Aplicação foi feita à época do ex-prefeito Cláudio Dinho e agora corre sério risco de não recuperar esse dinheiro
Mais uma bomba para Congonhas, uma das mais ricas de Minas. A crise envolvendo o Banco Master, colocado em liquidação extrajudicial pelo Banco Central nesta semana, acendeu um alerta vermelho em diversos estados e municípios do país — e Congonhas está na lista dos mais expostos. Dados do Ministério da Previdência Social revelam que 18 fundos de pensão estaduais e municipais tinham, juntos, R$ 1,86 bilhão aplicados em letras financeiras emitidas pelo banco. Entre eles, o fundo de pensão dos servidores de Congonhas (Prevcon), que aplicou R$ 14 milhões — e agora corre sério risco de não recuperar esse dinheiro. O problema é que, ao contrário de investimentos tradicionais de pessoas físicas, esses tipos de aplicação NÃO são cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
Ou seja: se o banco quebrou, o dinheiro entra na fila de credores — e pode simplesmente nunca voltar. A aplicação de alto risco foi feita à época do ex-prefeito Cláudio Dinho quando era presidente da Prevcon, Wellington José Avelar da Silva Oliveira Motta, conhecido como “Totozinho”.
A situação se agravou após:
✔️ O Banco Central decretar a liquidação extrajudicial;
✔️ A prisão de Daniel Vorcaro, controlador do Master, em operação da Polícia Federal;
✔️ A indisponibilidade dos bens dos ex-administradores;
✔️ O fracasso de tentativas de compra e reestruturação da instituição.
Segundo o Ministério, as aplicações dos fundos foram feitas entre outubro de 2023 e dezembro de 2024, período em que o Master intensificou a emissão dessas letras financeiras — levantando R$ 2,1 bilhões somente em 2024.
⚠️ E AGORA?
Com a liquidação decretada, todas as dívidas do banco são consideradas vencidas. Os credores entram numa longa fila que segue esta ordem:
1️⃣ Créditos trabalhistas
2️⃣ Créditos com garantia real
3️⃣ Créditos tributários
4️⃣ Créditos sem garantia — onde entram os fundos de pensão
5️⃣ Multas
6️⃣ Créditos subordinados
Na prática, isso significa que o fundo de pensão de Congonhas só receberá algo depois que todas as obrigações prioritárias forem quitadas.
E se os ativos do banco não cobrirem tudo — parte ou todo o valor pode ser perdido.
📉 Risco real para aposentados e servidores
Caso não haja recuperação completa, o rombo pode comprometer a sustentabilidade futura do regime próprio de previdência dos servidores municipais — pressionando contas públicas e obrigando aportes extras. O Ministério da Previdência afirmou que já havia alertado gestores sobre riscos de crédito e exige auditorias constantes, mas cada RPPS é responsável pelas próprias decisões de investimento. Enquanto isso, a apreensão cresce entre servidores e aposentados que agora temem o prejuízo milionário. A nossa reportagem aguarda posicionamento da Prefeitura de Congonhas.
Veja a lista dos fundos de pensão estaduais e municipais com aplicações no banco Master.
- Estado do Amapá (AP): R$ 400 milhões
- Estado do Amazonas (AM): R$ 50 milhões
- Estado do Rio de Janeiro (RJ): R$ 970 milhões
- Município de Angélica (MS): R$ 2 milhões
- Município de Aparecida de Goiânia (GO): R$ 40 milhões
- Município de Araras (SP): R$ 29 milhões
- Município de Cajamar (SP): R$ 87 milhões
- Município de Campo Grande (MS): 1,2 milhão
- Município de Congonhas (MG): R$ 14 milhões
- Município de Fátima do Sul (MS): R$ 7 milhões
- Município de Itaguaí (RJ): R$ 59,6 milhões
- Município de Jateí (MS): R$ 2,5 milhões
- Município de Maceio (AL): R$ 97 milhões
- Município de Paulista (PE): R$ 3 milhões
- Município de Santa Rita D’oeste (SP): R$ 2 milhões
- Município de Santo Antônio de Posse (SP): R$ 7 milhões
- Município de São Gabriel do Oeste (MS): R$ 3 milhões
- Município de São Roque (SP): R$ 93,15 milhões



