Entre 2015 e 2025, o Banco do Brasil liderou o fechamento de agências em todo o sistema financeiro nacional, com 1.557 unidades encerradas, enquanto bancos digitais e fintechs avançam sobre o público e o modelo presencial encolhe em meio à digitalização acelerada dos serviços e à mudança de hábitos dos clientes. Entre março de 2015 e 2025, o sistema financeiro brasileiro passou por uma transformação estrutural na rede de atendimento presencial. Segundo dados do Banco Central, o país saiu de 23.154 para 15.529 agências, o que representa uma redução de 32,9 por cento e, na prática, o desaparecimento de aproximadamente um terço dos pontos físicos em dez anos. Nesse movimento, o Banco do Brasil aparece simultaneamente como símbolo de retração da rede tradicional e como o banco que ainda preserva a maior capilaridade do país.
Em 7 de dezembro de 2025, o debate voltou ao centro da agenda após a confirmação de que o Banco do Brasil fechou 1.557 agências bancárias no período, acompanhando cortes profundos em Bradesco, Itaú, Caixa Econômica Federal e Santander. Embora o discurso oficial se apoie na digitalização acelerada, na mudança de hábitos dos clientes e em ganhos de eficiência, o encolhimento da rede física levanta dúvidas sobre atendimento em regiões periféricas e no interior, onde agências ainda são a principal porta de entrada para serviços financeiros básicos.
Rede física encolhe um terço em uma década
A fotografia da rede de agências em 2015 e 2025 evidencia a dimensão da mudança. Em março de 2015, o Banco Central contabilizava 23.154 agências em operação no Brasil. Em 2025, esse número caiu para 15.529, uma perda de 7.625 unidades.
A redução de 32,9 por cento equivale, em termos práticos, à eliminação de um terço da infraestrutura física de atendimento bancário em dez anos. No centro desse processo está o avanço de canais digitais, internet banking e aplicativos móveis, tendência que já vinha em curso e foi acelerada pela pandemia de coronavírus.
Com mais operações migrando para o celular, os grandes grupos argumentam que manter estruturas físicas extensas deixou de ser economicamente viável. Ainda assim, o impacto não é homogêneo: enquanto grandes capitais concentram múltiplas opções, cidades menores veem o fechamento da única agência local, muitas vezes do Banco do Brasil ou da Caixa.
Banco do Brasil e gigantes privados puxam o corte de agências
Os dados por instituição mostram que a reconfiguração da rede física foi liderada justamente pelos maiores bancos. Há dez anos, as maiores redes eram Banco do Brasil, com 5.544 agências, Bradesco, com 4.654, Itaú, com 3.847, e Caixa, com 3.401 unidades. Em 2025, o ranking mudou: o Banco do Brasil segue à frente com 3.987 agências, seguido por Caixa, com 3.212, Santander, com 2.017, Bradesco, com 2.104, e Itaú, com 1.649.
No período, quem mais fechou agências foi o Bradesco, com 2.550 unidades encerradas, à frente do Itaú, que fechou 2.198. O Banco do Brasil aparece em terceiro lugar, com 1.557 agências desativadas, seguido de Santander, com 624, e Caixa, com 189.
Na prática, todos os grandes bancos reduziram significativamente sua presença física, reposicionando pontos em regiões de maior rentabilidade e migrando atendimento cotidiano para o ambiente digital.
Para o Banco do Brasil, o desafio é duplo: de um lado, cortar custos e modernizar o atendimento; de outro, preservar o papel de banco público com presença nacional, inclusive em municípios onde a instituição é a única interface bancária disponível. A redução de agências, mesmo mantendo a liderança em número de pontos, pressiona a capacidade de manter atendimento presencial em áreas remotas sem sobrecarregar as unidades remanescentes.
Bancos digitais e fintechs ocupam espaço desde 2018
Enquanto o mapa de agências encolhe, bancos digitais e fintechs se multiplicam desde 2018, preenchendo parte das lacunas deixadas pelos fechamentos.
Com estruturas enxutas, operação baseada em aplicativos e ausência de rede física, essas empresas conseguem entrar em nichos específicos do mercado, como contas sem tarifa, cartões de crédito digitais e soluções de pagamento instantâneo, disputando diretamente a base de clientes dos grandes bancos.
Essa ofensiva digital interfere de forma direta na estratégia do Banco do Brasil e demais gigantes.
Para defender participação, as instituições tradicionais ampliam investimentos em aplicativos, PIX, atendimento remoto por chat e centrais de relacionamento.
Na prática, o fechamento de agências e a expansão de plataformas digitais são duas faces da mesma estratégia de redução de custos e reposicionamento competitivo, em um ambiente em que a presença física passa a ser vista como custo fixo elevado. Ao mesmo tempo, a entrada de dezenas de novos competidores no sistema financeiro nacional pressiona tarifas, margens e modelos de relacionamento.
O Banco do Brasil, que historicamente combinou grande rede de agências com forte atuação em crédito e serviços, agora precisa equilibrar seu papel de banco público com o ritmo de digitalização imposto por fintechs e bancos exclusivamente online.
Efeitos para correntistas e para o sistema financeiro nacional
A retração de 32,9 por cento nas agências e o fechamento de 1.557 unidades do Banco do Brasil não afetam apenas a geografia bancária, mas também a forma como a população acessa serviços financeiros. Em grandes centros urbanos, a migração para o digital pode ser percebida como ganho de conveniência. Já em municípios menores e regiões rurais, o encerramento de agências físicas pode significar mais filas, maior deslocamento até outra cidade e dependência de correspondentes bancários com escopo limitado de operações.
Do ponto de vista sistêmico, a combinação entre menos agências, consolidação de grandes grupos e expansão de fintechs redesenha o sistema financeiro nacional. O Banco do Brasil permanece como peça central dessa estrutura, mas agora compartilha o espaço com atores exclusivamente digitais e com uma rede física bem menor do que tinha em 2015.
A forma como o país vai equilibrar inclusão financeira, concorrência e eficiência operacional nos próximos anos dependerá de decisões regulatórias, da velocidade de adoção digital e da disposição dos bancos em manter presença mínima em regiões menos rentáveis.

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