Decisão do Governo ajusta projeção do salário mínimo de 2026 após inflação menor, reduzindo o valor previsto de 1.631 para 1.627 reais, mas mantendo ganho real de 7,18 por cento e pressionando o Orçamento com efeitos diretos sobre aposentadorias, pensões do INSS e benefícios sociais vinculados ao piso salarial nacional.
O Governo reduziu a previsão oficial do salário mínimo de 2026, que passa de 1.631 reais para 1.627 reais, após uma atualização das projeções de inflação para este ano. Mesmo com o corte de 4 reais, o piso projetado ainda representa aumento de 7,18 por cento em relação ao valor atual de 1.518 reais, seguindo a política de valorização do salário mínimo com reajuste acima da inflação.
Segundo o Governo, o novo valor ainda é preliminar e só será confirmado em dezembro. O número definitivo será conhecido no dia 10, quando for divulgado o INPC de novembro, índice que serve de base para a correção do piso salarial. A revisão dos parâmetros que alimentam o projeto de Lei Orçamentária Anual de 2026 foi comunicada pela ministra Simone Tebet, do Planejamento e Orçamento, ao presidente da Comissão Mista de Orçamento, senador Efraim Filho.
Revisão após inflação menor
A mudança ocorre porque as projeções mais recentes apontam inflação menor do que a estimada originalmente pelo Governo quando o Orçamento foi enviado ao Congresso em agosto. Naquele momento, o PLOA trabalhava com um salário mínimo de 1.631 reais para 2026.
Agora, com a nova estimativa, o valor foi recalculado para 1.627 reais, preservando o ganho real, mas reduzindo o impacto sobre as despesas obrigatórias.
O Governo afirma que o ajuste faz parte do processo normal de atualização dos parâmetros macroeconômicos que orientam a peça orçamentária.
Quanto menor a inflação projetada, menor a necessidade de correção nominal do piso, o que abre uma pequena folga nas contas públicas, sem eliminar o aumento real prometido durante a retomada da política de valorização do salário mínimo.
Salário mínimo pesa em aposentadorias e benefícios sociais
O salário mínimo funciona como baliza para uma série de despesas obrigatórias do Executivo, começando pelas aposentadorias e pensões pagas pelo INSS. Também serve de referência para o BPC, benefício destinado a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda, e para outras políticas vinculadas ao piso.
Por isso, qualquer decisão do Governo sobre o valor do mínimo tem efeito em cadeia no Orçamento federal. Um piso um pouco mais alto aumenta automaticamente o gasto com benefícios atrelados a ele.
Um valor ligeiramente menor, como o recuo de 4 reais agora projetado para 2026, reduz a pressão sobre essas despesas, ainda que a diferença pareça pequena do ponto de vista individual.
Projeções menores para 2027, 2028 e 2029
A revisão não atinge apenas 2026. Nas projeções atualizadas para os anos seguintes, o Governo também passou a trabalhar com salários mínimos um pouco menores do que os valores que constavam originalmente no PLOA.
Para 2027, a nova previsão é de 1.721 reais, ante 1.725 reais. Em 2028, o piso projetado caiu de 1.823 para 1.819 reais. Já em 2029, a estimativa recuou de 1.908 para 1.903 reais.
Esses ajustes mostram que o Governo tenta calibrar o ritmo de valorização do salário mínimo ao espaço fiscal disponível, mantendo algum ganho real, mas evitando que o crescimento das despesas obrigatórias se descole demais das regras do arcabouço fiscal.
A trajetória mais contida busca conciliar a promessa de recuperação do poder de compra com a necessidade de manter as contas públicas sob controle.
Como funciona a política de valorização do piso
A política de valorização do salário mínimo retomada pelo Governo combina dois componentes. Primeiro, o piso é corrigido pela inflação medida pelo INPC acumulado em 12 meses até novembro do ano anterior.Play Video
Depois, é acrescida a variação do Produto Interno Bruto de dois anos antes, o que, para o salário de 2026, significa olhar para o desempenho da economia em 2024.
No ano passado, a economia cresceu 3,4 por cento, segundo o IBGE. No entanto, o ganho real que será incorporado ao salário mínimo é limitado a 2,5 por cento, porque as regras atuais vinculam essa parcela ao mesmo intervalo de expansão do arcabouço fiscal, que prevê crescimento de despesas entre 0,6 e 2,5 por cento acima da inflação por ano.
Assim, mesmo que o PIB cresça mais, o Governo não pode repassar integralmente esse resultado ao piso, sob pena de pressionar demais o gasto obrigatório.
Objetivo é conter pressão sobre a regra fiscal
A limitação do ganho real foi desenhada justamente para evitar que o aumento acelerado de gastos com aposentadorias, pensões e benefícios assistenciais comprometa o espaço para despesas discricionárias, como custeio da máquina pública e investimentos em infraestrutura, saúde e educação.
Se o piso sobe muito rápido, a fatia das despesas obrigatórias aumenta, e sobra menos margem dentro da regra fiscal para outras políticas.
Ao reduzir a previsão de 2026 de 1.631 para 1.627 reais, o Governo sinaliza que está disposto a ajustar centavo por centavo da trajetória do salário mínimo para manter a nova âncora fiscal de pé, sem abandonar a promessa de ganhos reais.

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