17 de setembro de 2024 13:21

A fascinante jornada da Fazenda Paciência em um mergulho na história de Tiradentes

Hospedagem próxima a Santana dos Montes tem grande apelo histórico, museu em senzala, Pedra do Amor e túnel

Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, foi um dos líderes da Inconfidência Mineira, movimento de caráter separatista ocorrido no Brasil no final do século XVIII. Nascido em 1746, em Minas Gerais, Tiradentes era dentista, tropeiro, minerador e militar. Ele se destacou por suas ideias iluministas e pela defesa da independência do Brasil em relação a Portugal. Capturado em 1789, foi enforcado em 21 de abril de 1792, tornando-se um mártir e herói nacional.

A Inconfidência Mineira foi um movimento de membros da elite mineira, insatisfeitos com a elevada carga tributária imposta pela Coroa Portuguesa. Influenciados pelos ideais iluministas e pelas recentes revoluções norte-americana e francesa, os inconfidentes planejavam criar uma república independente em Minas Gerais. No entanto, o movimento foi descoberto antes de sua execução, e seus líderes foram presos. A repressão foi severa, com Tiradentes recebendo a punição mais exemplar. O movimento, embora fracassado, plantou sementes de liberdade e inspiração para futuras lutas pela independência no Brasil.

O hotel-fazenda possui 13 apartamentos e oferece pensão completa – Foto: Juliana Lopes / Divulgação

Não há nenhum registro histórico da face de Tiradentes, apenas representações ilustrativas, sem compromisso com a realidade. Esse foi o último desafio do mineiro Vinicios Leôncio, que buscou na psicografia elementos para revelar o rosto do alferes Joaquim José da Silva Xavier com fidelidade. Vinicios é advogado tributarista especialista em direito tributário e direito penal tributário. Autor de várias obras, incluindo o “Maior Livro do Mundo”, pesando 7,5 toneladas, que consolida a Legislação Tributária do Brasil. O livro está à mostra no Hotel-fazenda Paciência.

O “Maior Livro do Mundo” foi escrito pelo advogado tributarista Vinicios Leôncio, proprietário do hotel-fazenda – Foto: Juliana Lopes / Divulgação

Vinicios encontrou na psicografia do Espírito de Tomaz Antônio Gonzaga uma descrição clara de Tiradentes. A face de um dos mais reconhecidos nomes da Inconfidência Mineira foi revelada a uma médium. Com as informações em mãos, Leôncio convidou Alexandre Dietze, um investigador da Polícia Civil de Minas Gerais, especialista em retrato falado, que desenvolveu uma retratação espiritual de Tiradentes. Após três meses de trabalho, a face foi formatada com base na psicografia. 

Segundo o advogado, a face de Tiradentes tem sido desvirtuada nas várias pinturas disponíveis. Fascinado pela Inconfidência Mineira e, mais precisamente, por Tiradentes, Vinicios destaca que este não era um “bobo da corte”. Ele cita um feito importante de Joaquim Xavier: mandar um emissário a Paris para encontrar-se com Thomas Jefferson, embaixador norte-americano na França, pleiteando apoio ao movimento da Inconfidência e recebendo dele uma cópia da Declaração de Independência dos EUA, demonstrando a relevância de Tiradentes. Vinicios teve acesso à única cópia da Declaração de Independência dos EUA existente em Minas Gerais.

A praça principal de Santana dos Montes e a matriz de Sant’ana, erguida em 1749 – Foto: Paulo Campos

A Fazenda Paciência, situada na cidade de Santana dos Montes, a 130 km de Belo Horizonte, é uma propriedade com um grande apelo histórico. A região, rica em fazendas centenárias, preserva nos imóveis as características coloniais do século XVIII. Construída em 1742 por cerca de 80 escravos do Barão de Queluz, é laureada pelo pico da Paciência, com altitude de 1.120 metros. Adquirida e restaurada por Vinicios há 23 anos, a propriedade, com 200 hectares e 3.000 de área construída, oferece uma experiência cultural rica e preserva a originalidade da arquitetura bandeirante.
 
Santana dos Montes, com menos de 4.000 habitantes, foi emancipada de Conselheiro Lafaiete em 1962. Povoada desde o século XVIII, a cidade guarda traços da história escravagista, indígena e política de Minas Gerais e do Brasil. A Fazenda Paciência é um exemplo desse resgate histórico. Ela fazia parte da Rota do Ouro, mas não explorava ouro como as cidades vizinhas. Em vez disso, investiu na agropecuária, produzindo arroz, café, cana de açúcar, feijão e milho para abastecer cidades como Mariana, Ouro Preto e Itabirito. A casa-sede, totalmente original e estruturada em braúna, foi restaurada com cuidado para manter suas características centenárias.

Na antiga senzala está o Museu de Ofícios Rurais, com vários instrumentos e utensílios utilizados na época da escravatura – Foto: Juliana Lopes / Divulgação

Vinícios conta que comprou a fazenda em 2001, e desde então vem se dedicando a sua restauração. “Meu objetivo é proporcionar um lazer cultural, resgatando toda a história escravagista, indígena, e política não só de Minas Gerais mas do Brasil”, conta. Para isso, ele reconstruiu por exemplo a senzala onde viviam os escravos, com utensílios de tortura usados na época, trouxe da Bahia, uma canoa de madeira da tribo Pataxó, criou um mini-museu com peças muito antigas que remontam a história da época, como uma máquina de lavar da década de 30, feita em madeira. Durante todos esses anos, ele foi pesquisando, adquirindo itens para que pudesse abrir a fazenda com toda essa riqueza histórica.

A área de lazer do hotel-fazenda tem gazebos para descanso e piscinas de água natural – Foto Juliana Lopes / Divulgação

A Fazenda Paciência possui histórias, cultura e curiosidades, como uma cachaçaria decorada com 4.000 discos de vinil e a Pedra do Amor, uma atração local onde, segundo lendas, quem se senta ali arruma um amor. Há, ainda um túnel que possivelmente escondeu os inconfidentes. Vinicios Leôncio, além de preservar a história, é cauteloso com o meio ambiente, utilizando medidas sanitárias e sustentáveis na restauração.Além da parte histórica, o visitante poderá desfrutar de piscinas de água natural, aquecidas, sauna, tirolesa, pista de boliche profissional, pesca, salão de jogos, casa de chá, cachaçaria, arvorismo e touro mecânico e espaço de meditação. A Fazenda Paciência é um exemplo de como a história e a modernidade podem coexistir em harmonia, e está aberta ao público com reservas pelo site oficial ou Instagram.

Em homenagem à cultura afro-brasileira, os pratos são preparados no fogão à lenha, tem origem africana e nomes de personagens da época – Foto: Juliana Lopes / Divulgação

Em homenagem a cultura afro-brasileira, os pratos são de origem africana. “Moçambique foi o país que mais exportou escravizados para o Brasil e pensando nesse resgate, já que estamos falando de uma fazenda que foi dessa época, queria que os pratos remetessem a essa história”, conta Vinícios. Os pratos têm nomes de personagens da época. A Princesa Aqualtune, avó do Zumbi dos Palmares, tem um prato com seu nome, que leva quiabo, cebola, alho, gengibre, camarão em pó, castanha de caju, dendê e limão.

Serviço:  
Hotel-fazenda Paciência  
Paciência, s/nº, zona rural de Santana dos Montes
Informações: acesse o site Hotel-Fazenda Paciência  
Diárias: a partir de R$ 910 o casal com pensão completa (café da manhã, almoço e jantar)
Reservas: (31) 3726-1247 | (31) 98451-3055 ou recepcao@hotelfazendapaciencia.com.br 
Redes Sociais: Instagram / @hotelfazendapaciencia

FONTE O TEMPO

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