O Legendários, um grupo cristão masculino, entrou sem autorização no parque estadual da Serra do Ouro Branco, em Minas Gerais, deixando um rastro de lixo no local. A travessia ocorreu entre os dias 10 e 13 de abril. O IEF (Instituto Estadual de Florestas) afirmou que alertou o grupo sobre as irregularidades, segundo a Folha de S.Paulo.
A área é uma unidade de conservação e é tombada pelo Iepha-MG (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais).
Como é a Serra do Ouro Branco?

Imagem: Reprodução/Iepha-MG
Ela faz parte da Cordilheira do Espinhaço, que tem 1.568 metros de altitude. Essa formação montanhosa é um divisor das bacias hidrográficas do Rio São Francisco e do Rio Doce, segundo o Iepha-MG. Além da serra, o parque também possui outras belezas naturais, como cachoeiras. Entre as atrações estão o poço Córrego da Colônia e o poço Córrego da Lavrinha, além de uma série de mirantes.
Ao todo, são 1.614 hectares de campos rupestres. A diversidade da flora é endêmica e diversa. A vegetação é composta por cinco formações: Graminóides, Afloramentos Rochosos, Matas de Galerias e Capões, Campos Brejosos e Campos de Velózias (Canela-de-Ema), segundo governo de MG.
Além disso, a Serra tem sítios arqueológicos. Por lá, é possível ter contato com o caminho da Estrada Real e fazendas da época. A Serra chegou a ser conhecida como Serra do Deus-te-livre no século 18, justamente por ser uma zona de saques e devido à dificuldade da travessia.
No local é possível fazer uma série de atividades — mas é necessário autorização. Como está em unidade de conservação, as atividades estão restritas a ecoturismo, como caminhadas e trekkings, e à pesquisa. Não é permitido acampar.
IEF alertou os organizadores dos Legendários sobre a irregularidades. Segundo a Folha de S.Paulo, o IEF disse que a atividade do grupo deveria ser interrompida. No entanto, isso não ocorreu, o que gerou uma vistoria realizada para apurar se houve infrações ambientais. “O relatório está em fase de finalização e será encaminhado à administração para a adoção das medidas cabíveis, que podem incluir advertências e autuações”, disse o órgão à publicação.
Os Legendários
O grupo foi criado pelo pastor Chepe Putzu na Guatemala em 2015. Os Legendários organizam trilhas das quais apenas homens podem participar. Lá, eles ficam incomunicáveis e passam por “experiências que levam os homens a encontrar a melhor versão de si mesmos e seu novo potencial”, segundo o site do movimento.
Cada participante ganha um número após completar a trilha. De acordo com o site, no momento existem 52 mil legendários ao redor do mundo — o número 1 é dado a Jesus. As atividades são sempre secretas.
Em janeiro, um homem morreu enquanto fazia a trilha em Mato Grosso do Sul. O administrador de empresas Fábio Adriano Machado Cherini, de 44 anos, morreu após ter uma parada cardíaca no acampamento dos Legendários. O grupo era acompanhado por uma equipe médica, cujo socorrista disse que Fábio apresentou confusão mental, mas que sinais vitais estavam normais.
FONTE: NOTÍCIAS UOL