Além das belas paisagens, meses mais frios oferecem a oportunidade perfeita para aproveitar a gastronomia mineira
Cantadas em verso e prosa, as montanhas mineiras ajudam a compor, na maior parte do Estado, o clima Tropical de Altitude, que nessa época do ano oferece aos moradores e turistas um frio aconchegante. Os meses mais frios oferecem a oportunidade perfeita para aproveitarmos a tradicional gastronomia mineira com seus caldos e comidas mais calóricas, atividades junto à natureza sem suor e, claro, todo o charme da estação. É no inverno que o turismo em Minas mostra uma exuberância peculiar e gera bons negócios.
De olho nessa oportunidade de se mostrar como alternativa ao binômio “sol & mar” que caracteriza o turismo no Brasil, que o governo do Estado criou o programa “Inverno em Minas”, que conta com cinco circuitos que combinam belezas naturais, patrimônio histórico, tranquilidade, aventura e as delícias da cozinha mineira.
- Território dos Vinhos: Três Pontas, Caldas, Andradas e São Gonçalo do Sapucaí;
- Território Sul de Minas: Extrema, Gonçalves e Monte Verde;
- Território Serra da Canastra/Mar de Minas: São João Batista do Glória, São Roque de Minas e Vargem Bonita;
- Território Espinhaço/Diamantes: Diamantina, São Gonçalo do Rio das Pedras, Milho Verde e Serro;
- Território Estrada Real: Santuário do Caraça, Catas Altas, Santana do Montes e Tiradentes.
No Território Sul de Minas, na divisa com o Estado de São Paulo, o turismo de inverno conta com boa infraestrutura e tem nos vizinhos paulistas os principais frequentadores.
Extrema, conhecida por abrigar unidades produtivas e centros de distribuição de importantes indústrias brasileiras e multinacionais, é mais do que um destino de compras e negócios. A natureza exuberante – que propõe da simples contemplação aos esportes radicais -, é um convite para que se conheça a gastronomia do lugar, a produção rural e o artesanato.
“Extrema está a 100 quilômetros da cidade de São Paulo e isso facilita muito a vinda dos paulistas para cá, mas estamos investindo em estrutura e divulgação dos nossos atrativos e recebendo cada vez mais mineiros e pessoas de todo o País. A Serra da Mantiqueira é o nosso grande patrimônio e a partir dela a cidade se desenvolve e valoriza a sua história, cultura e atrativos”, afirma Igor Fernando, chefe de Empreendedorismo, Qualificação, Marketing na Secretaria de Turismo de Extrema.
Ao lado, Gonçalves é, das três cidades, a que mais preserva o jeito simples do interior de Minas, mas isso não faz com que ela ofereça menos estrutura. O município foi listado entre os dez destinos mais acolhedores do Brasil, segundo o Traveller Review Awards, ranking elaborado pelo site de reservas de hotéis e viagens Booking.com.
A cervejaria 3 Orelhas, desde 2017, por exemplo, aposta no “pé na roça”. Junto à fábrica – que recebe visitas agendadas -, o restaurante, com 450 lugares, oferece pratos típicos da culinária mineira harmonizados com as cervejas. A loja da cervejaria oferece uma gama de produtos como camisetas, bonés, garrafas e growlers. A casa já tem um bar em Campinas (SP) e uma fábrica e bar no Mercado de Origem, em Belo Horizonte.
“Hoje produzimos mais de 30 tipos de cervejas, algumas raras no Brasil. Aprendemos muito durante a pandemia. Até 2020 o nosso atendimento era muito informal e hoje a estrutura é totalmente diferente. Entendemos que podemos ter um ambiente descontraído e que ofereça conforto para toda a família”, pontua o sócio-proprietário da Cervejaria 3 Orelhas, Sebastião Balbino.
Uma surpresa em Gonçalves é a Casa dos Cogumelos. A experiência é um passeio com média de duas horas à produção de cogumelos comestíveis na área rural do município. O passeio começa com uma introdução geral ao reino dos fungos, seguida de uma visita guiada à produção de shimeji e shiitake, onde os visitantes colhem os próprios cogumelos. Depois são preparados pratos com cogumelos frescos.
“A Casa dos Cogumelos surgiu verdadeiramente como uma oportunidade de negócio, mas com o passar do tempo tornou-se, também, uma paixão. O tempo todo, os seres humanos interagem com os fungos e ainda temos muito a conhecer sobre esse reino e a utilidade de cada espécie”, pontua Felício Costa, fundador da Casa dos Cogumelos.
Entre os três destinos de turismo de inverno, o mais famoso é Monte Verde, distrito de Camanducaia. A Suíça mineira tem paisagens conhecidas e também reserva experiências bastante raras, como ter uma aula completa na Escola de Falcoaria. A visitação foi uma forma de garantir recursos para um projeto de reabilitação de aves apreendidas pela polícia nas estradas da região.
A atividade é indicada para crianças a partir dos sete anos. Na aula, o visitante leva a ave no braço para um voo. A escola recebe alunos de medicina veterinária para estágio obrigatório de final de curso e extensão acadêmica, e recentemente firmou parceria com empresas de Uberlândia (Triângulo Mineiro), para montar um setor de controle biológico de espécies.
“Tudo é feito privilegiando o bem-estar das aves. O objetivo da Escola é que elas se recuperem e possam voltar à natureza ou espaços apropriados que possam protegê-las. Por isso, aqui não é um espaço de lazer, mas de conscientização e educação ambiental e a experiência respeita os hábitos e necessidades das aves. Em um dia de chuva, por exemplo, elas não vão voar porque isso não acontece na natureza”, ensina Riuvanio Rodrigues, fundador da Escola de Falcoaria.
Circuitos “Inverno em Minas”
•Território dos Vinhos: Três Pontas, Caldas, Andradas e São Gonçalo do Sapucaí;
•Território Sul de Minas: Extrema, Gonçalves e Monte Verde;
•Território Serra da Canastra/Mar de Minas: São João Batista do Glória, São Roque de Minas e Vargem Bonita;
•Território Espinhaço/Diamantes: Diamantina, São Gonçalo do Rio das Pedras, Milho Verde e Serro;
•Território Estrada Real: Santuário do Caraça, Catas Altas, Santana do Montes e Tiradentes.
Turismo de inverno em Minas propõe experiências além da gastronomia
A explosão de sabores, os ingredientes típicos e as técnicas desenvolvidas ao longo dos séculos que formam a gastronomia mineira já são reconhecidas pelo mundo. Além de tudo isso, restaurantes de diferentes estilos têm aproveitado o inverno para se destacar oferecendo experiências originais e agradar moradores e turistas.
No Sul de Minas as experiências são variadas. E nada mais com cara de turismo de inverno do que um bom vinho. Em Bom Sucesso, foi inaugurado no início de julho o wine bar Alma Gerais. Montado sobre uma chalana, o bar flutuante é uma oportunidade de fechar com chave de ouro um dia que começa com a vindima – a colheita da uva -, passa pela produção de vinhos finos na vinícola Alma Gerais e termina ao pôr do sol navegando pela represa do funil e com um jantar harmonizado comandado pelo chef Kaliu Castro. O bar, que consumiu um investimento de R$ 1,5 milhão, comporta 24 pessoas sentadas e outras 36 circulando.
“Imaginamos que poderíamos construir um lugar para viver um estilo de vida diferente. Poder contemplar a natureza, navegando por essa represa tomando um bom vinho e a gastronomia do chef Kaliu é elevar a experiência ao ‘padrão Minas’, valorizando e compartilhando tudo o que temos de melhor”, avalia Antônio Alberto Júnior, sócio da Alma Gerais.
Em Gonçalves, o ex-caminhoneiro e semifinalista do reality Master Chef, em 2023, Danilo Costa recebe, no recém-inaugurado Sabor Sem Freio, turistas do Brasil inteiro interessados na típica gastronomia de montanha, recheada pelas delícias típicas da região como o queijo, trutas, vinhos, azeites e frutas.
“Minha origem é a cozinha-raiz, feita nas casas do interior de Minas. Eu apenas valorizo ingredientes e técnicas com uma releitura moderna. Nós temos produtos de qualidade internacional produzidos na região e as pessoas vêm atrás dessa originalidade”, destaca Costa.
Em Monte Verde, o glamour se espalha de diferentes formas: dos pequenos bistrôs que se esmeram em delícias típicas do inverno como chocolates e croissants, passando pelo ice bar e pelo restaurante giratório Mirante, junto ao Hotel e Spa Mirante da Colyna; até o Saint Michel Hotel & Spa by L’Occitane.
“Somos o único hotel da região com a chancela L’Occitane e isso demonstra o cuidado desde a hospitalidade até a gastronomia. A grande estrela é o fondue, que vem dos alpes franceses e deu muito certo no frio de Monte Verde. Para juntar essa tradição ao paladar brasileiro e a riqueza da Mantiqueira, incluímos guarnições com ingredientes produzidos localmente como queijos e azeites, por exemplo”, explica o chef Eric Cardoso.
FONTE DIÁRIO DO COMÉRCIO