Briga entre gangues teria motivado o crime; após sua morte um ônibus foi depredado na Vila Resende como protesto e revolta populares
O Júri Popular, ocorrido ontem dia 14, no Fórum da Comarca de Conselheiro Lafaiete, absolveu B.B.B. e W.G.S., ambos acusados de estarem envolvidos na morte do servente de pedreiro Celso Pacheco, mais conhecido como Celsinho, ocorrida na noite do dia 18 de maio de 2014. À época a vítima estava com 18 anos.
B.B.B. foi acusado de estar na garupa de uma moto pilotada por W.G.S e seria o autor dos disparos de arma de fogo contra Celso e um outro rapaz que estavam em uma lanchonete na esquina da Rua Vitória, Bairro Vila Rezende.
Os réus estavam qualificados nos autos de homicídio duplamente qualificado e tentativa e, se condenados, as penas ultrapassariam 20 anos. “As provas produzidas nos autos foram extremamente deficitárias. Assim, adentramos ao Tribunal do Júri com a negativa de autoria de ambos os delitos, do homicídio e a tentativa”, disse o advogado criminalista, Sílvio Lopes que participou do júri na condição de defesa de B. B.B. O Conselho de Sentença negou a participação dos dois acusados em nenhum dos dois crimes, ponto fim a uma polêmica que se arrastava há mais de 2 anos. Como não houve comprovação, a Polícia pode abrir novo inquérito.
Entenda o caso
Era por volta das 22:45 horas, do dia 18, quando policiais foram informados de um assassinato ocorrido no bairro Vila Resende. Celsinho estava sentado na calçada fazendo um lanche com um amigo, momento em que uma motocicleta de cor escura com dois ocupantes passou próximo e reduziu a velocidade. A vítima chegou a relatar para o amigo que os ocupantes da motocicleta residiam no bairro Manoel de Paula. Eles retornaram pela segunda vez, tendo o passageiro descido da motocicleta, caminhado em sua direção e de seu amigo, efetuando disparos. Um dos disparos atingiu o peito da vítima. No bairro Manoel de Paula, os policiais fizeram contato com um dos suspeitos, menor de idade, que não se encontrava na residência. Após alguns instantes, os policiais avistaram um veículo de cor prata, que parou em frente à residência do suspeito. O adolescente saiu do veículo e entrou em sua casa. Novamente os policias fizeram contato na residência do suspeito, o qual informou que chegou em casa a pé, e que estava na casa de sua namorada no bairro Arcádia, local onde ficou o dia inteiro e que saiu de lá por volta de 23:10 horas. A genitora da namorada relatou que ela dormiu por volta de 22:00 horas e não soube informar o horário que o adolescente saiu de sua residência. O adolescente e seu genitor compareceram à delegacia para maiores esclarecimentos. À época o crime seria motivado por briga entre gangues do Manoel de Paula e Vila Resende.
Um dia após o funeral de Celsinho, nossa reportagem esteve na residência de Dona Maria de Lourdes Azevedo, de 50 anos, mãe de Celsinho. Muito abalada, ela preferiu não comentar a morte do filho. “Era um moço muito tranquilo e desconhecemos o que levou esta pessoa a fazer isso”, lamentou.
Celsinho era ajudante de pedreiro e tinha a intenção de se tornar um pedreiro profissional. Era o filho caçula de uma família de 3 irmãos. Segundo a família, Celsinho vinha sofrendo ameaças de uma pessoa.
Em outro episódio, um dia após a morte de Celsinho, jovens tentaram atear fogo em um ônibus Empresa “PRESIDENTE” em protesto contra sua morte. Eles adentraram no veículo e derramaram um litro de álcool, contudo não atearam fogo porque um dos envolvidos ordenou que parassem. Em rastreamento pelo bairro Vila Resende, de posse das imagens, os policiais conseguiram identificar e prender um dos autores, próximo a um supermercado.
Fotos:Arquivo/Divulgação