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Sem memória — Ruínas de pedras da fazenda Roça Grande desaparecem e região perde parte de sua história

Por João Vicente Gomes

Vou começar escrevendo que as ruínas de pedras da Fazenda Roça Grande sumiram, desapareceram, escafederam, saíram do meu radar. Que pena, que pena. A Fazenda Roça Grande, situada às margens da MG 482, em Itaverava (MG), datada do século XVIII e demolida no século XX, deixou como lembrança uma ruína de pedras que recentemente desapareceu sem deixar rastros. Essas ruínas, que eram o porão (senzala) da fazenda, resistiam às intempéries, guardando uma história viva do período imperial escravocrata, e pertenciam à tradicional família de Queluz, os Baeta Neves. Longe dali, existe outra fazenda, a Água Limpa, esta sim preservada e de propriedade da família Franco, que no passado também pertenceu aos Baeta Neves, do expoente Joaquim, o Barão de Queluz. Voltando ao assunto do sumiço das ruínas: hoje, quem passa pelo local não vê mais aquelas belas construções de pedra. Patrimônio histórico não tombado, há anos abandonado, esquecido, e agora desaparecido para sempre.

Tive o prazer de levar as crianças e os adolescentes, estudantes da EM Arnaldo Rodrigues Pereira — onde tive a honra de ser diretor (2005–2008) — àquele local para ouvir, de um morador antigo que viveu na fazenda na época da sua infância e juventude, bem antes da demolição, suas histórias sobre a exuberante propriedade, da qual infelizmente não conseguimos, até hoje, uma foto.

A Fazenda Roça Grande foi uma das primeiras da região, e suas ruínas, além de sua importância histórica, eram também um marco cultural da arquitetura do século XVIII em Minas Gerais. O desaparecimento dessas ruínas é um exemplo de como a falta de uma política conjunta de tombamento, proteção e preservação do patrimônio cultural pode levar à perda irreparável de bens históricos e culturais.

É fundamental que sejam tomadas medidas para tombar, proteger e preservar o patrimônio cultural, e que sejam aplicadas sanções rigorosas àqueles que cometem abusos contra ele. Além disso, é importante que a comunidade local se mobilize para proteger e preservar seu patrimônio, e que sejam criadas políticas públicas que garantam a conservação e proteção desses bens.

As ruínas de pedras ficavam na divisa de Lafaiete e Itaverava, na rodovia BR-482, comunidade dos Almeidas. Parafraseando a letra de uma música do RC que diz “eu fico triste só de pensar em te perder”, é isso: eu fico triste toda vez que passo por lá e não vejo mais as ruínas de pedras. É lamentável e triste!

O desaparecimento das ruínas da Fazenda Roça Grande é um lembrete de que a preservação do patrimônio cultural é uma responsabilidade de todos, e que devemos trabalhar juntos para proteger e preservar nosso legado histórico e cultural.

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