Com um motor dócil, ronco de superbike e seguro viável, a moto que saiu de linha Yamaha XJ6 N se tornou um ícone no mercado de seminovos, sendo a porta de entrada perfeita para o universo dos quatro cilindros.
Mesmo anos após o fim de sua produção, em 2019, a Yamaha XJ6 N continua sendo um fenômeno no Brasil. Esta moto que saiu de linha não apenas manteve sua relevância, como se tornou a quatro cilindros mais procurada por motociclistas que buscam subir de categoria. Ela deixou uma saudade que o mercado, até hoje, não conseguiu preencher.
O segredo do seu sucesso duradouro não é um mistério, mas uma combinação de fatores. A XJ6 ofereceu o sonho do motor tetracilíndrico de uma forma acessível, divertida e, principalmente, racional. Ela era a moto que você podia ter e, mais importante, manter, algo que sua principal rival, a Honda Hornet, nunca conseguiu oferecer para a maioria.
A história da XJ6 no Brasil: do seu lançamento em 2010 à versão com freios ABS em 2015
A Yamaha XJ6 foi lançada oficialmente no Brasil em 2010, com a missão de suceder a linha FZ6 e brigar no aquecido segmento das nakeds de 600 cilindradas. Com um design agressivo e moderno, um de seus destaques era o escapamento com saída curta e centralizada, que deixava a traseira com um visual limpo e musculoso.
Em 2013, a moto recebeu um facelift, com novas carenagens que deixaram seu visual mais afiado. O marco mais importante, no entanto, veio em 2015, com a introdução dos freios ABS como opcional, um item de segurança crucial que aumentou ainda mais seu apelo. Sua produção seguiu até 2019, quando foi descontinuada.
O motor “amansado” de 600cc: os 77,5 cv que a tornaram mais dócil que a Hornet
O coração da XJ6 é um motor de quatro cilindros em linha e 600cc, derivado da superesportiva YZF-R6. No entanto, a Yamaha fez uma grande reengenharia para “amansar” a fera. O resultado é um motor que entrega 77,5 cv de potência e 6,09 kgf.m de torque.
A genialidade da Yamaha foi ajustar o motor para entregar sua força em baixas e médias rotações. Isso fez da XJ6 uma moto extremamente dócil e fácil de pilotar no trânsito, sem os “coices” de potência em altos giros. Mesmo assim, ela manteve a característica mais desejada de um quatro cilindros: o som agudo, um assobio que virou sua marca registrada.
Por que o seguro da Hornet fez da XJ6 a escolha racional?
A rivalidade entre a XJ6 e a Honda CB 600F Hornet marcou uma época. A Hornet era, sem dúvida, a mais potente, com seus 102 cv. No entanto, a batalha pela garagem do brasileiro foi vencida pela XJ6 por um motivo bem prático: o custo de propriedade.
A Hornet sempre carregou a fama de ser uma das motos mais roubadas do Brasil. Como resultado, o preço do seguro era proibitivo para a maioria das pessoas. A XJ6, por ser menos potente e “menos visada”, tinha apólices de seguro muito mais baratas. Essa diferença, para muitos, era o que tornava o sonho de ter uma quatro cilindros financeiramente possível.
O preço de R$ 43.230 em 2024 e o que olhar antes de comprar
Hoje, a XJ6 é uma rainha no mercado de seminovos. Uma consulta à Tabela FIPE em junho de 2024 mostrava que um modelo 2019, seu último ano, tinha um preço médio de R$ 43.230. Unidades bem conservadas e com baixa quilometragem são vendidas por valores ainda maiores.
Para quem busca essa moto que saiu de linha, é preciso atenção. É fundamental verificar se a moto possui a chave vermelha, que é a chave mestra para codificar novas chaves. Além disso, é importante checar por peças originais, como o escapamento, e procurar por sinais de abuso, como marcas de “burnout” no pneu ou fumaça branca saindo do motor.
Como a moto que saiu de linha virou uma lenda da cultura de rua
O impacto da XJ6 foi além do asfalto e das concessionárias. A moto se tornou um ícone da cultura do “grau”, a prática de empinar e fazer manobras. Seu torque previsível em baixas rotações e seu motor robusto a tornaram a ferramenta perfeita para os praticantes.
Essa fama foi amplificada por vídeos no YouTube e no TikTok, que viralizaram e deram à XJ6 uma credibilidade de rua que nenhuma propaganda conseguiria. Isso criou uma dupla identidade fascinante: a XJ6 era, ao mesmo tempo, a escolha sensata para o motociclista que subia de categoria e a máquina radical para a cultura urbana.
FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS