A Liga de Desportos de Conselheiro Lafaiete (LDCL) decidiu, nesta quarta-feira (7), pela retomada da partida final da Copa Vertentes de Futebol Amador de 2025, interrompida no último dia 6 de julho após episódios de violência e falta de segurança no estádio. O jogo, que estava empatado em 1 a 1 entre as equipes Nacional (Piranga) e Pinheiros (Cristiano Otoni), será reiniciado a partir dos 20 minutos do segundo tempo, conforme o relatório oficial divulgado pela entidade.
A decisão foi assinada pelo diretor de esportes da LDCL, Marcelo Lúcio Rocha da Silva, que assumiu a responsabilidade pelo parecer diante da impossibilidade de atuação do presidente Dionísio Leonardo Nogueira, do vice-presidente Osmar Silva e do secretário-geral José Lúcio Chaves — todos diretamente envolvidos nos acontecimentos que culminaram na paralisação do jogo. O documento aponta que os três dirigentes foram alvos de agressões verbais e de objetos arremessados por torcedores revoltados com a suspensão da partida.
Clima de tensão e ausência de policiamento
O clima de tensão tomou conta do estádio desde o início do segundo tempo. Após uma jogada polêmica, reclamações se intensificaram e parte da torcida do Nacional passou a proferir ameaças contra os árbitros e a diretoria da LDCL. Latas de cerveja e copos plásticos foram lançados em direção ao campo, e chegou a haver tentativa de invasão, contida pelas cercas do local.
Apesar de diversas ligações à Polícia Militar, inclusive por parte do presidente da LDCL, o reforço policial nunca chegou. Uma viatura chegou a se posicionar no portão do estádio, mas, segundo relatos, deixou o local logo em seguida sem prestar atendimento. A ausência de segurança foi determinante para o encerramento da partida.
Decisão equilibrada e foco na justiça esportiva
Em sua manifestação, Marcelo Lúcio destacou que punições não devem recair sobre todo um grupo por atos de alguns de seus membros. No entanto, diante da gravidade das ameaças, os jogadores Marcelo Egídio Costa e Pedro Paulo Martins Júnior foram suspensos preventivamente de quaisquer competições organizadas pela LDCL até julgamento pela Comissão de Justiça Desportiva (CDJD). O quarteto de arbitragem também será substituído.
A continuidade da partida ocorrerá com portões fechados, sem presença de torcedores, sendo autorizada apenas a entrada de até 20 pessoas por equipe, além de atletas e comissão técnica. O jogo será reiniciado do ponto exato de sua interrupção, mantendo os jogadores que estavam em campo. Se persistir o empate, a decisão do título se dará por cobrança de pênaltis.
A imprensa terá acesso livre, desde que identificada. O material coletado — incluindo vídeos, imagens e documentos — será encaminhado ao procurador de Justiça Desportiva, Dr. Marcondes Pereira, para apuração de eventuais sanções aos envolvidos.
Apelo por respeito ao esporte amador
O documento da LDCL também traz um apelo contundente à sociedade e às autoridades públicas. “Como se fazer desporto desta maneira? Se as próprias autoridades públicas nos desprezam a todo o tempo?”, questiona o diretor, em tom de frustração diante da negligência da segurança pública. A diretoria da LDCL reafirma seu compromisso com o futebol amador como ferramenta de inclusão social e promoção de valores. A continuidade da partida, mesmo diante das dificuldades, é vista como um símbolo de resistência e de valorização do esporte como espaço de cidadania.
O prazo para recurso das equipes envolvidas é de cinco dias úteis. Caso não haja contestação, a LDCL deverá definir, em conjunto com os clubes, data, horário e local para a conclusão da final da Copa Vertentes. “Publique-se. Cumpra-se.” É como termina a decisão que marca mais um capítulo na história do futebol amador da região — não apenas por sua tensão, mas também pela firmeza da resposta institucional.
