Evento desenvolveu os conceitos ESG, incentivando empresas e expositores a aderirem a práticas voltadas para a sustentabilidade.
Ouro Branco inovou ao ampliar o propósito da 4ª Semana de Desenvolvimento Econômico e da Sustentabilidade (SDE+), ao incluir o conceito da sustentabilidade ao evento, incentivando empresas e expositores a aderirem a práticas voltadas para a preservação do meio ambiente, responsabilidade social e transparência empresarial. A SDE+ foi realizada entre 3 e 6 de setembro, na Praça de Eventos e no Auditório Fernando de Oliveira Silva, na Prefeitura de Ouro Branco. Além de mais de 7 mil visitantes e de 90 expositores, participaram do evento representantes do meio acadêmico, do terceiro setor e autoridades municipais e estaduais, entre estas as do Governo de Minas, representado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SEDE), Codemge, Invest Minas e BDMG.
Os visitantes tiveram acesso a muita capacitação e entretenimento, ao participarem de palestras, cursos, oficinas, feira de negócios, apresentações, shows e outras atrações igualmente gratuitas.
A SDE+ foi realizada e gerida pela ADESIAP MINAS e contou com o apoio da Gerdau, Associação Comercial e Empresarial de Ouro Branco (ACEOB), Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Ouro Branco, DONATO – GESTÃO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, SEBRAE, Fundação Dom Cabral (FDC), FERRO PURO MINERAÇÃO, Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), OuroNet Telecom, Camerite, Rádio ESTRADA 102,5 FM, PLAN Soluções, INVEST MINAS, BDMG, Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge) e Governo de Minas.
De acordo com o diretor-executivo da ADESIAP MINAS, Denis Donato, “Ouro Branco trouxe esse + da sustentabilidade para a Semana de Desenvolvimento Econômico, a fim de as empresas, poder público e o terceiro setor possamos fazer nossas reflexões, adotarmos ou ampliarmos esse víeis da sustentabilidade dentro da organização. A exemplo do Rio Grande do Sul, que foi assolado este ano com as chuvas, Minas já sofreu com problemas de barragens e enchentes, agora com as queimadas, o que nos deixa muito tristes. Mas Ouro Branco nos anima. Não tenho dúvida de que este + será replicado nos demais territórios em 2025, para que esta reflexão seja mais provocada e ampliada em todas as esferas de decisões. Ouro Branco não só nos provocou, mas nos ofereceu uma gama de oportunidades de qualificação, para nos preparar para o que queremos ser no futuro”.
A agência é parceira do poder público, iniciativa privada e terceiro setor de Ouro Branco em diversos projetos como o Mercado Municipal, que irá gerar emprego e renda e atrairá público de Ouro Branco e turistas, a Feira Incubadora, o Ecolecione e a Projeto da Cerâmica Saramenha.
Ações ambientais
Selo Verde – A SDE+ possui a missão de incentivar o desenvolvimento econômico e a adoção de práticas direcionadas à preservação do meio ambiente, responsabilidade social e à transparência empresarial, conforme previsto no conceito ESG (Environmental, Social, and Governance). Participaram do maior evento de fomento à economia local e regional do Alto Paraopeba empresários e empreendedores que receberam certificação ambiental que permite a concessão de um selo provisório – Selo “Empresa Amiga da Natureza”. Este é concedido com base em critérios de conduta adotados para que empresas possam ter maior governança ambiental, social e corporativa. São exemplos as empresas que utilizam material reciclável como matéria prima, adotaram a coleta seletiva ou cobram de seus fornecedores que tomem medidas como estas.
Troca de garrafas por muda – Com objetivo de dar a destinação correta aos resíduos sólidos, a SDE+ recolheu dos participantes do evento 15 mil garrafas pet que foram trocadas por 3 mil vales. Cada um destes dará direito a retirada de uma muda de árvores nativa ou frutífera, a partir do dia 21 de setembro (Dia da Árvore) na Unidade de Pesquisa da Flora Local (Viveiro Urbano Municipal). O horário funcionará todos os dias e estará aberto das 8h às 15h.
Parceiros de projetos ambientais do município, como o Grupo Escoteiro Ouro Branco e ONG’s de proteção a animais, também participaram da SDE+.
Vitrine
A SDE+ é uma vitrine para toda a economia criativa, representada este ano por cervejarias artesanais, o artesanato, a gastronomia local e regional, artistas da cidade, entre outros, que expuseram e comercializaram seus produtos e serviços durante os quatro dias.
A Feira de Negócios reuniu 96 estandes, ocupados por 76 expositores e 25 feirantes da Feira Incubadora e Produtores Locais, além de seis bares e quatro cervejarias artesanais.
Manoel Rodrigues, empresário de Conselheiro Lafaiete, estava entusiasmado com a primeira experiência na SDE. “Achei muito legal ver o que as outras empresas fazem no evento e aproveitei ideias que nos levará a expandir os horizontes. Já aguardo a definição da data da 1ª SDE Lafaiete para eu participar também”.
As 16 famílias e quatro instituições que participam atualmente da Feira Incubadora apresentaram seus artesanatos, quitandas, doces, entre outros artigos e até ministraram oficina. Durante 90 dias, eles recebem capacitação para aprimorar seu produto, o atendimento ao cliente e o gerenciamento. Depois disso, a maioria se torna fixo na Feira de Produtores Locais. Agora os feirantes estão se organizando para criar uma associação.
Tatiana, da Delícias da Tati, participou pela primeira vez na Feira de Negócios como expositora. “Este ano a experiência foi muito boa, porque pessoas de Ouro Branco e cidades vizinhas conheceram os meus produtos. Com essa divulgação, minha marca está maior do que antes”, comemora.
O Beer Park (uma unidade de desenvolvimento econômico destinada à instalação, comercialização e produção de cerveja artesanal, bebidas e destilados) participou da SDE+ com cinco produtores locais na Praça de Alimentação.
Na praça de alimentação, os seis estandes venderam comidas típicas, macarrão, tropeiro, churrasquinho, pastel de angu e crepe, dentre outras.
Giuliana Morrone, ex-apresentadora de telejornais da Rede Globo, ministrou a palestra “Sustentabilidade e Cenários Econômicos” e provocou toda a região para que invista na diversificação econômica, apresentou soluções, como a produção de tecido a partir da batata, a reutilização de material e usar a inovação em favor do desenvolvimento econômico, sem deixar de lado o aspecto ambiental.
Cerâmica Saramenha
A Cerâmica Saramenha teve destaque durante a SDE+. Esta arte de produção foi trazida de Portugal para o Brasil no início do século 19 e se desenvolveu na região da antiga Vila Rica, que abrangia a atual Ouro Branco. Mestre Leonardo Ricart dos Santos Barros é considerado um dos últimos detentores da técnica de produção da cerâmica, que aprendeu com o Mestre Bitinho (Silvestre Guardiano Salgueiro, 1918-1998). Este último dá nome à Casa do Artesão Mestre Bitinho, considerada a única unidade restante a desenvolver a técnica.
“Eu me sinto privilegiado por contribuir para o resgate desta cerâmica. Tenho o sonho de um dia trabalhar somente com cerâmica e fazer discípulos que perpetuem este trabalho”, diz o mestre Leonardo Ricart.
O diretor de Artesanato da Sede, Thiago Tomaz, informou que o artista ouro-branquense está em processo de reconhecimento oficial como Mestre Artesão, o que agregará mais valor ao produto dele e incentivar outras pessoas a produzirem este e outros tipos de arte.
Analista Técnico e gestor do escritório Sebrae na microrregião Alto Paraopeba e Inconfidentes, em Conselheiro Lafaiete, Aristides Rocha Araújo afirma que “o Mestre Leo preserva a nossa cultura. Atualmente ele possui outras atividades paralelas a da cerâmica, mas quando o colocarmos nas devidas galerias e espaços de arte, poderá viver só desta atividade, o que incentivará o surgimento de novos artistas que produzam arte com identidade e qualidade”.
Durante a palestra “Sustentabilidade e Cenários Econômicos”, a jornalista Giuliana Morrone comentou sobre a Cerâmica Saramenha. “Ouro Branco tem uma joia. Fiquei fascinada quando passei pelo estande onde havia uma ou duas peças e, na mesma hora, bati o olho e eu não queria mais ver nada, porque eu fiquei simplesmente apaixonada com a textura, a leveza das peças e com esse trabalho de vitrificação, que é arte pura. Ao mesmo tempo, me deu uma certa tristeza por essas peças não terem uma visibilidade nacional. Essa joia é única, é um patrimônio, não tem nada semelhante no País e isso precisa ganhar visibilidade, porque é muito lindo”.
Recentemente foi lançado o livro “Cerâmica Saramenha: Escrituras da Louça Vidrada” por Mestre Leonardo Ricart. Outra ação com objetivo de despertar o interesse por esta arte foi a realização de vivências artísticas em escolas da cidade. As duas iniciativas contaram com o patrocínio da Gerdau, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, realização e gestão da ADESIAP MINAS e do Governo de Minas Gerais.
Voo livre
Um estande divulgou a prática de voo livre em Ouro Branco, considerado um dos melhores locais para prática do esporte no país. A cidade aguarda a regulamentação da prática esportiva no Parque Estadual da Serra do Ouro Branco, onde ela já acontece e, em breve, será instalada a rampa de voo livre e paramotor. Esta iniciativa pretende promover o ecoturismo e os esportes aéreos na região, aliando a prática esportiva à conservação ambiental e ao desenvolvimento econômico local, posicionando a cidade como um dos principais pontos para prática deste esporte no país.
Rafael Pereira olhava para a Serra do Ouro Branco e imaginava se um dia conseguiria voar em sua cidade. Ele encontrou apoio no município e, desde 2020, após fazer um curso sobre a atividade, é praticante de voo livre. É também o primeiro voador de paramotor de Ouro Branco. “Atualmente existem 15 voadores na cidade e pretendemos regulamentar esta prática, que é segura, se feita com responsabilidade e o acompanhamento de um profissional no início da experiência. Em breve, poderemos fazer voos duplos, que é a melhor forma de a pessoa tomar contato com o voo livre de início, ela vai se apaixonar. Na sequência, ela poderá tomar aulas”, explica.
Ainda segundo Rafael, o paramotor possui uma autonomia maior de voo, permitindo decolagem e pouso quando o praticante quiser, sem depender das condições do vento. “Semanas atrás, fui a Belo Horizonte, pousei e voltei com ele”, conta.
Satélite UaiSat – Ouro Branco na vanguarda da tecnologia
A SDE+ apresentou ao público o UaiSat MG 01, primeiro satélite 100% desenvolvido em Minas e o primeiro por uma Universidade brasileira. A ideia surgiu em 2020, durante uma competição nacional de criação de satélite. Toda a missão foi desenvolvida por alunos da Universidade Federal de São João Del Rei – Campus Alto Paraopeba no laboratório LISE (Laboratório Integrado de Sistemas Espaciais) sob supervisão dos professores. Com custo de R$ 16 mil, foram criadas duas unidades, utilizando-se equipamentos comuns, para facilitar a montagem.
O lançamento está programado para outubro, em um foguete normal, na Índia. João Polito, aluno do último período de Engenharia de Telecomunicações, afirma que “toda a infraestrutura de coleta de dados no espaço, quanto a responsável por recebê-los na Terra e operar o satélite está pronta. A frequência a ser utilizada será uma banda comercial de uma empresa privada”.
A grande expectativa dos alunos é pela primeira passagem do satélite por Minas. O equipamento fará o monitoramento de descargas atmosféricas e de coleta de dados da agricultura local, entre outros, por aproximadamente dois anos.
A construção do satélite ocorreu com apoio do Governo de Minas, por meio da Codemge, e do município de Ouro Branco, por se tratar de uma tecnologia desenvolvida no estado e na cidade.
Observatório Astronômico de Ouro Branco – Pesquisa, conhecimento e turismo científico.
Este espaço ofereceu ao público palestras sobre temas em astronomia, além de projetos interessantes da UFSJ como é o caso do Observatório Astronômico de Ouro Branco. Por meio dele, será possível visualizar o céu noturno e fazer observações para pesquisas científicas no alto da Serra de Ouro Branco.
A iniciativa está sendo desenvolvida em parceria com docentes do Campus Alto Paraopeba da UFSJ, o Laboratório Nacional de Astrofísica, UFOP, IFMG de Ouro Branco, IFMG de Congonhas, IFMG de Conselheiro Lafaiete e IFMG de Ouro Preto, que já desenvolvem atividades em astronomia.
Atrações do IFMG
O Planetário Móvel, que é uma iniciativa da Pró-Reitoria de Extensão do IFMG e faz parte do Programa Institucional de Astronomia, teve lotação completa em todas as sessões. Participam 25 pessoas por vez, para evitar que a estrutura inflável perdesse ar. Haroldo Brito, diretor geral do IFMG Campus Ouro Branco, explica que “o objetivo da atração é promover a divulgação científica e astronômica para os estudantes, professores e a comunidade externa. Por meio do Planetário Móvel, é possível observar de forma simulada os movimentos celestes planetários, além da Lua e das estrelas em imagens em 3D e expandir o conhecimento sobre astronomia”.
A Carreta LIC, cheia de equipamento de inovação, ofereceu oficinas de drone e impressão 3D, com a participação de cinco pessoas por oficina.
Nos dois estandes do IFMG, houve venda de grande variedade de livros de alunos da instituição de ensino; a presença da empresa Júnior do IFMG com sua proposta de consultoria e firmando parcerias com empreendedores da cidade; e do Ouro Hub, o centro de inovação do IFMG.
Investimentos
Criada prioritariamente para atender o micro e pequeno empresário e a toda população de Ouro Branco, a SDE+ envolve, no entanto, todas as cadeias produtivas existentes no município e região, como a indústria, comércio, serviços, agropecuária, culinária, artesanato e turismo. Isto porque o evento promove novos negócios, relacionamentos e parcerias. Os expositores da SDE+, pequenos, grandes ou médios, contribuem para o desenvolvimento regional.
As grandes empresas geradoras de emprego no Alto Paraopeba também marcaram presença na SDE+. O diretor executivo de investimentos da CSN Mineração, Otto Levy Reis, anunciou durante sua palestra, no dia 5 de setembro, investimento que a companhia fará na região da ordem de R$ 15 bilhões nos próximos três anos. Segundo o dirigente, o recurso será aplicado na construção de uma usina de produção de minério verde, ecologicamente correto, que permitirá a produção de aço, sem a utilização de carbono.
Segundo a CSN, o empreendimento foi concebido com base na filosofia de produzir desenvolvimento com sustentabilidade para, assim, desenvolver-se sempre. “Para a construção da planta, será utilizado minério pobre que se encontra em pilhas, o que irá reduzi-las e, consequentemente, a geração de poeira. Após entrar em operação, a usina produzirá um minério de ferro de alto teor, até superior ao de Carajás [no Pará] sem a utilização de carbono. Além disso, o empreendimento não utilizará barragens”, assegura o dirigente.
A CSN Mineração informa que serão gerados quatro mil empregos durante a obra e 1.500 empregos definitivos após a sua conclusão. “O empreendimento irá gerar 70% a mais em arrecadação, o que representa mais recursos para a saúde, a educação e a segurança. Iremos realizar mais compras no comércio regional, o que gera mais oportunidades de negócios e o desenvolvimento regional”, completa o diretor executivo de investimentos da CSN Mineração.
Enduro da Independência
A exemplo da indústria gastronômica e da cultural, a esportiva também voa alto em Ouro Preto, impulsionada, não só pelo voo livre, como pelo motociclismo. A SDE+ foi o ponto de largada do 42º Enduro da Independência. Mais de 2 mil visitantes passaram pela cidade só para ver este espetáculo, que teve provas e evento paralelo de terça a quinta-feira. No primeiro dia, ocorreu um evento promocional com participação de mais de 500 motos circulando pela cidade. Na quarta-feira, uma prova local, entre Ouro Branco e Santa Rita de Ouro Preto. Hotéis, restaurantes e lojas ficaram lotados, a exemplo da Praça de Eventos, que sediou a SDE+.
Após partir de Ouro Branco, o Enduro da Independência passou por Lavras e chegou a Baependi no dia 7 de setembro (Dia da Independência do Brasil), com bandeirada para os vencedores Bruno Crivilin na categoria ELITE, Bárbara Neves e Brankim Valadares em suas respectivas categorias, completando a tríplice coroa, pela Honda Racing.
