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Orkut vai voltar! Relançamento da rede social que fez sucesso no começo dos anos 2000 promete combater a solidão e acabar com o ódio tóxico das plataformas atuais

Criador do Orkut apresenta nova rede inspirada em amizade e gentileza, critica engajamento baseado em raiva e alerta para impactos da inteligência artificial na confiança on-line durante evento de tecnologia no Rio de Janeiro.

O engenheiro turco Orkut Büyükkökten, criador do Orkut, afirmou que trabalha no desenvolvimento de uma nova rede social inspirada nos princípios que marcaram a plataforma nos anos 2000, com a proposta de incentivar conexões e reduzir dinâmicas de hostilidade no ambiente on-line.

A declaração foi feita durante o Voices 2025, evento de tecnologia e inovação realizado em 10 de dezembro de 2025, no Museu de Arte do Rio (MAR), no Rio de Janeiro.

Em sua fala, Büyükkökten disse ver a internet atual dominada por “raiva, ódio e negatividade”, mas defendeu que ainda é possível reconstruir espaços digitais mais saudáveis.

Embora seja frequentemente questionado sobre um retorno do Orkut, ele não confirmou o relançamento do site com o mesmo formato e nome, e descreveu o projeto como uma nova rede, orientada por valores que priorizem vínculos humanos.

Críticas ao modelo de engajamento das plataformas atuais

Ao participar do Voices 2025, Büyükkökten apresentou uma leitura crítica sobre a evolução das plataformas digitais e sobre como, na avaliação dele, a lógica de negócio moldou a experiência de uso.

Segundo o criador do Orkut, o desenho das redes passou a privilegiar métricas de engajamento e rentabilidade, em vez de favorecer interações significativas.

Nesse contexto, ele resumiu a mudança de foco com uma frase direta: “As redes foram ajustadas para engajamento, não para conexão humana”.

A crítica incluiu elementos associados à maneira como as plataformas mantêm o usuário conectado por longos períodos, como a rolagem contínua e a segmentação publicitária.

Büyükkökten também associou o êxito desses mecanismos à exploração de emoções intensas e polarizadas.

Para ele, a disputa pela atenção transformou sentimentos negativos em ferramenta para ampliar alcance e permanência do público, o que tende a deteriorar a qualidade das conversas em espaços digitais.

Como a internet teria “perdido o rumo”, segundo o fundador do Orkut

Na avaliação do engenheiro, a virada decisiva ocorreu quando o lucro se tornou o principal critério para orientar decisões de produto.

Ele afirmou que, a partir dessa lógica, plataformas passaram a operar como sistemas otimizados para prender o usuário, ainda que isso reforce fricções e conflitos nas interações.

Ao explicar essa dinâmica, Büyükkökten afirmou: “Nada captura mais atenção do que a raiva”.

A frase foi usada para ilustrar como conteúdos que provocam reações fortes podem ganhar mais distribuição e, por consequência, alimentar ciclos de confronto e discursos agressivos.

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Embora a crítica seja ampla e não cite uma empresa específica, a ideia central apresentada por ele é que a arquitetura das plataformas influencia o comportamento coletivo.

Nesse raciocínio, ferramentas de recomendação, formatos de publicação e incentivos de visibilidade acabam interferindo na forma como as pessoas conversam, se agrupam e se percebem no ambiente digital.

Nova rede inspirada no Orkut sem promessa de nostalgia

Apesar do interesse recorrente do público em torno de um retorno do Orkut, Büyükkökten não tratou o projeto como um simples resgate do passado.

Ele indicou que a rede em desenvolvimento se inspira em princípios associados à experiência original, mas com outro contexto e com preocupações atualizadas, em especial sobre saúde social e segurança.

O criador do Orkut também sustentou que a chamada “era leve” da internet não teria desaparecido por completo.

Na visão dele, parte do que existia em redes anteriores pode ser recuperado se houver escolhas de produto que favoreçam convivência, pertencimento e confiança.

Ao abordar o objetivo do novo projeto, Büyükkökten disse que o foco não seria nostalgia, mas “cura”.

A proposta, de acordo com sua fala, busca construir uma experiência digital orientada por valores como amizade, gentileza e compaixão, sem depender do estímulo à hostilidade como motor de crescimento.

Epidemia da solidão e impacto das redes sociais

Outra ênfase do discurso foi a preocupação com o isolamento social e com a sensação de desconexão que, segundo ele, se intensificou na vida contemporânea, inclusive em ambientes hiperconectados.

Büyükkökten apresentou o novo projeto como uma resposta a essa realidade, ao citar uma “epidemia da solidão” como um dos problemas que pretende enfrentar.

A leitura dele é que a internet pode tanto ampliar encontros quanto aprofundar distâncias, dependendo de como é desenhada.

Em vez de premiar confrontos, o criador do Orkut afirmou querer incentivar relações duradouras e interações menos performáticas, com espaço para comunidades e interesses em comum.

O Orkut original ficou conhecido, especialmente no Brasil, por reunir pessoas em comunidades temáticas e por dar visibilidade a perfis ligados a círculos de amizade.

A plataforma foi desativada em 2014, e a pergunta sobre um retorno se tornou frequente desde então, impulsionada por movimentos de nostalgia e pelo descontentamento de parte do público com o clima de disputas em redes atuais.

Inteligência artificial, perfis falsos e crise de confiança

Büyükkökten também abordou um tema que vem ganhando espaço no debate sobre redes sociais: a avalanche de conteúdos gerados por inteligência artificial.

Na visão dele, a multiplicação de textos, imagens e perfis sintéticos pode aprofundar a desconfiança e tornar mais difícil distinguir o que é autêntico do que foi automatizado.

Ele descreveu esse cenário como um ambiente em que “não é possível confiar no que se vê nem em quem está do outro lado da tela”.

A preocupação inclui desde o uso de IA para criar identidades falsas até a circulação de materiais fabricados com aparência verossímil, o que pode afetar relações pessoais, debates públicos e a própria credibilidade das plataformas.

Ainda assim, o engenheiro não apresentou a tecnologia apenas como ameaça.

Büyükkökten afirmou que a IA pode contribuir para tornar a internet mais humana, desde que seja guiada por valores éticos.

Nesse ponto, ele associou a discussão a escolhas de governança e de desenho de produto, sugerindo que ferramentas podem ser usadas para proteger usuários, reduzir abusos e melhorar a qualidade das interações.

O que já foi dito oficialmente sobre o projeto

Até aqui, não há confirmação pública de data de lançamento, formato final ou nome oficial da rede descrita por Büyükkökten no Voices 2025.

Informações divulgadas anteriormente sobre o tema indicam que ele vem trabalhando em um novo projeto e que o endereço orkut.com chegou a exibir, nos últimos anos, uma mensagem do próprio fundador sugerindo que “está construindo algo novo”.

Diante disso, o retorno mencionado por parte do público se apoia mais na expectativa criada em torno de uma nova versão inspirada no Orkut do que em um anúncio formal de relançamento com a plataforma original, nos mesmos moldes.

O que se tem, por enquanto, é a sinalização de um projeto em desenvolvimento e a intenção declarada de priorizar vínculos e confiança em um momento marcado por desgaste nas redes sociais.

Se a promessa é reconstruir ambientes digitais menos hostis e mais voltados a relações reais, como esse novo projeto vai provar, na prática, que consegue romper com os incentivos que hoje fazem a raiva render mais alcance do que a empatia?

FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS

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