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DOR E TRISTEZA: mirante onde ciclista despencou é de responsabilidade da Vale

O mirante da “Casa de Vidro”, no Morro do Chapéu, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, onde uma queda causou a morte de um ciclista de 47 anos, após o guarda-corpo ceder no último sábado (4 de janeiro), está localizado dentro de uma área que pertence à mineradora Vale. A informação foi confirmada a O TEMPO por uma amiga de Paulo Cesar Aguiar de Oliveira, que foi enterrado sob grande comoção em Sabará, na Grande BH, na tarde desta sexta-feira (10). 

A decoradora Fernanda Missionschnick, de 50 anos, que era colega de Paulo em um dos diversos grupos de pedal que ele integrava, conta que o local está dentro de área da Vale. “Para entrar lá, só consegue a pé ou de bicicleta, pois tem uma passagem só para uma pessoa, enquanto o portão para carros fica fechado. A esposa dele já disse que, depois que passar isso tudo, ela vai tomar providências, pois o guarda-corpo do mirante estava construído de forma totalmente errada”, explica. 

A mulher conta que a estrutura de contenção à margem do precipício foi construída usando pregos, ao invés de parafusos, o que traria uma segurança maior. “Além disso, a madeira tinha que estar presa na parte da frente do poste, mas só pregaram na parte de trás, o que colaborou para o acidente acontecer”, completa a mulher. Uma imagem feita no local após o ocorrido mostra o erro na construção do guarda-corpo. 

Ainda segundo a amiga de Paulo, um grupo de ciclistas foi até o local após o acidente, quando o ciclista ainda estava internado, e que a mineradora sequer isolou a área. “O pessoal do condomínio falou que a Vale estava lá e tinha isolado para não correr risco, mas, quando a gente chegou lá, estava do mesmo jeito. Não tinha nem uma fita para avisar as pessoas. Ali é um lugar que vai muita criança, gente passeando com cachorro. É um local movimentado e pode acontecer de novo”, denuncia Fernanda. 

Procurada pela reportagem de O TEMPO, a Vale informou, por nota, que lamenta profundamente o ocorrido e que se solidariza com familiares e amigos. “A empresa esclarece que não há registro do acesso pelas portarias da Vale e que se trata de uma área operacional, com acesso permitido apenas a profissionais autorizados”, conclui o texto. 

O acidente

O ciclista Paulo Cesar Aguiar de Oliveira, de 47 anos, morreu na última quarta-feira (8 de janeiro), após quatro dias internado no Hospital João XXIII, depois de cair de uma altura de cerca de 7 metros no último dia 4 de janeiro. O acidente aconteceu após o guarda-corpo do ponto turístico ceder enquanto o grupo de ciclistas tirava uma foto, durante uma trilha. 

“Ele era muito experiente, até participava de campeonatos de mountain bike. O Paulo era uma pessoa extremamente extrovertida, um dos mais animados no grupo. Eu brincava que ele era um anjo da guarda, pois estava sempre por último, não deixava ninguém ficar para trás, mostrava o melhor lugar pra poder passar, para a gente não cair. O Paulo era extremamente prestativo, cuidadoso, por isso as pessoas ficaram muito comovidas com o que aconteceu. Era uma pessoa muito alegre, alegrava todos os pedais”, disse, emocionada, Fernanda Missionschnick, amiga de pedal da vítima. 

Ela conta que, no dia do acidente, o grupo tinha combinado de fazer uma trilha em Sabará, porém, o passeio acabou cancelado por conta da chuva. “Mas o tempo firmou e eles resolveram ir no Retiro das Pedras. Lá, eles pararam no mirante da Casa de Vidro, de onde você consegue ver Nova Lima, a mineradora, é um ponto que as pessoas da bike vão muito. Pararam para tomar uma água, comer algo e tiraram uma foto menos de um minuto antes do guarda-corpo ceder e ele cair”, detalha. 

Um outro ciclista, que aparece de roxo ao lado de Paulo na foto, também teria caído na hora do acidente, mas conseguiu se segurar no poste e foi resgatado pelos amigos. “Ele caiu de costas, direto, e bateu a cabeça no chão. Na hora o pessoal já jogou nos grupos e rapidamente ele recebeu os primeiros atendimentos do Samu. Após estabilizarem, ele foi de helicóptero para o João XXIII, onde ficou até quarta-feira (8), quando a morte cerebral foi confirmada. A esposa dele autorizou a doação de órgãos e, por isso, o enterro está acontecendo hoje (sexta)”, completa Fernanda. 

O enterro aconteceu às 13h, no cemitério Terra Santa, em Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte. Paulo, que completaria 48 anos no próximo dia 26 de janeiro, deixa dois filhos gêmeos, de 11 anos, e uma esposa. 

Ciclistas fizeram homenagem

Bastante querido no meio dos ciclistas, Paulo recebeu uma homenagem dos colegas de pedal durante o velório. Cerca de 15 grupos de ciclistas seguiram para o velório de bicicleta e, aqueles que não conseguiram ir pedalando, compareceram na homenagem com um capacete. Eles partiram de uma praça de Sabará em direção ao local da despedida. 

Além disso, no sábado (11), outros 20 grupos de ciclistas farão uma trilha em Sabará que era a favorita de Paulo, conhecida como “Pedra Rachada”. Eles sairão às 8h da praça de Sabará.

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