27 de julho de 2024 13:36

O CRIME AMBIENTAL NÃO COMPENSA: Mariana (MG) espera receber R$ 3 bilhões na repactuação, mas reclama de exclusão na negociação

A cidade de Mariana, através do prefeito Celso Cota (PSDB) reclama ter sido excluída da mesa de repactuação do acordo com as mineradoras. O atual chefe do executivo da cidade revelou em reportagem publicada ontem (23) pela Folha de São Paulo, que o município espera receber um montante de R$ 3 bilhões, contudo, afirmou não ter sido chamado para discutir com a União, governos de Minas Gerais e Espírito Santo e Vale.

Para o jornal paulista, Cota destacou que Mariana foi a localidade mais atingida pela tragédia/crime de 2015. Ele relembrou que dois distritos históricos do município deixaram de existir – Bento Rodrigues e Paracatu – e que até hoje a Primaz sofre com os desencadeamentos do fato.

“Mariana é o epicentro do acontecimento; se toda a bacia do [rio] Doce foi impactada, imagina aqui na região onde tudo aconteceu. A Samarco só existe porque ela minera no território de Mariana, a barragem é aqui em Mariana, as comunidades que foram 100% devastadas são de Mariana, a economia que foi impactada de forma imediata é a de Mariana e a cidade que continuou sendo impactada socialmente, de forma mais contundente, foi Mariana”, disse Cota para o repórter Pedro Lovisi da Folha.

O prefeito ainda apontou que a primeira capital de Minas Gerais recebeu milhares de pessoas vindas de outros lugares para trabalhar nas frentes de obras da Fundação Renova e das próprias mineradoras. Com isso, a população flutuante no município passou a ser tema de diversos debates, sendo colocada como estopim de diversos problemas urbanos.

“Essas pessoas vieram e não vão mais embora porque aqui ficou a expectativa de novas oportunidades, e hoje elas ocupam espaços irregulares. Há hoje mais ou menos 5.000 famílias morando em áreas irregulares”, destacou Cota.

A REPACTUAÇÃO DE MARIANA AVANÇA E DEVE TER DESFECHO EM AGOSTO

O acordo entre a união, governo federal e as mineradoras deve acontecer até o final do próximo mês, quando o Conselho da Vale se reúne para apresentar a proposta. A reportagem da Folha afirma que o acordo pode variar entre 80 a 110 bilhões de reais. Por conta disso, o Coridoce (Consórcio Público de Defesa e Revitalização do Rio Doce) pede que 11% deste montante seja destinado aos municípios.

Mariana espera receber R$ 3 bilhões. Contudo, seguindo o pedido do Coridoce, a cidade teria que receber mais de um quarto do dinheiro destinado para todos os municípios, o que de acordo com a apuração da Folha, parece ser improvável.

Após a reunião da Vale em agosto, a proposta será encaminhada para os municípios, que terão 120 dias para debater internamente o valor e aceitar ou não a repactuação. Enquanto isso, o processo na Inglaterra segue para um desfecho em outubro deste ano, com a previsão de R$ 30 bilhões de indenização para o município.

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