Na praça central da cidade, diante da Igreja Matriz, em Carandaí (MG), uma casinha simples ganhava vida todo mês de dezembro. Dentro dela, um senhor de roupas vermelhas, barba branca e olhos brilhantes distribuía abraços, sorrisos e sonhos. Era Gerson de Souza Goulart — ou, como todos preferiam chamá-lo, o Papai Noel da Matriz. Por décadas, Gerson encantou gerações. Crianças cresciam esperando o momento mágico de ver o bom velhinho sentado na poltrona, pronto para ouvir desejos e espalhar alegria. Sua presença tornou-se tradição em Carandaí. Mais do que interpretar um personagem, ele se transformou em símbolo vivo do espírito natalino: generoso, afetuoso e inesquecível.
Na madrugada desta sexta-feira, 23 de maio, Gerson partiu aos 74 anos, vítima de pneumonia. Deixa a esposa, sete filhos e quinze netos, além de uma cidade inteira que hoje lamenta a despedida de alguém que parecia eterno. O velório acontece até as 9h deste sábado, quando o corpo será levado para cremação em Belo Horizonte.
A família, em meio à dor, fez um pedido singelo, mas poderoso: que a cidade não deixe morrer a magia que Gerson ajudou a construir. “Continuem acreditando no Natal, continuem espalhando afeto. Ele sempre acreditou que um gesto de amor podia mudar o dia de alguém.”
E talvez seja isso mesmo: todo dezembro, quando as luzes forem acesas e o sino da Matriz tocar, será como se Gerson voltasse mais uma vez — não numa fantasia vermelha, mas em cada abraço apertado, em cada criança sorrindo, em cada lembrança que aquece o peito. Porque quem espalha amor, nunca parte de verdade.