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Censo 2022 expõe realidade dura: milhões ainda vivem com menos de R$ 1.200 por mês

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados do Censo Demográfico sobre Trabalho e Rendimento de 2022, revelando um panorama salarial apertado.

Segundo o levantamento, 35,3% dos trabalhadores receberam até R$ 1.212 (salário mínimo da época), enquanto apenas 7,6% ultrapassaram cinco salários mínimos, ou R$ 6.060.

O rendimento do trabalho é um indicador central da qualidade da inserção no mercado, e os números evidenciam desafios persistentes. Homens receberam em média R$ 3.115 por mês, enquanto mulheres tiveram um rendimento médio de R$ 2.506, destacando a disparidade de 24,3% registrada em 2022.

Esses dados reforçam o descompasso salarial no Brasil e evidenciam a necessidade de políticas que promovam equidade de gênero e valorização do trabalho, especialmente diante de uma ampla base de trabalhadores que ainda sobrevivem com salários próximos ao mínimo.

Mapa das faixas de rendimento no país

As classes salariais revelam vulnerabilidade nas famílias de baixa renda. Em 2022, 13,3% da população registrou rendimento domiciliar per capita médio de até um quarto do salário mínimo.

A distribuição municipal dos ganhos do trabalho mostra contrastes marcantes entre regiões e capitais locais.

Entre os 5.571 municípios, 520 — ou 9,3% — tiveram rendimento do trabalho inferior a um salário mínimo. Em contraste, apenas 19 localidades ultrapassaram quatro mínimos, patamar de R$ 4.848. Portanto, a maioria permanece concentrada nas faixas mais baixas.

Os menores rendimentos médios mensais se concentraram no Nordeste. O pior resultado apareceu em Cachoeira Grande, no Maranhão, com R$ 750 mensais. Já os maiores valores se localizaram no Sul e no Sudeeste, com destaque para Nova Lima (MG), São Caetano do Sul (SP) e Santana de Parnaíba (SP).

Maiores rendimentos

  • Santana de Parnaíba (SP): R$ 6.081.
  • São Caetano do Sul (SP): R$ 6.167.
  • Nova Lima (MG): R$ 6.929.

Desigualdades por gênero e raça

As diferenças por cor ou raça ampliam o hiato de renda. Enquanto a média nacional ficou em R$ 2.851, pessoas identificadas como amarelas receberam R$ 5.942 e brancas atingiram R$ 3.659. Já pardos somaram R$ 2.186, pretos R$ 2.061 e indígenas R$ 1.683.

CorteRendimento médio mensal (R$)
Amarelos5.942
Brancos3.659
Média nacional2.851
Pardos2.186
Pretos2.061
Indígenas1.683

A distância cresce ao combinar sexo e raça na renda domiciliar per capita. Um homem identificado como amarelo atingiu R$ 3.649, valor que supera em mais de cinco vezes o de uma mulher identificada como indígena, que ficou em R$ 665. Esse contraste evidencia desigualdades estruturais.

O que os números sugerem

Os resultados do Censo 2022 indicam forte concentração nas faixas salariais inferiores e persistência de assimetrias por gênero e raça. Além disso, as diferenças regionais entre Nordeste e Sudeste se mantêm agudas.

Assim, o desafio recai sobre políticas que ampliem a renda e a mobilidade.

Enquanto a minoria ultrapassa cinco salários mínimos, a maioria lida com ganhos próximos ou abaixo do piso. Portanto, monitorar esses indicadores — destacados pelo IBGE como essenciais — ajuda a orientar ações de qualificação, geração de emprego e redução das lacunas históricas.

FONTE: CAPITALIST

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