Eram greves de funcionários, atrasos em salários, onibus quebrados e um péssimo serviço prestado ao usuário. A crise veio se arrastando, sem uma medida corojasa do poder público para enfrentar o caos. Parecia uma marolinha mas virou um tusiname.
O município, com 130 mil habitantes e a 90 km de Belo Horizonte, ficou sem o serviço de transporte de passageiros em janeiro de 2021. Isso porque a Prefeitura rompeu o contrato da concessão com a Viação Presidente, que entrou colapso operacional.
Era uma pandemia dentro da outra, na saúde e no transporte público. Vans socorreram a cidade em substituição aos ônibus e povo penava mais uma vez. A empresa, a exemplo daquilo que ocorre por todo o país, desde abril de 2020, a Viação Presidente alegava estado de crise financeira. Enfrentava, portanto, seguidas greves dos funcionários, por causa dos salários atrasados. Quando prefeitura rompeu o contrato, a empresa não operava nem 10% da frota.
Os donos alegaram perda na demanda de passageiros e, por conseguinte, queda nas receitas. Mas, tudo isso por causa da recessão da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
A saída encontrada pela Prefeitura foi improvisar o serviço com vans do transporte escolar. “Lafaiete ficou no olho do furação”, refletiu à época o Secretário de Defesa Social, Rolf Ferraz.
Aquela escala, além de definir a frota em circulação, será, respectivamente, observada dentro das “ondas” roxa/vermelha, amarela e verde das ações sanitárias no combate à Covid-19. Desde já, a tarifa cobrada será R$ 3,60.
A Comissão de Licitação habilitou a Viação Umuarama para um contrato emergencial que funcionou entre julho de 2021 a novembro de 2023, quando a nova licitação manteve a mesma empresa. Com um novo contrato assinado em dezembro do ano passado, a Umuarama assumiu o serviço por 15 anos prorrogáveis por igual período.
Nova crise
Quem esperava que a crise passaria quando a Umuarama assumiu o serviço, se enganou. Mesmo com um milionário subsídio, algo em torno de R$420 mil ao mês, insuficiente ainda para que a empresa funcionasse sem prejuízos.
Ontem (25), a direção da Umuarama, já com a corda no pescoço, operando no déficit, deixou público a insatisfação com a prefeitura de Lafaiete. Ela vinha tentando um diálogo mas sem qualquer retormo da administração às suas demandas.
A empresa já vinha cobrando um passivo negativo durante o contrato emergencial de mais de R$ 2,6 milhões. Sem acordo, acionou a Justiça. Na quarta-feira (24), ocorreu uma audiência, mas a prefeitura se esquivou das trativas e imbróglio segue na mão do juiz para a sua decisão. Entre tantas bombas financeiras, mas este abacaxi para o futuro gestor já que vai assumir com mais uma dívida herdada entre tantos precatórios.
Sem transporte
Lafaiete vive a expectativa de que a qualquer hora pode ficar sem transporte público e Umuaruama deixar a cidade. Será o caos total. Operando em prejuizo, a Viação Umuarama protocolou pedido nesta semana junto a prefeitura de Lafaiete (MG) solicitando o ressarcimento para o equilíbrio financeiro no contrato entre as partes. Segundo o Gerente, Josué Ribeiro, a empresa opera em prejuízos desde a assinatura do contrato em dezembro de 2023 cujo valor alcança em torno de R$700 mil. O total da dívida levantada chega a R$3,2 mihões.
A Umuarama propôs a reposição do valor ou o aumento passagem de R$4,10 para R$4,25. A empresa cita má vontade na negociação do contrato e a direção já trabalha na rescisão do contrato, o que pode ocorrer ainda em agosto, caso não haja negociação. “Já estamos tentando negociar de todas as formas para o equilíbrio financeiro e manutenção do serviço, mas até agora não avançamos. Estamos perto do limite contratual para manter o serviço”, analisou Josué.
Novas medidas
Será que a cidade vai viver mais este retrocesso. O filme é antigo e corda vai estourar no lado mais fraco: de novo a conta ficará com o povo.
A reportagem está aberta ao posicionamento da prefeitura.