Os caminhões carregados de minério de ferro, em breve, poderão deixar de circular na BR-040 e na BR-356, na região Central de Minas Gerais. Isso porque esse transporte passará a ser feito por um terminal ferroviário que está sendo revitalizado em São Gonçalo do Bação, distrito localizado a 16 quilômetros de Itabirito.
A operação começa já no segundo semestre deste ano. O terminal faz parte das obras da antiga Ferrovia do Aço, que já existe há mais de 40 anos, e agora vai ser revitalizado. O transporte do minério pela ferrovia tem como objetivo reduzir o trânsito de caminhões na BR-040 e BR-356, além de reduzir a emissão de gases que causam poluição ambiental e o efeito estufa.
A empresa responsável pela implantação do projeto é a Terminal Ferroviário de Bação (TFB). Há 8 anos são feitos estudos para analisar os impactos sociais, ambientais, culturais e econômicos na região. Neste ano, o licenciamento para o início das obras foi concluído junto aos órgãos responsáveis.
Em 2023, foi assinado um acordo entre a empresa, o Ministério Público e o Governo do Estado. São Gonçalo do Bação é um povoado de quase 300 anos e cerca de 600 moradores. Nas negociações com a comunidade, um dos pontos mais importantes foi a resposta às demandas locais para a redução dos possíveis impactos ambientais e a preservação da cultura da região.
“Esse projeto, que foi merecedor da licença ambiental, não é o projeto inicial. Foi um projeto que conquistou melhorias justamente ouvindo as preocupações públicas, as políticas públicas que vieram sendo atualizadas nesses últimos 10, 15 anos e, sobretudo, as preocupações das comunidades com a circulação de veículos, com a sua própria segurança e com a questão dos ruídos e da poeira”, explicou Germano Vieira, consultor de Meio Ambiente e Sustentabilidade da TFB.

Terminal divide opiniões em São Gonçalo do Bação
O povoado atrai turistas, principalmente aos finais de semana, em busca de cachoeiras e do patrimônio histórico local, como a Igreja Matriz e a Capela do Rosário. Bação surgiu no Ciclo do Ouro, no século 18. Germano esclarece que a preservação destes patrimônios histórico e ambiental é parte fundamental do acordo firmado com a população para o funcionamento do terminal ferroviário.
As negociações envolveram também ambientalistas e movimentos sociais, preocupados com possíveis efeitos que a construção poderia causar na população local. Cláudio Aguiar, membro de um destes movimentos, o Vozes do Bação, pondera que não é contra o empreendimento, mas se preocupa com os possíveis impactos onde serão realizadas as obras.
“Embora um terminal de minério em si não realize a extração de minério de ferro, ele é um braço, uma continuidade das operações que compõem a cadeia produtiva da da atividade minerária. A Associação Comunitária de São Gonçalo do Baixo se posiciona contra o local pretendido para instalação do terminal de minério. Esse local ele fica menos de 700 m da nossa comunidade”, disse ele.
O consultor de meio ambiente da TFB, porém, tranquiliza os moradores e representantes de movimentos sociais. Ele afirma que tudo foi planejado para que a comunidade só tenha a ganhar com a implantação do terminal. As obras para a construção do Terminal devem começar ainda no primeiro semestre e vão durar cerca de um ano para serem concluídas.