Pessoalmente nada tenho contra os economistas, já o disse aqui e ali pelo menos um milhão de vezes. Mas também sou obrigado a dizer que o tanto de besteira que eles estão dizendo a respeito da atual conjuntura brasileira está extrapolando os limites do bom senso e da consciência.
De uns tempos para cá, a grande mídia vem insistindo em misturar economia com política e o resultado disso é desastroso. Para ambas as “ciências”, desculpem pelo exagero aqui.
Tentar explicar as tendências econômicas com justificativas do momento político nacional é como utilizar um dicionário com cem anos de idade. Não vai dar certo.
Recentemente estive num evento nacional e um dos palestrantes era um economista (de um grande grupo de mídia) e seu argumento era justamente explicar o momento atual e fazer algumas projeções para o futuro.
O primeiro grande equívoco, a meu ver, é utilizar as eleições de 2018 como referência, ignorando olimpicamente que estamos no ápice de um processo eleitoral que, novamente sob minha ótica, é muito mais importante do que as eleições de 2018. Estamos a eleger aqueles que vão administrar e fiscalizar nossos municípios, que por sua vez, nada mais é que a célula-mater de nossas vidas.
Ora, preocupar-se no momento com o que acontecerá com as eleições presidenciais de 2018 só é do interesse dos grandes mercados e das grandes corporações, que precisam continuar mantendo seus poderes, suas influências, suas isenções de impostos e seus fabulosos lucros, estes destinados a depósitos nos cantões dos Alpes Suíços e nos paraísos fiscais ainda existentes. A todos e a qualquer custo, que se dane o resto.
Temos que consertar um defeito antigo e que já se enraizou em nossos subconscientes que é aquele de só valorizar o que não está no nosso alcance. A política, a gestão pública e consequentemente os nossos destinos começam a se definir lá em casa, na sua casa, na sua rua, no nosso município.
Essa é a proposição fundamental da Democracia e do regime proposto nos idos de 1700 pelos senhores que praticamente criaram esse modelo de gestão pública (quase) universalizado hoje. E o que se faz aqui em Pindorama (e é mal e porcamente repetido em suas unidades federativas e mais mal e porcamente executado nas suas cinco mil e tantas unidades executivas) é um belo arremedo do que é uma gestão participativa de fato.
Atenção! Quando digo “belo arremedo” estou dizendo justamente o contrário. Talvez melhor seria dizer: “uma bela porcaria! ” Quero dizer que com “arremedo” é que tudo não se passa de uma grosseira e ineficiente imitação de modelos de gestão pública sem nenhuma preocupação em adaptar para o uso “doméstico”.
Àqueles que se interessem, ou que tenham tempo, recomendo a leitura de um texto do jornalista Luiz Nassif, com o título de Xadrez da teoria do choque e do capitalismo de desastre publicado aqui: http://jornalggn.com.br/noticia/xadrez-da-teoria-do-choque-e-do-capitalismo-de-desastre.
Tá danado!
Nada a ver com o assunto acima, mas a título de meditação da semana, replico aqui uma das mais interessantes frases do intelectual e professor Darci Ribeiro, mineiro de Montes Claros: “Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”.