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Garimpando – Uma rua encantada e seu passado – 1

Caminho Novo

Roteiro de reis e povo

de heróis, de almas gigantes!

 

Um grande amigo me pediu para focalizar a Avenida Santa Matilde. Mas que passado distante, que início e desenrolar do tempo tão importantes nesse logradouro! Hoje se fala tanto na Estrada Real, um dos maiores circuitos turísticos do Brasil!

Vamos voltar aos fins do século XVII, quando essa estrada começou a ser construída pela Coroa portuguesa. Qual era a finalidade de sua construção? Diminuir o trajeto que ligava a região do litoral carioca às regiões produtoras de ouro no interior das Minas Gerais e facilitar o controle da Coroa sobre o transporte do precioso metal ao longo dos caminhos. Era assim o trajeto:

                                                                Estrada Real

 Avelina Maria Noronha de Almeida

[email protected]

 

Caminho Novo

Roteiro de reis e povo

Passos antigos

amarrados, cansados

amigos, inimigos

prepotentes, odiosos, traiçoeiros

Moradores, tropeiros

mineiros

almocreves e infratores

oficiais e fazendeiros

Passos confusos

de brancos nobres, plebeus, doutores

negros, índios, mulatos, mamelucos, cafusos

Tropas carregadas de ouro

Diamantes, pedras faiscantes

das Minas, enfeite e tesouro

ou tropas que voltam carregadas de sal

de especiarias e demais mercadorias

vindas do Reino, de Portugal

Som rascante

das rodas de carro de boi, de carruagens

elegantes

pela nobreza usadas nas viagens

 …Silêncio!!! Ouço sons cavos e doridos…

Quem estará passando?

São pedaços de um homem esquartejado

porque ousou ficar sonhando

com um país libertado

Chegam a meus ouvidos

esses sons sofridos…

Hoje tudo é pó, fumaça

porque tudo passa

Mas continua passando

a mesma estrada em busca do horizonte…

A mata é desejo de floresta

e de verdura uma festa

cobrindo monte

esverdeando paisagens a perder de vista

Ruínas que do passado são pista…

Um  pico aponta o céu

envolto pela cortina da neblina

A fonte

entre pedras marulhando

vira pequena cascata

esgarçado véu

O riacho transparente

e o rio afluente

da torrente que vai para o mar

A casinha pendurada

lá na encosta do monte

estalagens, fazendas, moinhos

gameleiras, porteiras

que fecham e abrem caminhos

Igrejinha branca, singela

na colina, tão bela!

Cidades antigas

tranquilas e amigas…

Povoações, perdidos rincões

lugares, gentes tão diferentes!…

O mesmo céu de outrora recorta

a serra, ilumina e colore a terra

num festival de luzes ao amanhecer

 num festival de cores ao entardecer

tons rubros, dourados, marchetados

esfuziantes, rosados

(um sonho de se ver!)

e recorta o voo das aves

com seus volteios suaves

Segue a estrada

redescoberta, aberta

para uma infinidade de trilhas

maravilhas

de um roteiro

que descansa na reta

resfolega nas subidas

e despenca pelas descidas

Hoje na estrada vão passando

modernos bandeirantes

resgatando, caminhando

nas mesmas trilhas de antes…

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