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Um drama barroco

Na única capela construída sob a orientação de Antônio Francisco Lisboa em Congonhas, a cena da Santa Ceia ganha vida através de detalhes singulares. Ali, Jesus e os doze apóstolos se reúnem em torno de uma mesa redonda, imersos em um momento que precede a Paixão. A atmosfera é densa, quase palpável, como se o tempo tivesse parado para permitir que as emoções aflorassem.

As mãos dos apóstolos, esculpidas com maestria, tornam-se protagonistas silenciosos desse drama. Em cada gesto, uma história. As expressões faciais, intrincadas e profundas, revelam um leque de sentimentos – desconfiança, medo e indignação.

Quando Cristo, com um olhar penetrante, declara: “Em verdade vos digo, um de vós me há de entregar”, a cena se transforma. A indignação é palpável; os olhares se cruzam, revelando a tensão que permeia o ambiente.

As esculturas são creditadas a Antônio Francisco Lisboa, e as pinturas do Mestre Ataíde emolduraram esse momento de incerteza e premonição. A obra barroca, rica em detalhes, faz com que o espectador se sinta parte daquela ceia, envolto na inquietação que precede o destino traçado. Em cada mão, cada olhar, uma história antiga e universal se desenrola, ecoando as dores e esperanças da humanidade em um tempo que parece não ter fim.

Domingos T Costa

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