Como tênis nacionais se tornaram ícones de uma geração
Na década de 1980, o cenário esportivo brasileiro era dominado por marcas nacionais de tênis que se tornaram ícones culturais. Entre elas, destacavam-se Kichute, Bamba, Rainha e Montreal, cada uma com características únicas que conquistaram o público.
Essas marcas não apenas calçavam os pés dos brasileiros, mas também representavam um estilo de vida e uma identidade coletiva.
Com o passar dos anos, mudanças no mercado e a chegada de concorrentes internacionais afetaram a popularidade dessas marcas.
No entanto, a nostalgia e o valor afetivo associados a esses calçados têm motivado iniciativas para revivê-los, adaptando-os aos tempos modernos.









Kichute: o símbolo da infância brasileira
Lançado em 1970 pela Alpargatas, o Kichute rapidamente se tornou um sucesso entre os jovens brasileiros, especialmente após o tricampeonato da seleção brasileira de futebol.
Seu design robusto, com solado de borracha e cadarços longos, era ideal tanto para o uso escolar quanto para partidas de futebol improvisadas.
No auge, o Kichute vendia mais de nove milhões de pares por ano, consolidando-se como um dos calçados mais populares do país.
Com o tempo, a marca enfrentou desafios devido à entrada de calçados esportivos importados e às mudanças nas preferências dos consumidores. No início dos anos 2000, o Kichute já não era tão presente no mercado.
Em 2022, o Grupo Alexandria anunciou planos para relançar o Kichute como uma marca digital, mas até o momento, os produtos ainda não foram disponibilizados para venda.
Bamba: o tênis versátil que marcou época
O Bamba, também da Alpargatas, foi lançado pouco depois do Conga e inspirou-se no design dos All Star americanos.
Feito de lona e solado de borracha, o Bamba era conhecido por sua versatilidade e variedade de cores, sendo usado tanto por meninos quanto por meninas.
Sua popularidade perdurou até o início dos anos 1990, quando foi descontinuado devido à crescente concorrência de calçados importados e à produção local de modelos similares.
Nos anos 2000, o Bamba retornou ao mercado com novas cores e formatos, aproveitando a tendência retrô.
Em 2022, a mesma empresa que anunciou o retorno do Kichute informou que faria um retrofit do Bamba, mas até agora, os produtos ainda não foram lançados.
Rainha: pioneirismo e inovação no esporte
Criada em 1934 pela Saad&Cia, a marca Rainha foi adquirida pela Alpargatas em 1978, momento em que passou a focar na produção de calçados esportivos em grande escala.
Utilizando a tecnologia de autoclave, a Rainha inovou na manufatura de tênis, tornando-se a primeira marca esportiva a fechar contrato de patrocínio com uma equipe, a Pirelli.
Essa parceria contribuiu para a profissionalização do vôlei no Brasil e consolidou a Rainha como símbolo esportivo da década de 1980.
Em 2015, a marca foi adquirida pela BR Sports, do Grupo Sforza, liderado pelo empresário Carlos Wizard Martins.
Atualmente, a Rainha mantém operações online e lojas físicas em São Paulo e Minas Gerais, firmando-se no mercado de calçados esportivos.
Montreal: a marca que brilhou na televisão
A Montreal ganhou destaque nos anos 1980, principalmente devido à sua presença no programa “Domingo no Parque”, apresentado por Silvio Santos.
No programa, crianças participavam de brincadeiras onde podiam ganhar prêmios, incluindo os tênis Montreal, o que aumentava a visibilidade e o desejo pelo produto.
Com o tempo, a marca foi vendida e sua produção passou para Nova Serrana, em Minas Gerais.
No entanto, a Montreal enfrentou dificuldades para se manter relevante no mercado competitivo de calçados esportivos.
Atualmente, as redes sociais da empresa não apresentam atualizações recentes, e o site do grupo está fora do ar, indicando uma possível descontinuação das atividades.
Esses modelos de calçados esportivos, certamente, ficarão na memória dos amantes de esporte.
FONTE: NSC TOTAL