BRICS? Que nada! Grande jornal aponta que a principal ameaça ao Dólar americano não é o bloco
A hegemonia do dólar como moeda de reserva global tem sido alvo de questionamentos ao longo das últimas décadas. Enquanto o bloco BRICS (formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, agora expandido com novos membros) é frequentemente apontado como um dos principais rivais do dólar, um recente relatório da Bloomberg sugere que o maior perigo para a moeda não está em alianças externas, mas dentro dos próprios Estados Unidos.
A estratégia do BRICS e a ‘desdolarização‘
A agenda do BRICS pretende criar alternativas à dependência do dólar nos comércios internacionais. Recentemente, membros do grupo declararam interesse em conduzir transações utilizando suas próprias moedas nacionais, reduzindo a influência do dólar em suas economias.
Um exemplo é a China, que busca consolidar o yuan como moeda internacional. O país promove acordos bilaterais e incentiva a adoção do yuan no comércio global.
No entanto, apesar desses movimentos, a influência do dólar permanece dominante. Atualmente, cerca de 58% das reservas cambiais globais estão denominadas em dólares, tornando qualquer tentativa de desdolarização um desafio monumental.
Além disso, a complexidade do comércio internacional é um entrave importante para a substituição do dólar.
Por exemplo, a Índia pode querer importar mais petróleo da Rússia, mas se não houver uma contrapartida de bens indianos para exportar ao mercado russo, a troca em rúpias ou rublos se torna inviável. Isso cria um ciclo de acumulação de moedas nacionais sem utilidade prática.
Sanções e o papel dos EUA no processo de desdolarização
As sanções impostas pelos EUA a diversos países também impulsionam a busca por alternativas ao dólar. Nações como Rússia, Irã e Belarus, frequentemente alvo de sanções unilaterais, procuram formas de realizar transações fora do sistema financeiro dominado pelos americanos.
A necessidade desses países de criar mecanismos independentes se intensifica à medida que os bloqueios financeiros dificultam as relações comerciais.
Nesse cenário, mesmo países aliados aos Estados Unidos começam a considerar a diversificação. Instituições como o Banco de Compensações Internacionais (BIS), controlado por bancos centrais ocidentais, exploraram projetos para transferência de valores sem o uso do dólar, embora muitos tenham sido interrompidos devido a pressões políticas.
O verdadeiro perigo: os próprios Estados Unidos?
De acordo com a Bloomberg, não é o BRICS que representa a maior ameaça ao dólar, mas as próprias políticas americanas. O relatório destaca que o poder do dólar está ligado à confiabilidade dos Estados Unidos, e não às ameaças ou à força bruta.
A economia americana detém um privilégio exorbitante ao controlar as reservas cambiais globais, mas esse privilégio depende da confiança na estabilidade política e financeira do país. No entanto, exageros nas políticas externas e internas ameaçam corroer essa confiança.
Entre os fatores mencionados estão:
- Sanções: Medidas aplicadas de forma unilateral contra diversos países, que alimentam a busca por alternativas ao sistema dolarizado.
- Tarifas comerciais: Decisões protecionistas, como o aumento de tarifas, que podem desestabilizar o comércio global.
- Conflitos geopolíticos: Atitudes confrontadoras que minam a imagem dos EUA como um parceiro confiável.
O documento aponta que políticas impensadas, como as ameaças feitas por Donald Trump para impedir o avanço do BRICS, são contraproducentes.
Em vez de fortalecer o dólar, essas atitudes apenas incentivam outras nações a criar caminhos para escapar da influência dos EUA.
Exemplo prático: o impacto das sanções na Índia
Um exemplo claro do impacto das sanções americanas é o caso da Índia. O país foi forçado a interromper importações de petróleo da Venezuela e, posteriormente, do Irã, devido a restrições impostas pelos EUA.
Com isso, a Índia teve que buscar alternativas para suprir suas necessidades energéticas, enfrentando dificuldades para gerenciar relações comerciais com outros parceiros como a Rússia. Esse cenário reforça o apelo por um sistema menos dependente do dólar.
A dependência global no dólar ainda prevalece
Embora as iniciativas para desdolarização estejam em andamento, a dominação do dólar segue intacta. O poder da moeda americana não está apenas na sua aceitação universal, mas também na confiança depositada na estabilidade econômica e política dos EUA.
Porém, essa confiança tem limites. Medidas como sanções excessivas, tarifas unilaterais e instabilidade política interna são sinais de alerta.
Se os EUA não equilibrarem suas políticas e reforçarem sua credibilidade, o impacto no dólar pode ser irreversível. Essa fragilidade interna é, segundo especialistas, o maior risco à primazia da moeda.
Portanto, a maior ameaça ao dólar americano não está em alianças como o BRICS, mas nas próprias decisões tomadas pelos Estados Unidos.
FONTE CLICK PETROLEO E GAS