Depois de fazer dezenas de vítimas espalhadas por todo o Estado, um homem de 59 anos acabou preso por roubar sanfonas em quase 30 cidades mineiras e revender os instrumentos. O suspeito, que foi preso na cidade de Rio Manso, na região Central de Minas Gerais, também teria cometido crimes semelhantes em cidades do Rio de Janeiro.
A prisão aconteceu no último dia 14 de setembro, após a Justiça emitir um mandado de prisão que teve como base uma extensa investigação da Polícia Civil. Na hora da prisão, o suspeito dirigia um carro registrado em nome de sua esposa.
Para cometer o crime, o homem percorria diferentes municípios e conseguia, junto aos moradores, informações sobre idosos proprietários de acordeons. Para se aproximar das vítimas, ele alegava querer comprar os instrumentos ou convidava os sanfoneiros em festas tradicionais, como folias de reis.
Foram identificados sete crimes somente nos municípios de Bonfim, Crucilândia e Rio Manso, sendo cinco deles contra pessoas com com mais de 60 anos e dois em que ele utilizou violência física e ameaças para levar os acordeons. Porém, no decorrer da investigação, os policiais acabaram identificando dezenas de outras ocorrências em outras 24 cidades, entre elas Belo Horizonte, Contagem, Betim e Ribeirão das Neves.
Também foram identificados crimes em: Serro, Campos Altos, Datas, Lagoa Grande, Jequitaí, São Joaquim de Bicas, Itumirim, Passa Tempo, Entre Rios de Minas, Dores do Indaiá, Raul Soares, Cláudio, Nepomuceno, Biquinhas, Vespasiano, Três Marias, Arcos, Resplendor, Carandaí e Rio Paranaíba.
História triste era usada para convencer vítimas
Ainda de acordo com a Polícia Civil, de posse das informações sobre os sanfoneiros da cidade, o “ladrão de sanfonas” então ia até a casa das vítimas e inventava histórias convincentes para convecê-los a emprestar os instrumentos. Entre as desculpas, ele frequentemente dizia que queria “tocar um parabéns para o pai que estava com a perna amputada”, prometendo devolver o acordeon em breve.
Além disso, para dar credibilidade às histórias, o investigado citava o nome de outros sanfoneiros locais, levantados com antecedência por ele junto aos moradores.
“Devido à simplicidade das vítimas, muitas delas idosas, e à crença de que estavam falando com conhecidos, elas acabavam cedendo e entregando seus acordeons ao investigado. Em alguns casos, o criminoso pedia um copo de água às vítimas e, enquanto elas saíam para buscar, furtava o instrumento. Caso a vítima se recusasse a entregar o instrumento musical e a subtração não fosse possível, o investigado recorria à violência física e ameaças para obter o bem”, detalha o delegado responsável pelo caso, Alfredo Resende Coelho.
Instrumentos eram vendidos no Rio
Os policiais civis de Bonfim conseguiram chegar ainda ao receptador, que vendia os instrumentos roubados em uma loja de venda e conserto de acordeons na Tijuca, no Rio de Janeiro. Foram identificadas transações financeiras no valor de R$ 7.300 do “vendedor” para o ladrão, feitas por meio de Pix.
Ainda conforme o delegado Alfredo Resende, a apuração dos crimes foi possível graças à ação da esposa de uma das vítimas. “Ela percebeu que o marido seria roubado e anotou a placa do carro do investigado. Isso levou ao início das investigações, que revelaram os crimes em outras localidades, sempre utilizando o mesmo veículo”, revelou.
As contas bancárias do suspeito foram bloqueadas pela Justiça, a pedido da Polícia Civil, para garantir o ressarcimento das vítimas. Além disso, o celular do homem foi apreendido como prova. Na casa dele os policiais encontraram ainda diversas peças de acordeons, itens roubados e, até mesmo, um instrumento que acabou devolvido a uma vítima idosa em Minas.