Desvalorização acelerada atinge carros populares, picapes e elétricos em 2025, segundo dados da Tabela Fipe, com perdas expressivas em apenas 12 meses que acendem alerta para quem planeja comprar pensando na revenda e no comportamento do mercado de usados. A desvalorização segue como um dos principais fatores de preocupação para quem compra um carro no Brasil, especialmente em um cenário de preços elevados e mercado instável.
Em 2025, dados recentes da Tabela Fipe indicam que modelos bastante conhecidos, incluindo elétricos e veículos populares, registraram quedas expressivas de valor em apenas 12 meses, acendendo um alerta para consumidores atentos à revenda. Levantamento do Auto+ analisou cinco carros com preço de até R$ 300 mil que mais perderam valor no último ano.
O cálculo considera quanto esses veículos custavam quando zero-quilômetro em 2024 e o valor médio atual apontado pela Fipe em dezembro. O resultado mostra perdas que chegam a mais de um quarto do preço original, refletindo mudanças no mercado de novos e usados, além do impacto do avanço dos modelos eletrificados.
Entre os fatores que explicam essas quedas estão o desaquecimento das vendas de carros zero, a maior oferta de versões atualizadas, reajustes frequentes de preço pelas montadoras e, em alguns casos, a dificuldade de determinados modelos manterem demanda constante no mercado de usados.
A presença de veículos elétricos entre os mais desvalorizados chama atenção. Apesar do apelo tecnológico e do desempenho elevado, esses modelos ainda enfrentam resistência de parte do consumidor brasileiro, seja pela infraestrutura de recarga, seja pela rápida evolução tecnológica que torna versões recentes mais atraentes e pressiona os preços dos usados.
No caso das picapes e sedãs populares, a explicação passa pela forte concorrência, pela chegada de novas gerações e por promoções agressivas no mercado de novos, que acabam puxando os valores de revenda para baixo.
Ford Ranger XL tem queda relevante no valor de revenda

A Ford Ranger XL, versão de entrada da picape média da marca, aparece entre os destaques negativos do levantamento. Voltada principalmente para o trabalho, mas equipada com cabine dupla, ela tinha preço sugerido de R$ 246.990 quando zero-quilômetro em 2024. Atualmente, o valor médio na Tabela Fipe é de R$ 208.399. A diferença representa uma desvalorização aproximada de 15,6% em 12 meses, ou pouco mais de R$ 38 mil.
Mesmo sendo um modelo tradicional no mercado brasileiro, a Ranger XL sentiu o impacto da concorrência acirrada no segmento e da chegada de versões mais atualizadas da própria linha. Além disso, promoções frequentes e condições especiais oferecidas no mercado de novos contribuíram para pressionar o preço dos seminovos, reduzindo o valor de revenda em um intervalo relativamente curto.
Chevrolet Onix Plus LT surpreende entre os carros populares

Entre os carros populares, o Chevrolet Onix Plus LT 1.0 Turbo chamou atenção pela intensidade da desvalorização. Historicamente um dos sedãs mais vendidos do país, o modelo sempre teve reputação de bom custo-benefício, o que tornava sua revenda um ponto positivo para muitos compradores. Em 2024, a versão LT 1.0 Turbo era vendida por R$ 119.190.
Segundo a Tabela Fipe atual, o valor médio caiu para R$ 91.982. Isso representa uma perda de cerca de 22,8% em apenas um ano, percentual elevado para um carro considerado popular. O cenário reflete, em parte, a forte concorrência no segmento de sedãs compactos e a mudança de preferência do consumidor, que passou a buscar mais SUVs compactos.
Além disso, reajustes de preço e atualizações na linha Onix acabaram impactando diretamente a percepção de valor das versões anteriores.
BYD Seal lidera perdas financeiras entre os elétricos

O BYD Seal é um dos casos mais emblemáticos da lista. Lançado no Brasil com forte apelo esportivo, o sedã elétrico se destacou pelo conjunto de alto desempenho, com 531 cv de potência e 60,2 kgfm de torque, além de design e tecnologia avançados. Mesmo assim, a desvalorização foi significativa. Em 2024, o modelo custava R$ 299.800 quando zero-quilômetro.
Atualmente, a Fipe aponta valor médio de R$ 224.249. Isso representa uma queda de 25,2% em 12 meses, ou mais de R$ 75 mil. O resultado reforça uma tendência observada no segmento elétrico. A rápida evolução tecnológica e a política agressiva de preços adotada por algumas marcas acabam impactando diretamente o valor de revenda. Para quem comprou o modelo pensando em trocar de carro em pouco tempo, a perda financeira foi expressiva.
JAC E-JS1 também registra forte desvalorização

Outro elétrico que figura entre os mais desvalorizados é o JAC E-JS1.
O compacto urbano tinha preço de R$ 132.900 em 2024, considerando o modelo 2025.
Hoje, a Tabela Fipe indica valor médio de R$ 101.049.
A diferença corresponde a uma desvalorização aproximada de 23,9% em apenas um ano.
Embora o E-JS1 seja um dos elétricos mais acessíveis do mercado brasileiro, ele enfrenta desafios semelhantes aos de outros modelos do segmento.
Concorrência crescente e atualizações frequentes de preço e equipamentos influenciam diretamente o comportamento do mercado de usados.
Além disso, o mercado de revenda para elétricos compactos ainda é restrito, o que limita a demanda e pressiona os valores para baixo.
Renault Megane E-Tech lidera ranking de desvalorização em 2025

O modelo que mais perdeu valor no período analisado foi o Renault Megane E-Tech.
Apresentado como um dos elétricos mais modernos da categoria, o hatch médio chegou ao Brasil com forte discurso tecnológico e proposta premium.
Em 2024, o preço cheio do modelo era de R$ 292.690, sem descontos.
Atualmente, a Tabela Fipe aponta valor médio de R$ 215.785.
A queda chega a 26,3% em 12 meses, a maior entre os cinco carros analisados.
A desvalorização reforça o desafio enfrentado por elétricos de maior valor no Brasil.
Mesmo com bom pacote de tecnologia e desempenho adequado, o ritmo de vendas e a concorrência com modelos mais novos e, em alguns casos, mais baratos, influenciam diretamente o preço no mercado de usados.
Com perdas tão expressivas em apenas um ano, esses números reforçam a importância de avaliar não apenas o preço de compra, mas também o comportamento do veículo no mercado ao longo do tempo.
Em um cenário de transformações rápidas, especialmente com a eletrificação ganhando espaço, o quanto o carro vai valer no futuro pode pesar tanto quanto consumo, desempenho ou equipamentos.




