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Tera, Kardian, Pulse e Kicks não deveriam ser chamados de SUVs, pois não são

OPINIÃO: Por questão de marketing e nossa preguiça mental, carros que não têm nada de utilitários esportivos rejeitam a própria categoria

O excesso de SUVs compactos tem levado alguns especialistas a sugerirem dividir essa categoria. Uma das sugestões é SUV “subcompacto”. Ou seja: uma corruptela que visa perpetuar um status para carros que não são o que dizemos que são. Para citarmos apenas quatro, Tera, Kardian, Pulse e Kicks Play não deveriam ser chamados de SUVs e sim de crossovers, pois é o que são.

A indústria automotiva resolveu essa questão muito antes de esses carros chegarem à popularidade atual: são crossovers. Ou mais exatamente: CUVs (Crossover Urban Vehicles). Quando lançou o Kicks no Brasil, a Nissan o definiu como um “SUV urbano”, contrariando o próprio conceito que tinha mostrado poucas semanas antes na Inglaterra, quando disse que criou o conceito de “crossover” com o Qashqai.

Da mesma forma, antes de os jornalistas colarem no Pulse o nome de “SUV do Argo”, o CEO da Fiat havia afirmado que lançaria no Brasil um “CUV, um crossover urbano”. Eu sei porque estava lá nessas três ocasiões. A própria Volkswagen, quando lançou o Nivus, evitou usar o termo “SUV cupê”, preferindo chamá-lo de “cupê urbano”.

Existe uma certa preguiça mental de todos nós que insistimos em chamar de SUVs carros que definitivamente não são Veículos Utilitários Esportivos, termo que nasceu de modelos enormes, robustos, altos e com tração 4×4, como Nissan Pathfinder, Toyota SW4, Mitsubishi Pajero e Jeep Cherokee.

Não existe nada que desmereça o Volkswagen Tera, o Renault Kardian, o Fiat Pulse e o Nissan Kicks Play se eles forem chamados pelo que são: CUVs, ou, melhor, crossovers urbanos. Na real, carros como VW T-Cross, Hyundai Creta, Chevrolet Tracker, Honda HR-V e Peugeot 2008 também são crossovers.

Recentemente, nos Estados Unidos, vi uma apresentação da Cadillac na qual todos os carros que aqui chamamos de SUVs eles chamaram de crossovers. E o que é um crossover? Segundo a Nissan, que diz ter inventado o conceito, é uma mistura de duas categorias, sendo uma delas um SUV. Por exemplo: um hatch + um SUV; uma perua + um SUV; um cupê + um SUV. 

Para além da preguiça mental que leva brasileiros a dizerem “minha” T-Cross, “uma” Porsche, “aquela” EcoSport e “a” Corvette, todos no gênero feminino, existe a manipulação dos marqueteiros, que batem na tecla do “SUV, SUV, SUV” porque é um termo que vende. Por isso também os jornalistas acabam usando “SUV” em carros que não são, pois estamos todos sob a ditadura do algoritmo – e “SUV” aparece mais nas buscas do Google do que “crossover”.

Ah, mas tecnicamente, segundo as regras do Inmetro, esses carros são, sim, SUVs. Isso é um fato. Porém, é papel do jornalista “separar o joio do trigo”, não? Bem, pelo menos era. Foi assim que todos fizemos no caso do Renault Kwid, que surgiu como “SUV dos compactos” e que também cumpre os requisitos do Inmetro. porém, ninguém aceitou chamar o Kwid de SUV. Nem sequer na Fenabrave ele aparece nesse segmento.

Bem, para ser coerente, vou procurar trabalhar um pouco mais nesse tema, talvez selecionando uma lista de carros que são crossovers. Já tentamos isso certa vez na antiga revista Motor Show, e ficamos isolados. Mas, afinal, a vida não é só algoritmo, né? Como nem todos os carros “altinhos” são, de fato, SUVs.

FONTE: TERRA.COM.BR

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