Ainda repercute em todo o Brasil o evento público e religioso “Celebrai”, promovido em Conselheiro Lafaiete no último sábado (13), pelas declarações consideradas intolerantes feitas pelo pastor e deputado federal Marcos Feliciano, uma das principais atrações do encontro. Durante sua pregação, em discurso gravado e amplamente divulgado nas redes sociais, Feliciano afirmou: “Não sobrará em Conselheiro Lafaiete, Zé Pelintra, Zé pilantra, Exu Caveira, Tranca Rua, Preto Velho, nenhuma obra de feitiçaria. Não governará mais essa cidade, porque a presença de Deus eterna pode modificar os nossos corações”.
As palavras foram classificadas como um ataque direto às religiões de matriz africana, especialmente à Umbanda, e provocaram imediata reação de terreiros locais, entidades religiosas e movimentos de defesa dos direitos humanos. Em nota pública, representantes da Casa Pai Jacó do Congo, tradicional templo umbandista da cidade, repudiaram a postura do pastor e destacaram que as entidades citadas simbolizam fé, acolhimento, resistência e cuidado espiritual.
A manifestação ressaltou ainda que discursos como esse reforçam o racismo religioso e buscam deslegitimar tradições que fazem parte da identidade cultural brasileira. “A Umbanda é luz, é amor e é resistência. Não aceitaremos calados qualquer tentativa de demonização de nossos guias e entidades”, diz o texto.
Diversos grupos e coletivos de direitos humanos também se posicionaram, lembrando que a liberdade de culto é garantida pela Constituição Federal e que o Estado deve assegurar a convivência pacífica entre diferentes tradições religiosas. O caso segue repercutindo em nível estadual e nacional, com pedidos de providências por parte de autoridades e de movimentos sociais para evitar a repetição de episódios semelhantes e garantir o respeito à diversidade religiosa.