‘Gerais da pedra’ é baseado em tese de doutorado do professor Gabriel Barbosa, da UFT; filme será exibido nesta sexta, no Cine Santa Tereza
Pesquisadores da Universidade lançaram recentemente o livro UFMG pesquisa egressos – volume 2 (Editora Dialética, 2025), com reflexões sobre a trajetória de ex-alunos da Universidade e as contribuições profissionais oferecidas por eles ao longo de suas carreiras. Um exemplo de trabalho nascido na academia que se projetou para fora dela é o documentário Gerais da pedra. Escrito e codirigido por Gabriel Túlio de Oliveira Barbosa, professor da Universidade Federal do Tocantins (UFT) que fez mestrado e doutorado no Programa de Pós-graduação em Geografia do Instituto de Geociências (IGC), o filme baseia-se justamente nos achados de sua tese de doutorado.

A história remonta aos períodos 2011-2013 e 2014-2018, quando, sob orientação de Bernardo Machado Gontijo, professor do IGC, Gabriel Barbosa realizou pesquisas sobre a obra do escritor mineiro Guimarães Rosa. Essas investigações resultariam na dissertação Ser-tão Cerrado de Guimarães Rosa: espaço movimentante e na tese Corpos em baile: giros da literatura, giros do afeto nos Gerais. Defendido em 2018, esse último trabalho estabelece aproximações do espaço geográfico real do sertão mineiro com o espaço ficcional concebido por Guimarães Rosa em suas obras. Publicadas como livro – Giro dos afetos: a literatura rosiana no meio do redemoinho (Editora Letramento, 2019) – um ano depois, essas reflexões evidenciam “como o grande sertão da linguagem transborda para além da obra rosiana, estabelecendo circulações, alianças e conexões surpreendentes com o sertão do mundo”.
Nas pesquisas que fez para a escrita de sua tese, Barbosa esteve em localidades das regiões Norte e Noroeste de Minas, território que abriga as rotas percorridas por Guimarães Rosa na famosa expedição de maio de 1952, “à procura de encontros entre o mito literário e a realidade mediada, inspirada ou confundida com a ficção”, como se informa no material de divulgação do documentário. Nessas viagens, realizadas nos primeiros meses de 2017, em Paredão de Minas, Lassance, Várzea da Palma, Barra do Guaicuí, Montes Claros, Itacambira, Porteirinha, Serra Nova, Serranópolis, Gameleiras, Monte Azul e Espinosa, Gabriel teve a companhia de Diego Zanotti e Paulo Junior, parceiros que se tornariam seus codiretores na direção do documentário Gerais da pedra.

Gerais adentro
O filme transmuda para um registro audiovisual os mesmos achados – sociais, geográficos, humanos – que deram origem à tese. “O documentário reencontra os caminhos de Diadorim, personagem enigmática e central da trama, em três atos, invertidos em relação ao ciclo natural: Morte, no cenário da batalha final, o clímax decisivo da história; Amor, pelos encontros e desencontros com o narrador Riobaldo, e Nascimento, na busca pelas origens da figura misteriosa. No fim, mergulha Gerais adentro”, informa o material de divulgação. A sinopse oficial resume assim a obra: “Gerais da pedra cruza as histórias do povo geraizeiro com o rastro de Diadorim, personagem do sertão mineiro de Guimarães Rosa. O mito literário, a realidade inspiradora e a vida mediada pela reverberação ficcional. Um filme sobre encantamento.”
Para produzir o documentário, os diretores focaram nos habitantes locais e em suas histórias de vida, “reveladas sob os ecos do sertão mineiro criado pelo autor”. Alusivo sobretudo ao romance Grande sertão: veredas, obra máxima de Guimarães Rosa, o filme Gerais da pedra arrematou os prêmios de melhor direção e de melhor fotografia do festival Cine PE 2022, realizado no Recife, e foi reconhecido com menção honrosa na mostra de longas-metragens da 17ª edição do Festival Visões Periféricas, realizada em 2024 no Rio de Janeiro.
Gerais da pedra terá exibição gratuita nesta sexta-feira, 4, às 19h, no Cine Santa Tereza, em Belo Horizonte, seguida de debate com os diretores. Os ingressos para a sessão poderão ser retirados pelo site Sympla ou na bilheteria do cinema – neste caso, 30 minutos antes da sessão. O Cine Santa Tereza está situado na Rua Estrela do Sul, 89, no bairro Santa Tereza. A classificação etária do filme é livre.
(Ewerton Martins Ribeiro)
FONTE: UFMG