Estatal vai construir até 2027 uma nova subestação com investimentos e R$ 75 milhões em Lafaiete (MG)
Durante mais de duas a Cemig foi alvo de duras críticas e denúncias de descaso pelos serviços prestados em Conselheiro Lafaiete (MG) e cidades da região. A audiência pública, proposta pelo Vereador e Presidente da Câmara, Erivelton Jayme (PRF), promoveu uma pressão na estatal por mais zelo, atenção com os consumidores como também investimentos. Somente no município são mais de 65 mil consumidores, sendo 10% rural e o restante na zona urbana.
Os moradores tomaram o plenário da Câmara de Lafaiete na noite de ontem (5), e os representante a empresa se esforçaram para responder a mais de duas dezenas de reclamações, mas reconheceram que, diante das evidências, o serviço é deficitário, mas estabeleceram, que a partir de 2025, haverá uma mudança drástica em relação aos consumidores e mesmo com o poder público.
As críticas
As principais reclamações foram os apagões e queda de energia em diversos bairros. Inconformados com a falta de respostas da empresa às demandas, os moradores entupiram com críticas a qualidade duvidosa dos serviços, como também a precária falta de transparência e comunicação. Dos moradores dos Bairros Gagé, Buarque de Macedo e Rancho Novo partiram as principais reclamações contra a estatal. Os relatos dos consumidores detalham muitas das vezes dramas pessoais. “Temos na comunidade diversos acamados e pessoas que usam balões de oxigênio. A situação é dramática. Durantes os piques, tem parte do bairro que tem luz e outro não. Isso dura mais de 10 anos. Queremos uma solução”, salientou José Santana, do Gagé.
Moradores reclamaram da queima de aparelho com os piques de energia e a burocracia para restituição por um novo. “Para cortar a luz é rápido, mas para repor um equipamento é uma demora sem fim”, disse Adilson Gonzaga, do Bairro Bandeirinhas. Ana Maria Castro denunciou que há mais de 20 anos luta pela instalação de um transformador em sua rua José Felipe. “Para tomar banho tem de alternar com o vizinho, caso contrário a padrão desarma. Isso dura há mais décadas. Um absurdo e uma falta de dignidade e respeito conosco. A gente não aguenta mais”.
Casamento sem luz
Um dos depoimentos mais marcantes da noite veio do morador Edmar, do Rancho Novo, bairro mais afetado pela má qualidade dos serviços. Em tom jocoso, mas de crítica, ele contou um caso de um casamento em 2009 realizado no escuro na Igreja. “Faltou energia na hora e os noivos não tiveram outra alternativa de casar a luz de velas. Faço festas, mas muitas das vezes falta energia. Em 2024, viramos o ano sem energia”, reclamou.
Economia
Uma empresária e moradora de Buarque de Macedo, dono de laticínio, expôs os recorrentes prejuízos com falta de energia afetando a economia regional. Ele relatou perda da produção de leite. “Temos prejuízos constantes e somos obrigados a arcar com eles para não prejudicar nossos produtores. Uma vez, ficamos mais de 26 horas sem luz e também sem solução”, desabafou. “Estamos à deriva no Rancho Novo. No final do ano passamos a virada a luz de vela no bairro”, reportou Jorge Carneiro. “A cidade cresceu mas em contrapartida não houve investimentos necessários para suportar a grande demanda de consumo na rede”.
Os depoimentos são os mais diversos, inclusive de donos de chácaras e sítios para aluguéis aos finais de semanas, feridos ou temporadas no Rancho Novo. “Eles passam vergonha, pois os clientes ficam sem luz”, contou o Vereador Pedro Américo (PT).
Empresa fala em investimentos e construção de subestação em Lafaiete
Além de reconhecer a deficiência e proposta de melhorias a partir de 2025, os representantes da Cemig na audiência, em meio a avalanche de críticas, falaram em “virada de chave” no relacionamento com Lafaiete e 19 cidades da região. “Vamos mudar a realidade, garantir ampliação da rede com energia de qualidade aos nosso consumidores”, resumiu Ronaldo Lucas, Gerente de Relacionamento.
Ele citou que em 2025, Lafaiete já tem uma nova gerência regional, entre as 16 no Estado. “Pedimos desculpas. Vamos mudar este histórico, com ampliação de rede e investimentos de R$ 19 milhões nos próximos anos”, salientou Anderson Moreira, Gerente da unidade em Lafaiete.
Ele anunciou a construção de uma nova subestação que funcionará até 2027 na ordem de R$ 75 milhões para ampliar a capacidade de energia e investimento na melhorias da rede. “A partir desta data de hoje vamos mudar nossa patamar de relacionamento e dar um resposta a população”, encerrou.