Europe (TKSE), com sede em Duisburg, no oeste da Alemanha, anunciou a decisão de reduzir sua força de trabalho de 27 mil para 16 mil empregados até 2030.
O principal motivo apontado pela empresa para essa reestruturação foi a crescente competição com as importações de aço barato, principalmente da Ásia, o que tem pressionado sua competitividade.
“São necessárias medidas urgentes para melhorar a produtividade e a eficiência operacional da própria TKSE”, disse um comunicado da empresa.
A situação no coração da indústria de aço da Alemanha
A decisão afeta diretamente os centros siderúrgicos na Europa, sendo a maior parte da produção concentrada no “cinturão da ferrugem” da Alemanha, especialmente na cidade de Duisburg, que já enfrenta problemas econômicos relacionados à desindustrialização e à perda de população.
De acordo com as autoridades locais, o governador da Renânia do Norte-Vestfália, Hendrik Wüst, afirmou que o anúncio foi um “choque para milhares de funcionários e suas famílias”, uma situação difícil para uma região já impactada por problemas econômicos.
A própria TKSE confirmou que, até 2030, cerca de 5 mil postos de trabalho serão extintos com “ajustes na produção e na administração”, enquanto outros 6 mil postos serão terceirizados ou eliminados completamente por meio da venda de unidades.
Fechamento de fábricas e a perda de empregos
Além dos cortes de pessoal, o plano de reestruturação inclui o fechamento de uma siderúrgica na região de Siegerland, que atualmente emprega aproximadamente mil pessoas.
A TKSE também afirmou que sua capacidade de produção será reduzida dos atuais 11,5 milhões de toneladas de aço para uma meta futura de 8,7 a 9 milhões de toneladas.
Embora esse movimento tenha como objetivo ajustar a produção à nova realidade econômica, ele não deixou de ser um golpe forte para a economia local.
A oposição e a visão sindical sobre a reestruturação
A medida não foi bem recebida pelos sindicatos, com o IG Metall, um dos maiores sindicatos industriais da Alemanha, criticando o plano.
De acordo com o sindicato, a reestruturação é “uma catástrofe” para os trabalhadores, que veem a perda de seus postos como algo inevitável, mas cruel.
“O que é necessário agora é um plano ousado para o futuro, e não um corte explicito e sem imaginação”, afirmou Jürgen Kerner, copresidente do IG Metall.
Em resposta, o CEO da TKSE, Dennis Grimm, defendeu a reestruturação como necessária para garantir perspectivas de emprego no longo prazo, embora tenha reconhecido que muitos trabalhadores enfrentariam dificuldades nesse processo.
A relação com outros grandes cortes de empregos na Alemanha
Este movimento da Thyssenkrupp é apenas mais um no cenário de demissões em massa que está assolando a Alemanha nos últimos meses.
Empresas como a Volkswagen, Bosch e outras gigantes do setor automotivo já anunciaram cortes significativos em suas fábricas devido à desaceleração nas vendas de carros novos na Europa.
A Volkswagen, por exemplo, assim como publicou o PG, anunciou o fechamento de fábricas e a demissão de dezenas de milhares de trabalhadores. A Bosch, por sua vez, conforme também mostrado aqui, planeja cortar 5,5 mil empregos.
Esses cortes refletem uma tendência crescente no setor industrial europeu, que tem enfrentado dificuldades devido a vários fatores, incluindo a desaceleração econômica global, a pressão de competidores internacionais e a automação crescente.
O impacto da crise no Brasil e no futuro da Thyssenkrupp AG
Apesar do grande impacto na Alemanha, a crise não envolve as operações da Thyssenkrupp AG no Brasil, onde o conglomerado atua em diversas áreas, como automotiva, naval e química.
A empresa possui cerca de 4 mil funcionários na América do Sul, e suas operações brasileiras não foram afetadas pelos cortes anunciados na Europa.
No entanto, a Thyssenkrupp AG, que em 2017 vendeu sua usina siderúrgica no Brasil, continua enfrentando desafios financeiros.
No ano fiscal de 2023-24, o conglomerado registrou um prejuízo de € 1,5 bilhão, depois de um prejuízo de € 2 bilhões no ano anterior.
Transformação ou venda: O futuro da Thyssenkrupp AG
Com os cortes de empregos, a Thyssenkrupp AG também anunciou um plano para transformar sua divisão de aço em uma empresa totalmente independente, o que está sendo criticado pelo sindicato.
A proposta, que inclui a possível venda de parte da empresa, gerou controvérsias, principalmente pelo fato de a holding tcheca EPCG, que já possui 20% das ações da TKSE, planejar aumentar sua participação para 50%. Segundo o sindicato, isso seria uma “entrega” da empresa para um preço baixo.
O futuro das indústrias de aço e as transformações no mercado de trabalho europeu
À medida que a indústria europeia enfrenta uma reestruturação drástica, surgem questões sobre o futuro do setor siderúrgico e o impacto dessa transformação no mercado de trabalho.
As demissões em massa e a automação crescente são apenas um reflexo de um cenário em que as grandes corporações buscam ajustar suas operações para manter a competitividade diante de desafios globais.
O que resta saber é como essas mudanças afetarão a economia global e, em particular, a força de trabalho que depende de empregos no setor industrial.
FONTE CLICK PETRÓLEO E GÁS