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Carros antigos faziam até 18 km/l, enquanto os de hoje consomem bem mais — por quê?

Em 1982, um Gol a etanol superou os 18 km/l, mas mudanças ambientais e motores flex tornaram essa economia difícil de repetir

Você já se perguntou por que os carros modernos a etanol dificilmente passam dos 18 km por litro? Mesmo em trajetos de estrada, sem o uso de sistema elétrico, esse número parece fora de alcance. Mas há 43 anos, um modelo popular conseguiu exatamente isso.

Em 1982, a Volkswagen realizou o “Torneio de Economia VW Gol a Álcool” em São Paulo. Participaram 520 taxistas.

O trajeto foi de 37,2 km, sendo 85% em vias urbanas. O Gol abastecido com etanol registrou 18,32 km/l. Um feito que hoje parece impossível com a tecnologia atual.

Nos anos 80, o motor a álcool dos carros era mais eficiente. O engenheiro Renato Romio, do Instituto Mauá, explica que esses motores trabalhavam com uma “mistura pobre”.

Isso quer dizer: menos combustível e mais ar na hora da queima. O resultado era uma eficiência energética de 85% em comparação com a gasolina. Hoje, esse número caiu para 70%.

O etanol queima mais rápido porque contém oxigênio. Isso ajudava a compensar seu menor poder calorífico. Com ajustes adequados, os motores da época conseguiam extrair o máximo do combustível.

Mas tudo começou a mudar com a chegada do Proconve, programa criado para controlar a poluição causada por veículos.

A partir da metade dos anos 80, novas regras foram adotadas. E, no início dos anos 90, surgiu o catalisador.

O catalisador exige uma queima mais controlada, com equilíbrio entre ar e combustível. Isso fez com que a mistura usada nos motores precisasse ser mais “rica”.

Ou seja, mais etanol para garantir o bom funcionamento do sistema. O resultado foi um aumento no consumo.

Antes, o etanol gastava apenas 15% a mais que a gasolina. Hoje, essa diferença é de cerca de 30%. A mudança regulatória teve um impacto direto na economia do combustível.

Outro ponto importante é o surgimento dos motores flex. Eles foram criados para aceitar tanto etanol quanto gasolina, ou qualquer mistura entre os dois. No entanto, essa versatilidade tem um custo.

O álcool rende mais quando usado com taxas de compressão altas. Mas a gasolina não suporta essas mesmas condições.

Por isso, os motores flex adotam uma taxa intermediária. Isso significa que nenhum dos dois combustíveis consegue entregar o máximo rendimento possível.

Além disso, a gasolina vendida no Brasil já possui 27% de álcool. Essa mistura afeta diretamente o desempenho do motor, mesmo quando se abastece com gasolina.

Uma alternativa estudada foi o retorno aos motores dedicados apenas ao etanol. A antiga FCA (hoje Stellantis) chegou a anunciar um modelo turbo 100% etanol.

A ideia era recuperar parte da economia perdida. Mas o projeto foi cancelado.

Segundo Romio, um motor exclusivo para etanol poderia ser mais eficiente que os flex. Não atingiria os 85% dos anos 80, por causa das exigências ambientais e do catalisador, mas poderia chegar a 80%.

Mesmo assim, fatores como clima, entressafras e o preço do açúcar dificultam a popularização do etanol como única fonte de energia para os carros. Por enquanto, o motor flex continua sendo o padrão no Brasil.

Com informações de Gazeta de São Paulo.

FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS

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